Fidelidade e Honestidade
''Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua ofer-ta, e vai reconciliar- te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta." Mateus 5.22-28
INTRODUÇÃO
Interessante em quase todos estes tópicos sobre os confron-tos na vida,no caso desta semana, nos aspectos da fidelida-de e honestidade, que o Senhor Jesus evidencia sempre co-mo uma espécie de gradação para o erro, partindo do mais grave para o mais simples, como veremos a partir do primeiro versículo que abordaremos.
O que ele está ensinando aos seus discípulos é a necessidade de corações puros. Os atos maldosos da humanidade não se expressam apenas quando eles se exteriorizam mas; também, quando guardados no coração do homem produzem sentimentos negativos, raiva embutida, ódio recolhido. Podemos não tornar visível o nosso sentimento íntimo, mas ali está ele corroendo o nosso coração, predispondo- nos a atos impensados e violentos contra outrem.
"Eu,porém,vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão,se rá réu de juízo;e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno" Mateus 5.22
Cristo faz ver ao povo que o conceito divino para o"não matar" era muito mais amplo, muito mais pro-fundo. Na dimensão divina, o simples ato de se irar contra o próximo, desejando em pensamento a sua morte, ou ofendendo-o verbalmente, é a mesma coisa que o ato extremo de violência que se exterioriza por meio do crime cometido contra aquela vida.
No julgamento divino, ambas as atitudes são passíveis de punição. O sentimento de cólera ou de ira contra o irmão mesmo que em pensamento;a ofensa mediante a palavra"raca",termo de origem ara-maica que significaria algo como "estúpido"; ou mesmo, por meio da palavra "tolo", embora, em níveis diferentes, tornariam o ofensor, igualmente, passível do julgamento divino.
"Portanto,se estiveres apresentando a tua oferta no altar,e aí te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti" Mateus 5.23
A nossa consciência deve ser um termômetro para a nossa vida cristã.Diante de determinadas situa-ções, ela nos deve alertar para atos ou pensamentos que, adotados pelo homem secular, não podem fazer parte do padrão de vida do crente. Tal qual um sinal de trânsito sinalizando- nos com as cores verde, amarelo e vermelho o fluir do tráfego, assim deve ser a consciência do crente para o seu agir. É hora de parar, de refletir ou de seguir em frente?
Sim,não há como explicar uma atitude predisposta ao bem,se em nosso coração existe algum mal embutido. É para isto que o Senhor Jesus está chamando a atenção. Como oferecer ofertas de boa vontade, sob qualquer pretexto e a qualquer pessoa, quando o nosso coração tem algo negativo dentro çiele contra alguém? É um contra censo, diria o Senhor Jesus. Daí, a lembrança que faz, neste versículo, deixando para o versículo seguinte o conselho que dará.
"Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar• te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta" Mateus 5.24O texto, agora, se completa. Se no item anterior nos vimos apenas diante da primeira ideia do ensino de Cristo, e já retiramos dela proveito, vejamos agora, quando ela se completa, o que mais podemos considerar.
A conclusão dele é muito clara quanto ao que devemos fazer diante da constatação de que guarda-mos em nosso coração algum sentimento negativo com respeito a alguém. Além de ser clara é, tam-bém, impeditiva. Ou seja, não somos dignos de ir ao altar do Senhor, quando o nosso coração amar-ga a dor do ressentimento ou da ira. Aí é que entra a necessidade de uma consciência pura.
Precisamos estar estribados em princípios cristãos de paz e de amor, para termos tal discernimento.
O homem do mundo não chega a este nível.De tal maneira sua consciência está cauterizada pelo pe-cado, que não se move diante de situações como estas.Seu coração é insensível a tais conclusões.
"Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão" Mateus 5.25
Depois da reflexão vem a ação. O servo de Cristo não pode ser uma pessoa apenas contemplativa.
Interiorizando os seus pensamentos, reflete sobre onde agiu bem ou onde falhou, mede as circuns-tâncias, avalia sua reação e conclui confessando com sinceridade, diante do Pai, o seu erro, se for este o caso. Mas não pode parar aí a reação esperada daquele que é uma nova criatura.
