Ética e Liderança Cristã: outubro 2007

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

11 mandamentos da ética

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O CONCEITO 'ÉTICA CRISTÃ'

A ética cristã que pertencia a visão de mundo da época de Maquiavel era uma ética que tinha uma história de 1500 anos. Sua referência principal são os mandamentos de Deus.
A pauta desta ética é uma lista de virtudes a serem seguidas pelo crente em Deus e imitador de Cristo: Compaixão, Perdão, Misericórdia, Humildade, Honestidade, Tolerância.
Praticar estas virtudes tem como fim principal o aprimoramento da alma conseqüentemente, ter direito ao paraíso celeste.

Utilizada pelos reis da Itália, estas virtudes serviam como um modo de dominar os súditos. Maquiavel as chamou de virtudes passivas para contrapô-las às virtudes ativas greco-romanas.
Maquiavel disse que para unificar a Itália num único Estado a ética cristã deveria ser desvinculada da política. Isso implica em dizer que o bom governante não teria que ser necessariamente uma boa pessoa ou uma pessoa honesta, não faria parte dos pré-requisitos a um bom governante ter seu caráter pautado pela ética cristã.
Ao defender adoção do regime republicano, nos moldes da Antiga Roma, para a sua época como forma de unificar a Itália, fez perceber que esta forma de governo já exige e trás em si uma ética diferente, uma ética pautada pelas virtudes ativas: prudência, justiça, coragem e temperança (cinco virtudes cardeais).
Para fundar uma Nova Itália, estas virtudes eram essências, e elas estavam voltadas para a fundação e manutenção do Estado. Como o regime republicano significa o cuidada da coisa pública sob o império da lei, o que se tem é uma ética na política e não uma ética dos políticos. Portanto, não se deve esperar do político que ele seja ético, deve-se esperar dele que cuide bem da coisa pública, caso ele não cuide bem, por exemplo, agindo corruptamente, a lei deve, então, ser aplicada.
A ética na política significa justamente isso: um Estado forte que não permita o descumprimento da lei. Assim, há uma ética implícita no regime republicano diferente da ética cristã.

Fonte:http://www.philosophy.pro.br

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A era dos escândalos ...

Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!" Mateus 18:7

Nunca tantos escândalos corporativos vieram à luz como nos últimos três anos. Grandes conglomerados empresariais com operações em várias regiões do planeta têm visto o que anteriormente era uma sólida reputação - de confiabilidade, respeito ao consumidor e responsabilidade social - esfacelar-se em apenas um dia nos noticiários de jornais, TVs, rádios e Internet.

A própria definição da palavra escândalo deixa claro quais são as suas conseqüências: "que incita a pecar", "que dá mau exemplo", "indecoroso" , "vergonhoso" , "indecente".

O problema principal é que, em algum momento, alguém achou que tinha o direito de fazer as coisas ao seu jeito, mesmo que isto implicasse não ser totalmente transparente e fosse necessário burlar a lei.

Na prática, acabou valendo a velha – e ainda muito usada – máxima "Os fins justificam os meios". Exemplos não faltam.

O anos de 2004 começou com o escândalo da Parmalat. Considerada hoje como uma das maiores fraudes financeiras da história da Europa, que pode chegar a 12 bilhões de euros, se forem confirmados os rombos em outras empresas do grupo, começa a atingir dirigentes da empresa na América Latina.

A queda de um dos orgulhos da indústria italiana, especializada no processamento do leite, está envolvendo também importantes e famosos especialistas na auditoria de empresas, como a americana Deloitte e bancos conhecidos como o Bank of America.

A suspeita é que os contadores falsificaram informes por anos e contribuíram na fraude através de manipulações na Bolsa de Ações. Entre os contadores investigados figura o presidente da associação italiana de empresas de auditoria, Adolfo Mamoli, que faz parte da comissão criada pelo governo para analisar as repercussões na Itália do escândalo da Enron americana.

Podemos citar ainda outros exemplos, a maioria dos Estados Unidos, país que mais produz modelos de gestão que enfatizam a ética. Confira:

· O painel de auditoria da WorldCom (a segunda maior companhia telefônica dos EUA) pôs a descoberto o que pode se revelar uma das maiores fraudes contábeis de todos os tempos, com a descoberta de US$ 3,9 bilhões de despesas contabilizados impropriamente como investimentos de capital.

· A SEC (comissão de valores mobiliários americana) está assumindo uma posição dura em relação à forma como a Qwest (outra importante companhia telefônica) contabilizou seu US$ 1,4 bilhão de vendas de capacidade de fibra ótica.

· Citigroup (o maior banco norte-americano) comercializou arranjos de financiamento para empresas de energia que inflaram seu fluxo de caixa, uma prática agora sob minucioso exame.

· Adelphia (uma das maiores empresas de TV a cabo daquele país) requereu concordata em meio a investigações de algumas das maiores manipulações financeiras da história corporativa americana.

· Arthur Andersen, pelo esquema maciço de destruição dos documentos relativos ao derretimento da Enron. "Toneladas de papelada referentes à auditoria da Enron foram imediatamente picotadas como parte da destruição orquestrada de documentos", tendo sido alegado um indiciamento federal contra a Andersen. "O picotador de documentos no escritório da Andersen foi usado sem trégua e, para lidar com o volume excessivo, dúzias de caminhões imensos sobrecarregados com os documentos da Enron foram enviados ao escritório central de Houston para serem cortados em pedacinhos". A Andersen foi condenada pela destruição ilegal de documentos, levando ao fechamento da companhia.

· BAT, por operar programas internacionais supostamente concebidos para desestimular os jovens de fumar, mas que, na realidade, tornam a prática do fumo ainda mais atraente às crianças (sugerindo que fumar é uma atividade adulta), continuar a negar os efeitos negativos para a saúde do fumo passivo, e trabalhar para opor-se aos esforços da Organização Mundial da Saúde no sentido de adotar uma forte Convenção de Base sobre o Controle do Tabaco.

· Caterpillar, por vender buldôzeres às Forças Armadas de Israel (Israeli Defense Forces, ou IDF), as quais são utilizadas como instrumentos de guerra para destruir lares e edifícios palestinos desde o começo da ocupação israelense em 1967, deixando 30.000 pessoas sem teto.

