Ética e Liderança Cristã: março 2013

terça-feira, 19 de março de 2013

Se você ordena presbíteros desqualificados…


por Paul Levy

Paul Levy
Paul Levy
1. A igreja é enfraquecida, pois os líderes não são exemplos de piedade. As congregações deveriam ser capazes de olhar para seus líderes e aspirar ser como eles em suas vidas e em seus ensinos.
2. Você coloca o futuro da igreja em perigo. Ministros vem e vão. A maioria dos presbíteros vai permanecer por mais tempo que os pastores e serão os homens que escolherão os próximos.
3. Você coloca seu pastor em uma posição vulnerável. Pode ser que os presbíteros sejam homens fracos que permitem que ele faça tudo que quiser. Todas as decisões são de acordo com a vontade dele e as pessoas começam a temer enfrentá-lo. Por outro lado, há incontáveis exemplos de presbíteros que fazem da vida dos pastores um tormento, ao puxarem o freio de mão a cada oportunidade que aparece e serem extremamente difíceis de lidar.
4. Líderes com teologia fraca não serão capazes de detectar erros. Muito provavelmente será uma questão de ênfase, e o ensino começa a ficar desbalanceado. Presbíteros com um bom conhecimento das Escrituras e das Confissões serão capazes de nos corrigir, ou pelo menos nos alertar quando começarmos a desequilibrar.
5. Seus presbíteros não serão pastores do rebanho. Serão apenas uma mesa diretora que toma decisões executivas sem, de fato, cuidar das pessoas e lidarem com suas necessidades. O pragmatismo mata igrejas a longo prazo.
6. Quando se trata de grandes decisões e ataques à verdade, a única esperança é que eles tomem as decisões corretas baseados nas lealdades pessoais. Eles certamente não terão as bases teológicas corretas para tomarem as decisões certas.
7. A disciplina eclesiástica será praticamente inexistente, pois eles nunca enxergarão os problemas.
Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo.com | Original aqui

quarta-feira, 6 de março de 2013

A síndrome de Elias


De todos os grandes homens da Bíblia Sagrada, principalmente no Antigo Testamento, à exceção de Moisés, talvez nenhum outro tenha assombrado tanto seus contemporâneos como Elias. Sempre torci o nariz para Tiago que diz que Elias foi um homem como nós. Como assim como nós? Elias não morreu, ora bolas, e eu a que tudo indica irei para o buraco chamado túmulo como todos. Deus nunca respondeu minhas orações com fogo e nunca abriu um rio para eu passar. E por mais atlético que eu possa me tornar jamais ganharei de cavalos escolhidos como ele.
Porém, o que Tiago dizia não era sobre os feitos espetaculares da vida de Elias e como podemos ter os mesmos “poderes” que ele. Isto porque Tiago sabia muito bem que o poder é de Deus e não de Elias ou de qualquer outro homem. Tiago falava, sim, do ser humano Elias.

O ser humano
Analisando a vida do ser humano Elias desde o princípio, aprendemos principalmente que ele não tem muitas referências pessoais, senão vejamos: “Então, Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade...“. Geralmente, os grandes homens e mulheres da Bíblia têm seus nomes acompanhados por uma linhagem, o que chamo aqui de “pedigree”. Este não era o caso de Elias. Ele apareceu de repente no relato, sem nada que o recomendasse diante de Acabe, a não ser: "... Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou...".
Deixe-me fazer um parêntesis: como isto contrasta com os que se dizem homens de Deus hoje em dia, que valorizam os títulos e advogam quanto tempo já estão “na obra” para justificar o seu direito de falar em nome de Deus. Desfilam seu poder em ternos bem cortados e carrões, levantando a voz e impondo as mãos sobre os pobres mortais, dizendo: “receba a unção, meu irmão!”.
Existe uma outra característica na vida de Elias que não seria muito bem recebida hoje. Parecia haver nele uma falta de senso crítico, veja novamente: “Retira-te daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto à torrente de Querite, fronteira ao Jordão”. Logo agora que ele havia colocado o rei ímpio no seu devido lugar, Deus o manda para os “cafundós do Judas”. Querite ficava do outro lado do Jordão, no deserto. Isto, segundo muitos comentaristas bíblicos, não pareceria muito racional. O racional é que ele ficasse ali, espetando o rei. Mas Elias nem sequer discute, ruma para Querite e fica lá. Deus tinha falado e ponto.
Outro parêntesis: Todos nós, cristãos sérios, sabemos muito bem que a Bíblia é a Palavra de Deus, a verdade revelada para o ser humano. Porém, assusta-me muito ver o quanto se tem torcido a Palavra de Deus para benefício próprio, para conveniências pessoais e denominacionais. O quanto se tem desobedecido e discutido o que a Palavra tem como indiscutível. Mesmo quando Deus manda Elias para Sarepta que se localizava em Sidom, Terra de Baal e de Jezabel - sua pior inimiga -, Elias não discute. Ele reconhece claramente o Espírito Santo de Deus falando e obedece. Isto porque Elias estava cheio do Espírito Santo de Deus. Crentes cheios do Espírito são capazes de compreender claramente as Sagradas Escrituras e reconhecer quando ela está sendo manipulada por falsos mestres. Portanto, “... enchei-vos do Espírito...”, continua sendo a melhor recomendação, para que, ao ouvirmos a voz do Santo Espírito, a reconheçamos sem titubear.