O ensino de Cristo é claro no sentido de que,depois da conclusão interior,há de se tomar a iniciativa do acerto, da conciliação, da renovação de propósitos. Por isso, ele aconselha em tom de ordem o que lemos no texto acima. Cabe ao crente a iniciativa da reconciliação, principalmente quando o pro-blema for com outro irmão em Cristo.Aliás,imaginem a alegria dos dois ao constatarem, surpresos, que se encontraram em meio ao caminho da reconciliação, pois ambos,ao mesmo tempo,a iniciaram.
"Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil" Mateus 5.26
Cristo chama a atenção para a consequência advinda do julgamento humano. ~ando tentamos resol-ver as coisas, com os recursos apenas de nossa mente racional e material, sem o devido respaldo moral e espiritual, geralmente, as coisas não nos correm bem. Daí a afirmação de que, no caso de estarmos em falta, iremos pagar o último centavo de nossos recursos financeiros em discussões sem fim e que nos levam à condenação mais tarde.
O que ele está recomendando é que, sempre que possível, como crentes em Cristo, devemos tentar a conciliação pelo diálogo, conversa franca, de forma que não sejamos obrigados, como se diria modernamente, a arcar com a perda do processo e ainda a pagar as custas processuais.
Como discípulos de Jesus, se nos virmos envolvidos em tais situações, devemos ter o cuidado de cumprir os nossos compromissos até o fim, mesmo que a lei nos permita adotar recursos outros. A afirmativa que faz no versículo 25 é para que honremos até o último centavo de nossa dívida.
"Ouvistes que foi dito: Não adulterarás" Mateus 5.27
Cristo vai dar continuidade, agora, ao segundo argumento da parte antagônica de seu sermão. Esta vai ser a segunda vez, das cinco neste sermão, em que suas palavras o colocam em posição de antagonismo àquilo que os escribas e líderes religiosos diziam. Não, com isto, que os condenasse inteiramente mas, sim, porque eles não iam além do que a letra dizia. Como ele mesmo disse abrindo o sermão, ele não veio para destruir a lei, mas para cumpri-Ia. E cumpri-Ia de forma integral, completa, além do que a leitura simples e superficial poderia dizer.
É quando se refere, então, a este mandamento, uma bem rigorosa determinação contrária ao divórcio, procedimento que teve inúmeros acertos na cultura judaica para justificá-Io em sua prática. Em meio ao povo judeu, em que a mulher era tida como objeto, eles vão criar inúmeros recursos que justificassem uma vida sem muito compromisso conjugal. Motivos os mais diversos eram conduzidos insidiosamente de forma a darem ensejo a desenlaces do matrimônio sem muitos prejuízos para o homem, sempre. É contra isto que Cristo se coloca quando enuncia a lei com palavras tão duras como veremos a seguir.
"Eu,porém,vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobi-çar, Já em seu coração cometeu adultério com ela" Mateus 5.28
O objetivo de Jesus é evidenciar para os seus seguidores que, para segui-Io, não seria exigido apenas o simples cumprimento dos "termos da lei", mas que, como crentes, eles precisariam atentar mais ainda para "o espírito da lei".
A pureza de coração é um dos maiores desafios da vida cristã. De tal maneira estamos impregnados pela atmosfera do pecado que circunda o mundo, que somos, muitas vezes, sem que o percebamos, consumidos por ela. Assim, vamos admitindo, em nosso dia-a-dia, comportamentos indevidos no trato, palavras torpes no linguajar, pensamentos maliciosos nos relacionamentos, de tal forma que, quando menos esperamos, estamos com o nosso coração inteiramente conformado ao mal que nos rodeia.
Diante desta realidade,Cristo vai demonstrar que devemos ser cuidadosos na manutenção deste cora-ção puro, quando nos alerta para o fato de que, mesmo a cobiça íntima que,aparentemente, nenhum mal produz, já é pecado em si mesma e é a porta que se abre para que o pecado se consuma amanhã na vida do crente.
CONCLUSÃO
O que Jesus está nos ensinando com tais recomendações é que devemos ser cuidadosos e disciplinados em nosso viver.O mundo de hoje nos aponta muitas tentações, para ambos os sexos, em prol do relacionamento livre e permissivo que a sociedade aceita e acha normal. Aquele que é uma nova criatura não pode viver sob este padrão,pois o simples engendrar de situa-ções favoráveis a desvi-os desta natureza, no crivo de Cristo, já se consti-tui pecado diante de Deus.
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