· Citigroup, seja pelo seu envolvimento profundo com a Enron e por outros escândalos financeiros e suas práticas de concessão de empréstimos predatórios, através de sua subsidiária, recentemente adquirida, The Associates. Citigroup pagou US$ 215 milhões para liquidar as taxas junto à Federal Trade Commission (FTC) devido ao fato que a The Associates engajou-se de modo sistemático e abrangente em práticas de concessão de empréstimos enganosas e abusivas

· DynCorp, uma firma privada controvertida que subcontrata serviços militares junto ao Departamento de Defesa, para aviões que pulverizam herbicidas nas plantações de coca da Colômbia. Os plantadores alegam que os herbicidas estão matando suas colheitas legais, e os expõem a toxinas nocivas.

· M&M/Mars, por responder de forma muito branda às revelações sobre crianças-escravas na África Ocidental, onde a maioria das plantações de cacau são cultivadas, e por recusar-se a destinar modestos 5% de seu produto dos promotores de Justo Comércio.

· Procter & Gamble, os produtores do café Folger, e parte do oligopólio de torrefação de café, por não ter tomado ação para deter a queda vertiginosa do preço dos grãos de café. Os preços baixos têm levado milhares de cultivadores à beira da miséria na América Central, Etiópia, Uganda, e em outros países, ou destruído seus meios de subsistência.

· Schering Plough, por uma série de escândalos, principalmente a alegação de falha recorrente nos últimos anos quanto ao conserto de problemas de produção de milhares de medicamentos, em quatro de seus estabelecimentos, em Nova Jérsei e Porto Rico. A Schering pagou $500 milhões para encerrar o caso com a Food and Drug Administration, órgão governamental de controle.

· Shell Oil, por continuar suas operações empresariais normais como uma das maiores infratoras mundiais — ao mesmo tempo em que se promove como uma empresa responsável quanto ao meio-ambiente e à sociedade.

· Wyeth, por usar meios dúbios, e sem provas científicas suficientes para vender a terapia de substituição de hormônios às mulheres como fonte de juventude. A evidência científica reportada em 2002 demonstrou que essa terapia, a longo prazo, ameaça a vida das mulheres, aumentando os riscos de câncer no seio, ataques cardíacos, derrame e embolia pulmonar.

É aqui que chegamos ao ponto principal que queremos explorar neste artigo. Todas essas corporações, independente do ramo de atuação - seja através de serviços ou produtos -, têm uma característica em comum com a Igreja: trabalham para atender pessoas.

Por isso, não é demais afirmar que o tipo de problema que se abateu sobre essas empresas – a quebra da confiabilidade - pode ocorrer também dentro dos templos, missões e instituições cristãs.

No nosso caso, as conseqüências são ainda mais sérias porque estamos tratando de uma realidade invisível, que custou o mais alto preço do universo: a esperança das pessoas na eternidade proporcionada pelo Filho de Deus.

A Palavra de Deus, porém, é muito clara ao nos alertar em 2 Coríntios 6:3: "Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado".

Nada mais justo, previdente, responsável, então, do que nos cercarmos de mecanismos que possam garantir transparência e controle dos atos das pessoas que estão na liderança – seja em qualquer tipo de ministério.

A Bíblia nos respalda também para este tipo de ação em Filipenses 1:10: "Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo". A esse conjunto de medidas preventivas podemos dar o nome de boas práticas de governança. Veremos, agora, quais são os princípios fundamentais que nela estão contidos.

Transparência

É a satisfação às diferentes necessidades de informação dos diversos públicos com quem a igreja se relaciona, dentro de sua denominação (se for o caso), entre os diversos líderes internos, para seus participantes e comunidade onde está inserida. Na carta que enviou aos Efésios, Paulo fala sobre a necessidade da transparência e, logo em seguida, cita seus benefícios:

"Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor " (Efésios 4:15 e 16).

Podemos ver que, antes de necessária, a verdade (transparência) é um ato de amor aos nossos irmãos. Quando decidimos seguí-la, apesar de algumas vezes a verdade não ser necessariamente agradável, a Igreja cresce. Lembre-se das expressões "corpo inteiro bem ajustado" e "crescimento para edificação de si mesmo".

Eqüidade

É o tratamento justo e eqüânime entre os líderes e os diversos níveis de estrutura de governo. Na verdade, a eqüidade está entre as práticas de boa governança que mais pode estimular o bom funcionamento do trabalho. Através dela é possível despertar nas pessoas o sentimento que todos, independente da função que desempenham, têm a mesma importância para o resultado final do trabalho.

Voltando-nos para a Palavra de Deus, vemos que, para o Senhor, a eqüidade é um assunto muito sério, e que Ele não tolera tratamentos diferenciados, como em dois exemplos de Tiago:

"Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas" (Tiago 2:1). "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores" (Tiago 2:9).

Prestação de contas

É o relatório periódico feito por parte dos agentes de governança a quem os elegeu, nomeou ou contratou. No capítulo 16 de Lucas, encontramos Jesus contando mais uma parábola para despertar as pessoas quanto à necessidade da prestação de contas.

O texto começa nos falando de um rico senhor que chamou o seu mordomo – uma analogia direta a quem exerce ministério na obra de Deus – para que este lhe prestasse contas. E, já no versículo 2, lemos este senhor indagando seu mordomo: "E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo".

Para o rico senhor, a prestação de contas era um pré-requisito, era uma prática que deveria ser natural e contínua, caso contrário desabilitaria o mordomo a continuar no cargo, como ele mesmo fala na última parte – "porque já não poderás ser mais meu mordomo".

Na prática, a prestação de contas serve ainda para conferir se os mordomos que estão servindo na Casa de Deus estão com a visão afinada com a do seu Senhor. Representa, acima de tudo, segurança – tanto para quem presta contas como para quem são prestadas as contas. Pois, caso o mordomo esteja planejando executar o serviço de outra maneira que não aquela estipulada – de acordo com a visão – há tempo do erro ser evitado.

Ao final da parábola de Lucas 16, vemos que o mordomo conseguiu corrigir o erro "e louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente" . Ao final das considerações de Jesus, o mestre sintetiza a importância da prestação de contas em uma frase:

"Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito" (Lucas 16:10).

Cumprimento das leis

É a observação preventiva e perspicaz das implicações legais de todas as decisões tomadas e das transações realizadas. (check list – novo código civil, leis trabalhistas, previdenciárias, civis etc.).