A síndrome
Tendo chegado até aqui, cabe-nos analisar agora a tal “síndrome” que ocorre a partir de um dos pontos mais altos da vida de Elias, a saber, o confronto no Carmelo com os profetas de Baal, o desafio de fogo e o retorno da chuva após três longos anos. Após ter se mostrado obediente e paciente, Elias, mais uma vez movimentado pelo Espírito Santo de Deus, marca o encontro fatal (para os profetas de Baal) e anuncia o final da seca. Coloque-se em sua pele, pois é aqui em que mais nos identificamos com ele.
Grandes feitos. Quem não anseia por eles? O mais humilde crente na Terra almeja fazer grandes coisas por seu Senhor, não é assim? Desafiar os poderes da maldade, grandes campanhas evangelísticas... Atualmente, existem até aqueles que declaram que mega-cidades inteiras como São Paulo e Rio de Janeiro “pertencem” ao Senhor Jesus. Compreendo até as boas intenções destes últimos, mas sabemos que não é bem assim. Elias também descobre isto no cume do Carmelo, ele faz uma pergunta simples e...” Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.” Pois é, silêncio. Talvez Elias achasse que pelos menos uma voz dissesse: Amém! Nada... só o vento.
Aqui começa o tropeço de Elias que vai levá-lo a seguinte oração, que aliás, foi única que ele fez que Deus não respondeu: “...Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais.” Elias se sente sozinho, humanamente falando. Só. Este é um dos piores sentimentos que um servo de Deus pode sentir - a terrível sensação de que está malhando ferro frio, dando “murro em ponta de faca”.
De fato, Elias estava só. Após ter feito tudo como Deus sempre mandara, após ter desafiado a maldade, após ter se colocado na presença de Deus incondicionalmente, Elias estava só, não havia um amigo sequer. Quando isto acontece, quando falta um ombro amigo, tornamo-nos circunspectos, quase mórbidos. Como Elias, dizemos: “leva-me, Senhor”, “não entendem os seus caminhos”, “não querem nada contigo”, etc. Passamos a achar que somos os únicos que se importam de verdade com a “causa”. Isto é um peso que ninguém pode carregar sozinho, não é de se admirar que Elias queria a morte.
“Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só...” Anos a fio trabalhando na “causa”, esquecendo-se de relacionamentos sinceros, levam-nos a queixas como a dele. Não é de se admirar que os crentes mais ativos e criativos sejam, muitas vezes, os mais carrancudos e intolerantes. No fundo estão sozinhos, não porque não existam outros lutando na “causa” e sim porque estão isolados. Não são capazes de enxergar os “...sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou”, os quais Deus conservou para levar avante os seus desígnios.
Tal qual aconteceu com Elias, algumas vezes acontece o mesmo comigo e mesmo com você. No ponto mais alto, no calor da obra, somos atacados pela síndrome de Elias, e achamos que não adiantou nada, por mais que lutemos nada mudou. Elias achou isto quando Jezabel ameaçou caçá-lo até a morte. No ponto mais alto é que estamos mais vulneráveis. Basta um leve empurrão, quanto mais o solavanco que deu Jezabel.

Como se evita esta síndrome?
Veja o que receita para o doente Elias o Deus Todo-Poderoso: “Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar”, muito mais do que um substituto, Eliseu foi para Elias o amigo que nunca teve, o amparo, o ombro amigo que sempre necessitou. Esta receita continua valendo para mim e para você, valeu para Paulo também - “Procura vir ter comigo depressa.”, disse ele para Timóteo. Tão importante como o relacionamento vertical (com Deus) é o relacionamento horizontal (com o próximo). Esquecer disto é abrir a porta para o fracasso pessoal, muito embora, à vista de todos, você seja o grande homem ou mulher de Deus.
Fiquemos alertas, sempre haverá os tais sete mil, ou muito mais.

Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site www.institutojetro.com