Ética e Liderança Cristã: Felicidade é contagiosa?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Felicidade é contagiosa?

Gilberto Dimenstein(*)


Um estudo lançado pela Faculdade de Saúde Pública de Harvard, acompanhando 5.000 pessoas por 20 anos, mostrou evidências de que pessoas felizes tendem a transmitir essa sensação entre familiares e amigos, como se fosse um contágio --tristeza também se propaga, mas em menor intensidade.
Esse tipo de informação faz parte de um esforço de Harvard de encarar a felicidade, objeto do besteirol de autoajuda, cientificamente. Daí ter sido criado na escola de medicina a 'ciência da felicidade', usando as novas tecnologias para mapear o cérebro. O que se descobre ali é aplicado em hospitais. Ou até em políticas públicas: professores da universidade estão orientando prefeitos a criar um índice de felicidade.
Ou seja, essas descobertas podem ter implicação em decisões individuais e coletivos. Os estudos mostram por exemplo que, ao contrário do que se imagina a vontade de adquirir coisas e ser feliz gera menos satisfação, na área de recompensas do cérebro, do que uma vida simples, como o convívio com a natureza, com amigos ou a solidariedade.

...
Coloquei no Catraca Livre (www.catracalivre.com.br) vídeo com uma palestra de um professora da ciência da felicidade de Harvard. Com um botão, você aciona a tradução em português.

(*) Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha.

2 comentários:

Alberto Couto Filho disse...

Amado Márcio
A paz
Creio que Vinicius de Moraes já experimentara o contágio da felicidade.
Sua vida simples, seu contato com a natureza e com seus amigos gerava uma declarada satisfação na área de recompensas do seu cérebro.
Eis o que escreveu quando à procura de um amigo:

Procura-se um amigo
Vinicius de Moraes

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Alberto Couto Filho disse...

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive. ainda se vive.