Vivemos em um tempo que não temos mais desculpas para alegar ignorância diante das exigências da legislação atual. Aquela velha justificativa "Ah, mas nós somos uma igreja, não somos uma empresa...", além de não ter nenhuma base bíblica é o pior exemplo que pode haver de uma igreja que não vive dentro do contexto atual.

Ainda fazendo menção à parábola de Lucas 16, no verso 8, o rico senhor lembra ao seu mordomo que "os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz".

É uma palavra dura, mas que retrata a situação de boa parte das igrejas quanto à condição legal do exercício de suas atividades. A chegada do novo Código Civil, porém, no final de 2002, serviu para sacudir o comodismo que existia nessa área. O próprio Instituto Jetro, que promoveu vários seminários pelo país sobre o tema, e prestou assessoria na adequação de estatutos, constatou que o problema se estendia para além dos estatutos.

Essa constatação nos levou à criação de um check list para verificar a existência de risco de processos nas áreas previdenciária, contábil, civil e trabalhista.

O material, que está em fase de produção, tem justamente esse objetivo: identificar os riscos e corrigi-los. Afinal, como Paulo escreveu aos irmãos da igreja de Corinto, "zelamos do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens". (II Coríntios 8:21)

Ética

É a definição dos valores que regem a igreja e do código de ética com seu respectivo cumprimento. Evidentemente, tanto os valores como o código têm de estar baseados na Palavra.

Alguns podem até se levantar para questionar se existe realmente a necessidade de criação de tais documentos; se não é muita "burocracia" . A resposta, podemos encontrar em (Ezequiel 44:5):

"E disse-me o Senhor: Filho do homem, pondera no teu coração, e vê com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos, tudo quanto eu te disser de todos os estatutos da casa do Senhor, e de todas as suas leis; e considera no teu coração a entrada da casa, com todas as saídas do santuário.

Além dos princípios fundamentais acima citados, é necessário – até antes mesmo de colocá-los em prática – analisar como estão e quais são as práticas atuais de governança.

Entre os pontos que devem ser analisados estão os seguintes:

Estrutura de governança - segregação de funções conflitantes; separação entre agentes de governança e conselheiros; alinhar responsabilidade com autoridade.

Existência e independência do conselho - acesso amplo às informações; liberdade de expressão da opinião; periodicidade adequada de encontros; integridade pessoal; sensibilidade ministerial; visão estratégica; ausência de conflitos de interesses.

Gestão do conflito de interesses - mapeamento de possíveis conflitos de interesses (exemplo: igreja X empresas dos líderes; nepotismo; popularidade X pretensão política); avaliação constante dos potenciais conflitos; intermediação externa em casos extremos.

Sistemas de remuneração - conselho estabelece níveis de remuneração dos agentes de governança; comparativo com práticas em igrejas e organizações similares; visão ministerial; observância dos limites financeiros da igreja.

Avaliação - quantitativa e qualitativa; das finanças; dos serviços prestados internamente; dos serviços prestados à comunidade; das pessoas que trabalham (contratadas e voluntárias); periodicidade e consistência.

Planejamento de sucessão - preparação de liderança interna; capacitação constante; escolha.

Após avaliarmos tudo isso, pode ser que tenhamos uma surpresa desagradável. Afinal, "ninguém falou que a obra de Deus tinha tantos aspectos a serem observados". Nesta hora é preciso muita calma. Não nos esqueçamos da passagem bíblica "Deus não leva em conta o tempo de ignorância"

Mas, a partir do reconhecimento das faltas e erros, convém nos apressarmos para correção dos mesmos. Assim, evitamos abrir brechas que possam nos conduzir ao escândalo e à ruína espiritual.

Para finalizar, guardemos em nossos corações a mensagem de 1 Coríntios 10:12: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia".





Rodolfo Montosa

Rodolfo Montosa é membro da Igreja Presbiteriana Independente de Londrina (PR), membro fundador do Instituto Jetro e diretor superintendente do Consórcio União.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Cadê a Ética?

Mais uma vez, o testemunho cristão é rasgado pela falta de ÉTICA e MORAL CRISTÃ.
Justificar fraude com oração beira o absurdo!

Veja a notícia abaixo:

Suspeita de fraude em concurso cria polêmica no interior

Correio da Bahia

Analfabeta foi aprovada em João Dourado

Um concurso público realizado pela prefeitura de João Dourado tem suscitado polêmica no município. É que parentes do prefeito João Cardoso Dourado e candidatos analfabetos estão entre os 297 aprovados para os diversos cargos. As suspeitas de irregularidade do concurso recaem ainda sobre a licitação para a contratação da empresa que aplicou a prova, que, entre outras denúncias, teria se recusado a entregar o caderno de questões. Por causa disso, 50 pessoas inscritas no concurso registraram denúncia junto ao Ministério Público do Estado (MPE/BA).

A partir daí, o MPE, representado pelo promotor público Newton Carvalho de Almeida, deu início às investigações, colhendo também os depoimentos das pessoas envolvidas. Entre as situações, uma delas é no mínimo incomum. Maria de Lourdes Oliveira da Silva, que concorreu ao cargo de gari, acertou 72,50% da prova sem sequer saber ler. E ficou na 27ª colocação de um total de 60 vagas oferecidas para o cargo.

No depoimento, a candidata, que admitiu ser analfabeta, declarou que obteve a pontuação por ser crente e “ter rezado muito para passar”. No Termo de Declaração, feita em 1º de agosto, a lavradora, que vive no povoado de Gameleira, disse que “não sabe como vai fazer na hora de apresentar os documentos necessários para a assunção do cargo”.

A partir das denúncias, o juiz Guilherme Vieito Barros Júnior, da comarca de João Dourado, determinou a suspensão de todo o processo de seleção e requereu informações que explicassem as brechas tanto da prefeitura como da empresa que realizou as provas, o Serviço Nacional de Seleção Pública (Senasp).

Removido da comarca por promoção, o magistrado foi substituído por Marcon Roubert da Silva, que revogou a decisão. Ele determinou a continuidade da seleção e a posse aos aprovados.
Uma das prejudicadas pelo concurso duvidoso, a fisioterapeuta Heloiza Nunes, que concorreu a vaga em um hospital do município, achou estranho que não ter sido permitida a entrega dos cadernos de provas aos candidatos. “O mais esquisito é que a mesma empresa realizou concurso no município de Lapão e as provas foram entregues depois de duas horas de permanência na sala”, declarou.

