Ética e Liderança Cristã: novembro 2009

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O OUTRO O CONDUZIRÁ

por Henri Nouwen

O mundo diz: “Quando vocês são jovens são dependentes de seus pais e não podem ir aonde querem, mas quando ficarem mais velhos serão capazes de tomarem suas próprias decisões, tomar seus próprios caminhos e controlar seus próprios destinos”.
Mas Jesus nos dá uma visão completamente diferente da maturidade: é a habilidade e a disposição de ser guiado pelos outros.
O caminho do líder cristão ao é o caminho da ascensão, no qual o mundo investe tanto. É o caminho descendente que termina na cruz.
Aqui nós focamos na qualidade mais importante da liderança cristã no futuro. Não é uma liderança de poder e domínio, mas uma liderança de fraqueza e humildade, através da qual o servo sofredor de Deus, Jesus Cristo, se manifesta. Obviamente, não estou falando sobre uma liderança psicologicamente fraca, na qual o líder cristão é simplesmente a vítima passiva das manipulações do seu meio. Não, estou falando de uma liderança na qual o poder é constantemente abandonado em favor do amor. É uma verdadeira liderança espiritual.
O líder cristão do futuro precisa ser radicalmente pobre, viajando sem nada a não ser um cajado (“sem pão, sem mochila, sem dinheiro, sem uma segunda túnica” Mac. 6:8).
O que há de bom em ser pobre? Nada, exceto que isto nos oferece a possibilidade de exercer liderança, deixando que outros nos liderem.
Passaremos a depender das respostas positivas ou negativas daqueles a quem somos enviados e, dessa forma, seremos realmente conduzidos para onde o Espírito de Jesus nos quer guiar.
A abundância e as riquezas nos impedem de realmente discernir o caminho de Jesus.
Paulo escreve a Timóteo:”Mas os que querem ser ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” (I Tim. 6:9).
Se há alguma esperança para a Igreja no futuro, será a esperança de uma Igreja poder, que tem líderes dispostos a serem liderados.

Retirado do livro: Líder Cristão do século XXI

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Liderança cristã e o meio ambiente

Há, sem duvida alguma, uma relação intima entre liderança cristã e o meio ambiente. Não é possível exercer a liderança sem se preocupar com o cuidado do meio ambiente. Na verdade, o meio ambiente é o nosso mundo. Cuidar do meio ambiente é cuidar do ser humano, pois a qualidade de vida é essencial para a saúde do homem. A Igreja deve ser o exemplo de comunidade que ensina e pratica a coleta seletiva do lixo; a economia de água e energia; o plantio de árvores; a diminuição dos poluentes. O líder cristão, uma vez na direção da igreja, há de ensinar o povo a cuidar muito bem da natureza que Deus criou com tanto amor. Cuidar do meio ambiente é muito mais que moda, é estilo de vida saudável. O cristão como cidadão deve ser o exemplo de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. A destruição das florestas, a contaminação dos rios e mares, estão intimamente ligados à questão econômica. Motivados pela ganância e pelo egoísmo, o homem é um predador insaciável da natureza. Tem-se muito pouco respeito pela fauna e pela flora. Os números do desmatamento, das erosões e poluição dos rios é simplesmente alarmante. É uma vergonha para um país minimizar a questão ambiental. O agente vital da sustentação do eco-sistema é o homem. Deus deu ao homem a condição de ecônomo, isto é, de administrador dos recursos naturais.

Em seu livro “Poluição e Morte do Homem”, o Dr. Francis Schaeffer já estava alertando para o perigo da irrelevância do meio ambiente para o homem moderno. Poucos buscam unir empreendimento comercial com a sustentabilidade do meio ambiente. “O homem tem o poder para dominar a natureza, porém o usa de modo errado. O cristão tem a responsabilidade de mostrar este domínio, porém corretamente: concedendo às coisas seu valor real; dominando, porém sem destruir. A Igreja sempre deveria ter ensinado este fato, porém, de modo geral, tem fracassado em fazê-lo, e necessitamos confessar nosso fracasso. Francis Bacon compreendeu isto, e assim outros cristãos de outros tempos o têm entendido também, mas devemos dizer que durante muito tempo os mestres cristãos, incluindo os teólogos mais ortodoxos, têm mostrado uma autêntica pobreza com respeito a este ponto” (Schaeffer, 1976, 80). Na verdade, é o chamado ‘empreendimento saudável’ que procura unir o útil ao agradável. O cristão comprometido com as Escrituras tem uma visão bem apurada do eco-sistema. Ele é um participante efetivo do desenvolvimento sustentável. Ele planta e estimula a plantar árvores, trabalha na despoluição dos rios e conscientiza as pessoas acerca da coleta seletiva e do uso econômico da água e da energia. Tratar o meio ambiente com responsabilidade é uma tarefa continua do líder cristão comprometido com a ética do Reino de Deus. As Igrejas, lideradas pelos seus pastores, devem ser conscientizadas acerca das diversas ações eficientes com relação a questão ambiental. O líder cristão deve ser um leitor e pesquisador deste assunto tão atual e desafiador. Não há como ser diferente. A liderança cristã deve estar sempre atenta para os movimentos ambientais ao redor do mundo. Todos os tratados ambientais devem ser conhecidos. Como cristãos, a nossa posição será sempre a do equilíbrio entre o meio ambiente e a produção de bens e serviços. O binômio economia-ecosistema deve definir a agenda do desenvolvimento de um país. Todo o mundo deve estar atento para as políticas de gerenciamento ambiental. Há vários manuais que ajudam a tratar com responsabilidade as questões ambientais. Somos, como cristãos comprometidos com os valores do Reino de Deus, responsáveis pelo treinamento dos nossos filhos e netos no quesito ambiental. Deus será glorificado à medida que nós tratamos a Sua natureza com amor e responsabilidade.

Oswaldo Luiz Gomes Jacob