Representantes do município não foram localizados para comentar o assunto. Já o diretor da Senasp, Carlos Joel Pereira, se baseia na decisão judicial mais recente para argumentar. “É tão improcedente que o juiz tomou essa decisão”. Ele explica que as provas não foram entregues no momento da realização para evitar cópias, mas que foram disponibilizadas na internet durante o prazo do recurso dos candidatos. Ele também nega que analfabetos tenham participado da seleção, alegando que todos tiveram que assinar os nomes na lista de presença no dia da prova e no cartão de resposta. O promotor de justiça que cuida do caso não foi encontrado pela reportagem.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Conheça René, o motorista de táxi que não sabe o que é crise

Por Sérgio Almeida


"Como estão os negócios?", perguntei a um motorista de táxi. "Muito ruins, o que ganho não está dando nem para pagar a prestação do carro. Para o senhor ter uma idéia, em um dia, quando faço três ou quatro corridas, já considero um bom negócio. Vivemos numa bruta crise. Os passageiros sumiram. Ninguém mais tem dinheiro".

Na mesma semana, conheci outro taxista: o René. Com este, tive uma experiência nada convencional. Foi por acaso. Procurando um táxi, acenei. Ele parou de forma prudente e segura.
Cumprimentou perguntando meu nome. Gentilmente, abriu a porta. Quis saber se o ar-condicionado estava regulado a meu gosto, se queria ouvir rádio ou cd e qual a minha preferência. Bom começo. No trajeto tentei falar ao celular. Para variar, a bateria estava fraca. Percebendo minha decepção, disse: "Sr. Sérgio, meu celular está à sua disposição". Me belisca. Eu não acredito! Chamou-me pelo nome... ofereceu-me o celular... Sejamos francos: esta não é uma prática comum. Aceitei! Precisava usar o telefone.
Alguns quilômetros adiante, fui novamente surpreendido. O René estende a mão, apresentando- me uma pequena cesta com bombons. " O senhor aceita?" Fiquei preocupado, confesso.
O que esse cara quer comigo? Um sujeito forte, oferecendo-me celular, bombons...bateu uma suadeira danada. Pensei: " Meus Deus, estou em apuros. Com tanta gentileza, este cara ta com segundas intenções". Prontamente, arquitetei um plano de fuga: No próximo semáforo, quando o carro parar, abro a porta e saio correndo". Assim escaparia ileso.
Na verdade, acabara de descobrir um excelente profissional. Do René, além de cliente, virei fã. Já o indiquei a dezenas de amigos, familiares e colegas de trabalho. Lembra da pergunta que tinha feito ao primeiro taxista? Fiz também ao René: " Como andam os negócios?
Quantas corridas tem feito por dia ?" Ele disse: " Dez, doze..." Espantado, interrompi: " Como?
E a crise?" O primeiro taxista tinha feito a minha cabeça. René disse: " Tenho lido no jornal problemas na economia, crise cambial, etc. Mas isso não alterou o meu negócio..."Comecei então a desvendar o que estava por trás do sucesso de René. De dez corridas que ele faz, cerca de oito dão para clientes cativos, que o chamam pelo celular.
Mesma cidade, mesmo carro, mesma semana; um profissional está em crise; o outro, no mesmo segmento, não conhecia seus efeitos. Onde está a diferença? A resposta é: atendimento, serviço, valor agregado, relacionamento com o cliente. Mesmo sem ter a oportunidade de ir para a universidade ou fazer um MBA, René consegue obter um fantástico desempenho em seu negócio. Melhora a vida dos clientes e aumenta seus lucros.

"Não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração, a vontade de Deus, servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens". (Ef.6:6)

* Revista Você S/A - Edição 55, pág. 44, Janeiro 2003

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Ética Cristã para Hoje: Uma Perspectiva Evangélica

Por autor desconhecido

O que é Ética e o que é Moral?

O propósito do empreendimento ético é decidir o que é certo e o que é errado de se fazer. Sua preocupação principal é a conduta apropriada, mas também considera as atitudes e os motivos dos quais a conduta resulta. Conduta é o comportamento, o procedimento moral.

A distinção entre ética e moral é (basicamente) a diferença entre teoria e prática, ou pensar e fazer. Devemos observar a regra do ouro em Mateus 7:12 ("Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas"). Por que é difícil fazer as coisas certas? É mais fácil fazer o que é errado? Por que?

Tendemos a ser corruptos. O pecado é o aniquilamento do bem. O mal não tem existência independente (por si só ele não existe). Qualquer coisa má (atitude, comportamento, ação, pensamento, etc) é alguma coisa boa que saiu do controle. Exemplos: orgulho: amor próprio aumentado desproporcionalmente; ganância: apreciação por coisas que se tornou idolatria ou egoísmo, etc. Toda coisa má é alguma coisa boa que se corrompeu (se distorceu, saiu do controle).

Todos os seres humanos (sem exceção) foram criados para o bem; pois Deus nos fez a sua imagem e semelhança; com caráter e conduta semelhantes ao dele próprio; conferir em Gênesis 1:27,28 e I João 4:8 ("Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor"); mas infelizmente, a corrupção tem sido uma inclinação para o mal; é a ausência de uma coisa boa e necessária. É a atitude de se afastar de Deus; é a nossa rebeldia que ocasiona o pecado(Romanos 3:23 "porque todos pecaram e destituidos estão da glória de Deus").

O Espírito Santo constrói e restabelece o relacionamento com Deus; através do Evangelho (Boas Novas de Jesus Cristo), Ele estabelece a comunicação com Deus. Capacita a pessoa a aceitar o amor e perdão de Jesus Cristo; Ele cria e sustenta a fé.

O cristão é simultaneamente "duas pessoas": a velha e a nova. A primeira com idéias, valores e padrões distorcidos e suscetíveis (que recebe influência) de satanás. Já a nova pessoa tem comportamento que são parecidos com os de Jesus Cristo e suscetíveis a Deus. A nova pessoa tem aversão por coisas que ofendem a Deus e ferem os outros; opõe-se as influências más! ("what are you looking for the devil for, when you oughta be looking for the Lord?").

O que Deus faz por nós (através de Jesus Cristo e do Espírito Santo), nos dá razões para agirmos de acordo com a Sua vontade; temos o desejo de louvar a Deus e ajudar os outros. (Marcos 12:30-31 "Amarás, pois,ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamente. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.").

Em discussões éticas, normas são instrumentos que indicam e medem a correção moral. "Há vários tipos de normas". O mais específico são as regras; muito práticas e concretas (ex.: não se embriague). Através das regras vem os princípios: "coma e beba para a glória de Deus" é uma maneira de expressar o princípio por trás da regra contra a embriaguez. O supremo propósito da vida é glorificar a Deus!!! Deus que fez os seres humanos, nos conhece melhor que nós mesmos! Embora escrita por homens, a Bíblia é a autêntica e autorizada Palavra de Deus; seu propósito principal é comunicar as boas novas do perdão através do Sangue, Morte e Ressurreição de Jesus, e dar-nos entendimento da vontade de Deus para as nossas vidas.

Justificação é o dom do perdão de Deus por amor de Jesus. Santificação é o dom de Deus na nova personalidade (pessoa), também por amor de Cristo ( por ter morrido em nosso lugar - sacrifício vicário).

O Fruto do Espírito descrito em Gálatas 5:22 é: amor (I Co. 13), gozo, paz, longanimidade (que não se irrita facilmente; suporta as adversidades: situações contrárias), bondade (indulgência, complacência, benevolência, tolerância), fidelidade(lealdade, firmeza), mansidão, domínio próprio (sereno, pacífico, calmo, tem humildade). É agradável render-se à vontade de Deus reconhecida como superior e melhor que a nossa. (Deus esquadrinha os nossos corações, não é por força, persuação, medo,etc.)

O desejo de testemunhar nasce diretamente da consideração à Deus. É o anseio de glorificá-lo e ajudar aos outros a notá-Lo e apreciá-Lo. A preocupação com as pessoas (com seu bem estar) é a fonte motivadora de testemuho. O amor manifesta-se no respeito aos outros.

Muitas qualidades surpreendentes caracterizam o amor* (conferir I Co 13, Fil 5:25,28,31,33; etc.). O amor não é só intensificação ou variação do amor por alguém (apego, inclinação a uma determinada pessoa); pelo contrário, tem elementos Divinos e transcedentes (superiores, e exteriores). É dom e ação de Deus. Para enfatizar a singularidade do amor que Deus gera na nova pessoa, o Novo Testamento no original grego emprega um termo especial: ágape. Outros tipos de amor (philía e éros) referem-se a outros tipos de amor humano.

Uma das impressionantes qualidades do amor é o desprendimento. O amor ágape é ativado não (somente) pelo atrativo ou utilidade do outro, mas sim pela sua necessidade. Mesmo os que são indignos e não merecedores tornam-se alvo. (Uma vez que não há digno ou merecedor, conferir Ef. 2; Jo. 3:16; Rom.3:23, Jo. 15:13; Rom. 5:8; etc.).

"Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dara a vida pelos irmãos" (I Jo. 3:16). A consideração pelos outros é a base da integridade Cristã. Amar os outros envolve perdão: "Mas se confessarmos os nossos pecados a Deus, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I Jo. 1:9). De forma ampla, a ética cristão é uma tentativa de entender a vontade de Deus em assuntos difíceis e confusos que não são discutidos claramente. Isto requer sabedoria e ela pode ser nossa pelo pedir "Mas se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e Ele dará porque é generoso e dá com bondade a todos". (Tiago 1:5). Com isto temos a oportunidade de consultar a Deus na sua Palavra e Oração, somados ao auxílio do Espírito Santo.

Somente através da doação amorosa e vicária de Cristo podemos escapar da condenação e esperar o perdão (isto só é possível mediante a fé em Jesus Cristo: Ef. 2:8). Apenas o que crê é perdoado e salvo. Há pelo menos 3 fases para a resposta a fé:

1- descubro que preciso de Cristo e de Sua ajuda (estou consciente que sou pecador e estou perdido sem Ele) 2- quero Cristo (desejo e anseio por Ele e seu auxílio) 3- aceito-O (confio em suas promessas, sei com certeza que possuo Aquele de quem preciso e quero).

Segurança temos de que nossas falhas não nos condenarão no julgamento final. Cada erro cometido, cada oportunidade para o bem não aproveitada, cada motivo e inclinação corruptos são apagados pelo perdão de Deus (perdão, este, que só tem aqueles que entregaram sua vida para Jesus e reconheceram-no como Único e Suficiênte Salvador, admitindo-o como autor e consumador de suas vidas). A verdade é que não há nada em nós para termos motivo de nos orgulharmos;a não ser da experiência da conversão. Se somos justificados é apenas porque reconhecemos humildemente o pecado e aceitamos o perdão de Deus por amor do sacrifício remidor de Jesus (morte/ressurreição).

A melhor e mais elevada liberdade é a oportunidade de se submeter à vontade de Deus (reconhecida como melhor), de encontrar satisfação na obediência a Ele.

Deus é desonrado por aqueles que dizem crer nele quando dão poucas evidências (provas) na sua conduta; mas Deus é notado e louvado como resultado de nosso progresso (resultado da nossa Salvação).

O padrão moral é o conjunto de crenças e julgamentos sobre o que é certo e errado fazer. Princípios são diretrizes mais gerais, regras são mais específicas; a direção à Deus é a base adequada para a ação. Ele promete graça para cobrir os erros éticos e morais que inevitavelmente cometemos, embora tentamos evitá-los consciosamente!

Glossário
Virtude: Disposição firme e habitual para a prática do bem; boa qualidade moral; modo austero de vida; eficácia no viver.
Virtuoso: que tem virtudes.
Moral: Relativo aos bons costumes, atitudes (prática).
Ética: Ciência da moral; intelecto, modo de pensar (teoria).

Fonte: Primeira Igreja Batista do Ipiranga (SP)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Ser Ético é chato, mas...

… é o único caminho.

UM TEXTO DE FERNANDO GOUVEIA

Meu nome é Fernando Gouveia e o n. do meu CREA-MG é 53538/D e desafio qualquer técnico ou perito a contradizer minha exposição, óbvia, dos fatos. Se eu estiver errado, rasgo minha carteira do CREA. Desafio qualquer político, rato, FDP, que se sinta prejudicado pela realidade que aqui relato, a me processar. Estou dando meu número do CREA (que não é falso) e meu e-mail. Não precisa fazer esforço pra me achar.
Agora, caso vc não seja um dos pestilentos responsáveis pela desgraça que se abate sobre nós, dia após dia, então não seja um “Zé Ninguém”. Pare alguns minutos do seu precioso trabalho, leia o texto abaixo, com atenção, e, caso concorde, pulverize para todos da sua caixa postal. Não se omita. Se não concorda, responda-me, argumente, “defenda” sua posição, mas não seja mais um covarde, mais um egoísta, mais um bundão. Essa coisa tem que acabar, para que nossos netos e filhos tenham condições de viver sem vergonha de serem bem sucedidos e sem medo de usufruir com liberdade das suas próprias conquistas (…).
Minha única irmã estará, na próxima semana, nesse mesmo vôo, também pela TAM e espero que o avião não caia, mas minhas palavras transcendem minha preocupação pessoal com uma pessoa que amo, seja minha irmã, esposa, filhas, amigos, seja quem for. Morrer é o caminho de todos nós e isso, que soa como a questão principal, na verdade, não passa de um detalhe, sórdido, mas subliminar.
Vejam os números: Imaginemos 200 vítimas fatais, cada uma com uma média de 10 parentes e 10 amigos, então teremos 20.000 pessoas indignadas por terem sido atingidas diretamente. No que interessa aos políticos, o voto, esse número é ínfimo. Divida 20.000 indignados por 100.000.000 de eleitores e você verá que foram perdidos “apenas” 0,02% do eleitorado, ou seja, 2% dividido por cem (para os que se confundem com números). E daí? Agora veja quantas pessoas transitam, passeiam, relaxando e gozando, felizes, ou passando raiva, no aeroporto de Congonhas, TODOS OS DIAS. E é a essa “china” humana, de transeuntes, vivos e capazes de votar, que os políticos preferem atender. Por isso que a verba para a reforma, digamos, “antropodinâmica” (que garante conforto, estética, luxo, etc.) saiu primeiro que a verba para os serviços técnicos de pista. Essa é a sordidez da mente nefasta dos nossos políticos: “Que diferença faz uma meia dúzia de 20.000 que se estrepam dali, se outros milhões se alegram de cá”.
Fui engenheiro responsável por várias obras de porte que prestei para a INFRAERO, inclusive nas pistas e sou testemunha viva da capacidade técnica desse órgão. Os departamentos de engenharia beiram a perfeição, tanto em recursos humanos quanto físicos. O pessoal da segurança treina até o mais reles peão, um mero carregador de sacos. Todos os trabalhadores, peões ou engenheiros são checados pela segurança, que só depois desta conferência libera os crachás com as indicações de acesso, ou seja, as permissões para transitar nessa ou naquela parte.
Tive um fiscal da INFRAERO que tinha sido meu aluno na Faculdade de Engenharia da FUMEC e, por coincidência, já engenheiro formado, acabou designado para fiscalizar minha obra. O sujeito não relaxou, ao contrário, dobrou a rigorosidade, que já não era pouca. Resumindo, os técnicos e o pessoal da segurança da INFRAERO são sérios, são técnicos e não políticos, sabiam que a pista não estava plenamente segura e não fizeram nada, porque não puderam fazer nada, porque pra nossa infelicidade os Diretores e Presidentes das “INFRAERO da vida”, mesmo que tenham sido técnicos um dia, deixaram de sê-lo e hoje vivem da e para a política.
O que se viu ali foi crime, mas não apenas contra meia dúzia de 20.000 vítimas diretas, mas sim contra todos os brasileiros. Os números não assustam e a comoção é uma questão de mídia. Um único feriado mata três vezes a quantidade de pessoas que morreram ontem, só em acidentes de estradas, sem falar na violência desenfreada e na fome.
Se a rede Globo dedicasse o tempo de UM ÚNICO capítulo da sua mega educativa novela, “Os Sete Pecados”, para explicar, em linguagem simplificada, para 50 milhões de brasileiros grudados na TV, o que realmente ocorreu naquele acidente, teríamos uma revolução. Só que não interessa a ela, como não interessou mostrar, com detalhes, a vaia que o Lula recebeu no Pan. Cala-se e continua passando seu absurdo folhetim que glamouriza a ruindade de espírito e fica anunciando e repetindo a balela dos interessados em ganhar tempo, com essa conversa mole de “aguardar a perícia”. É disso que vivem nossos políticos. De aguardar. De esperar a poeira abaixar, como abaixará mais essa e mais outras tantas.
Não tem papo de perícia: Sou perito formado pelo antigo Instituto Mineiro de Avaliação e Perícias, hoje Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias - Sucursal MG, fui professor da Faculdade de Engenharia da Universidade FUMEC por 11 anos e afirmo, taxativamente, que, nesse caso, não precisa “esperar” o resultado da perícia. Trata-se de um evento óbvio, derivado de um vício construtivo, fruto da irresponsabilidade dos que priorizaram as obras valorizando a plástica e relegando a segurança ao segundo plano.
Toda pista de rolamento precisa de drenagem, o que ocorre um pouco pela permeabilidade dos materiais e a maior parte por um sistema de drenagem básico, jogando a água do centro da pista para as laterais, com recursos primários de inclinação e coleta perimetral. Em locais de maior necessidade de aderência, como em algumas curvas de ruas, avenidas e estradas e também em pontos de pistas de pouso, pontes e viadutos inclinados ou em curva, pátios, enfim, onde se pretenda aumentar o atrito da roda com o piso, são feitas ranhuras, que além de melhorarem o atrito favorecem a drenagem radial. Uma dessas situações é o caso de Congonhas, que tem a chamada “pista curta”.
Alguém pode alegar que a pista do Santos Dumont também é curta e também não tem ranhuras, mas existe a questão do ar. Lembrem-se dos jogos de futebol do Brasil, nos países muito altos, onde o ar é rarefeito: O goleiro cobra um tiro de meta e a bola sai do outro lado do campo. Pois é; O Santos Dumont está ao nível do mar e São Paulo a 860 metros acima do nível do mar. Com altitude maior, o ar fica mais rarefeito, o que exige mais pista ou então mais recursos de frenagem para a aeronave. Engenharia é isso, muda tudo e tudo depende de um tanto de coisa e foi pra isso que a engenharia surgiu como ciência.
Especula-se: FOI FALHA TÉCNICA? A equipe técnica da INFRAERO sabe que 2+2=4. Falha técnica seria, se eles não soubessem disso. Mas tenham certeza, eles sabiam. Não fizeram nada porque são mandados por pessoas hierarquicamente superiores, que vão cobrindo a técnica com uma espessa camada de política.
FALHA DO PILOTO? É bom lembrar sempre que ele também estava no avião e ele também morreu. Arremeter é o procedimento indicado em qualquer situação anormal que ocorra entre o momento de início dos trabalhos para aterrisagem até a parada completa da aeronave em solo. O piloto fez o que pôde. FALHA DA AERONAVE? Alegar excesso de tecnologia, ou falha de equipamentos é ridículo. É mais fácil uma arara azul fugir da Amazônia e fazer cocô na sua cabeça do que uma aeronave como essa dar problema.
Sabe qual o nome do ÚNICO VERDADEIRO CAUSADOR DESSA TRAGÉDIA? Eleições 2010. É a ânsia pelo poder… E a culpa nem é do Lula, que não passa de um gerente encantado e lambuzado (quem nuca comeu melado, quando come se lambuza), mas inócuo. O problema é nosso, da classe alta e privilegiada, que muitas vezes nos omitimos, ou nos escondemos atrás dos nossos próprios interesses. Esperem o povão dopado pela ignorância resolver o problema e as coisas só vão piorar. Cada Projeto Shangrilá, cada Urbanização de Aglomerado (nome chique e conveniente dados às favelas), irá comprar a alma e a mente dos pobres. E nós? Vamos vender nossa alma em troca de um aeroporto confortável, de uma vida confortável na base do “foda-se do mundo que não me chamo Raimundo”?
Precisamos entender o mundo com o olho do outro e principalmente, saber se queremos a polícia e a política igual para todos. Porque se for assim, nós, os abastados, teremos que socializar nossas riquezas e teremos que sentar no banco da escola pra estudar ética, pra parar de fechar o cruzamento, de estacionar em lugar errado, de chamar as pessoas usando a buzina, de fechar as ruas pra comemorar jogo de futebol, de trocar de celular de mês em mês “encostando” um aparelho feito pra durar 10 anos e se esquecendo que aquilo vira lixo, etc.
Ser ético é “chato”, mas é o único caminho. Eu estou nessa. E você? Se estiver também, comece a exercitar sua ética disparando esse e-mail para o maior número possível de pessoas.

Blogado de: http://caravelabrasileira.loginstyle.com

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Líder: O Encantador de Pessoas


Quando eu era criança adorava ler as histórias e ver os filmes onde tinha o famoso personagem que encantava as serpentes. Pensava como era possível ele fazer aquilo sem se machucar, sem que a serpente não avançasse sobre o homem. Mais tarde entendi que o que aquele homem fazia era baseado em técnicas aprimoradas através de muito treinamento. Certamente ele deve ter sido picado algumas vezes, mas aprendeu a dominar a serpente e utilizar este domínio a seu favor.

Transportando esta antiga lembrança para os dias atuais e, mais precisamente, para o mundo corporativo, faço um paralelo com o líder e sua equipe. Quantos profissionais conhecemos que detêm este poder sobre seus liderados? Aqueles a quem chamamos verdadeiramente de líderes?

Na história da humanidade sabemos de diversas pessoas que conseguiram atuar como encantadores de serpentes, ou melhor, de pessoas. É comum citarmos Moisés, Gandhi, Jesus Cristo, Getúlio Vargas, Silvio Santos, Napoleão e o Papa João Paulo II como alguns dos expoentes na capacidade de atrair pessoas e mantê-las sobre seu “domínio”.

O fato é que estas personalidades, assim como outras pessoas menos famosas, como um professor, um pastor, um parente, um gerente, desenvolveram uma fantástica habilidade de cativar as pessoas a sua volta. Esta capacidade, que é um fator que pode ser aprimorado através de técnicas específicas, é conhecida como “carisma”. Há pessoas que irão pensar: como é possível desenvolver o carisma? Não é algo inato? Alguns têm, outros não!

É certo que algumas pessoas nascem com maior predisposição para certas coisas do que outras. A questão é que todos somos capazes de aprimorar o nosso comportamento através do conhecimento de si mesmo, técnicas específicas e vontade para mudar e estabelecer critérios e objetivos. Enfim, somos capazes de aprimorar nossa capacidade de sermos carismáticos.

Afinal, o que é carisma? Segundo algumas definições de dicionários, carisma é uma qualidade marcante de um indivíduo que o distingue dos demais. Ainda: atribuição a outrem de qualidades especiais de liderança, derivadas de sanção divina, mágica, diabólica, ou apenas de individualidade excepcional. Ainda há pessoas que acreditam que carisma é apenas um dom divino, posição reforçada pela origem da palavra, que em grego significa “graça” ou “dom”.

Existem estudos recentes onde até são definidos alguns tipos de carisma. A americana Doe Lang é uma destas pesquisadoras que afirma existirem dez tipos de personalidades carismáticas. Entre elas destaco o carisma magnético, que é atribuído a pessoas que estão, geralmente, no meio artístico e cultural. Mas, também, encontramos aqueles que sem fazerem parte das celebridades conseguem realizar seus feitos através das pessoas. É aqui que eu classifico o “líder encantador de pessoas”.

Através de algumas ações é possível desenvolver e aprimorar o carisma do líder no ambiente de trabalho. A primeira delas é ter um profundo conhecimento das próprias emoções. Perceber a si mesmo e como os sentimentos de “alegria-satisfação-felicidade” e “raiva-frustração-medo” influenciam suas atitudes. Sabendo utilizar o poder das emoções é possível gerar um ambiente favorável para o melhor desempenho das pessoas. Faça uma lista de situações onde estes sentimentos aparecem com mais freqüência. Procure perceber o que verdadeiramente leva a sentir estas emoções e, quando não souber como agir sozinho, procure orientação de um profissional especializado em coaching ou psicologia.

E tem mais... o líder carismático não é aquele que sempre “agrada” as pessoas, mas sim aquele que é justo. Agir com senso de justiça faz com que seus funcionários reconheçam um verdadeiro líder. Para isso é preciso separar o envolvimento e preferências pessoais com os resultados e metas estabelecidas pela corporação.

É preciso garantir que sua imagem perante os demais também seja positiva. Alcançamos uma imagem positiva através de duas ações simples: apresentação pessoal e comunicação. Não é preciso vestir-se como um galã, muito menos com roupas e acessórios de grife. O importante é manter um padrão de imagem, aquele que caracteriza sua personalidade. Quando o assunto é comunicação vale lembrar que o mais importante é a maneira que falamos as coisas. Mais do que o conteúdo a ser comunicado, a forma, o jeito, a maneira de expressar idéias e sentimentos é fundamental para criar empatia e simpatia nas pessoas. Aqueles que aprimoram seu poder de oratória, sem dúvida, criam uma espécie de carisma típico dos grandes apresentadores e celebridades. Uma fala confiante, positiva e inspiradora pode ser desenvolvida através de treinamento e observando pessoas que você admira.

Claro que este é um assunto para muito mais linhas, mas meu objetivo é trazer uma reflexão sobre o que torna alguns profissionais verdadeiros encantadores de pessoas nas organizações. O caminho está aberto para você trilhar estas idéias e encontrar sua própria direção. Boa jornada!

Rogerio Martins é Psicólogo, Professor Universitário, Consultor Organizacional e Palestrante sobre comportamento, gestão de pessoas e motivação humana.

sábado, 6 de outubro de 2007

A ética e a bicicleta


Ética é sempre um assunto polêmico. Da mesma forma que temáticas como futebol e religião despertam sentimentos, preferências e princípios particulares em cada indivíduo, a ética também o faz. Dentre as definições dadas à ética, uma diz que ela é o conjunto de valores morais e princípios de conduta que regem as ações das pessoas (físicas e jurídicas) dentro de uma comunidade. Naturalmente, os padrões de conduta são diferentes de uma comunidade para outra. Todavia, por mais diferentes que sejam os conceitos entre as comunidades, alguns conceitos éticos são comuns a todos. Atos como não matar, não roubar e não agir de má-fé estão presentes na ética de todas as culturas.

Outra diferença da ética ao redor do mundo é a forma como ela é exercida nas sociedades. Não se trata da criação de uma padronização ou limitação das liberdades individuais, pelo contrário, é um respeito ao convívio em sociedade; ao espaço e à coisa alheia. Por ser um código que emana da cultura do povo, que influencia na própria formação jurídica daquele grupo, compete a eles exercerem estes preceitos e, por meio de suas instituições, cobrarem que seus semelhantes comportem-se da forma comum e aceita por todos.

E esta vivência da ética é que remete ao título deste artigo. Ter ética é como andar de bicicleta. Não pelo fato de uma vez aprendido nunca mais se esquece. Muito pelo contrário. Ela deve ser exercida repetidamente, sempre, de forma contínua. Como o pedalar em uma bicicleta. Caso se pare de prover força aos pedais, a bicicleta pára e cai; uma ética não exercida é nula, irrelevante, como uma bicicleta sem força.

A partir do momento que estes conceitos são postos à margem das relações, perde-se o respeito mútuo e todos os elementos que compõem o âmago de uma sociedade. Hoje, no Brasil, a ética notadamente perde a força em seu “pedalar” dentro de alguns setores. Porém, não cabe à sociedade somente lamentar a iminente queda da bicicleta, mas sim exigir que aqueles que a guiam pedalem também, façam força, cumpram sua parte no pacto moral nacional, ou, caso contrário, procurem carona em outra bicicleta.

Rafael Melo e Silva/Professor de comércio exterior - meloscbr@yahoo.com.br



quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Que Ética?

OS VALORES DA ÉTICA

“Como o homem imagina em sua alma, assim ele é”.

(Provérbios 23:7)

Esta passagem reflete uma verdade fundamental da vida e da existência: nós somos e agimos de acordo com aquilo em que acreditamos. Este ponto é fundamental para podermos entender a principal diferença entre a maneira cristã de ver o mundo e outras cosmovisões, em particular, no que tange à ética ou à tomada de decisões.

TOMANDO DECISÕES

Todos nós tomamos, diariamente, dezenas de decisões, resolvendo aquilo que tem a ver com nossa vida, com a vida da empresa e a de nossos semelhantes.
Ninguém faz isso no vácuo.
Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções. Hoje, sabe-se que, em quase nenhuma área do saber, é possível fazer pesquisa sem sermos influenciados por aquilo em que cremos.
Quando elegemos uma determinada solução em detrimento de outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores e noções de é certo ou errado. É isso que chamamos de ética: o conjunto de valores, ou padrões, a partir dos quais uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões.
Cada um de nós tem um sistema de valores interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse sistema, mas eles estão lá, influenciado decisivamente nossas opções.

AS ALTERNATIVAS ÉTICAS

Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio orientador fundamental.
As chamadas éticas humanísticas tomam o ser humano como seu princípio orientador, seguindo o axioma de Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas".
O hedonismo, por exemplo, ensina que o certo é aquilo que é agradável. Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. O individualismo e o materialismo modernos são formas atuais de hedonismo.
Já o utilitarismo tem como princípio orientador o que for útil para o maior número de pessoas. O nazismo, dizimando milhares de judeus em nome do que era útil, demonstrou que na falta de quem decida mais exatamente o sentido de "útil", tal princípio orientador acaba por justificar os interesses de poderosos inescrupulosos e o egoísmo dos indivíduos.
O existencialismo, por sua vez, defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou espirituais absolutos.
Seu principio orientador garante que o certo é ter uma experiência, é agir — o errado é vegetar, ficar inerte. O existencialismo é o sistema ético dominante na sociedade moderna, que tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual.
A ética naturalística toma como base o processo e as leis da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e desaparecer na medida em que a natureza evolui. Logo, tudo o que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto é certo. Numa sociedade dominada pela teoria evolucionista não foi difícil para esse tipo de ética encontrar lugar. Cresce a aceitação pública do aborto (em caso de fetos deficientes) e da eutanásia (elimina doentes, velhos e inválidos).
Os cristãos entendem que éticas baseadas exclusivamente no homem e na natureza são inadequadas porque:

  • não fornecem base sólida para justificar a misericórdia, o perdão, o amor e a preservação da vida;
  • estão em constante mudança e não têm como oferecer paradigma duradouro e sólido;
  • tanto o homem quanto a natureza, como os temos hoje, estão profundamente afetados pelos efeitos da entrada do pecado no mundo.

A ÉTICA CRISTÃ

A ética cristã, por sua vez, parte de diversos pressupostos associados ao Cristianismo histórico. Tem como fundamento principal a existência de um único Deus, criador dos céus e da Terra. Vê o homem não como fruto de um processo natural evolutivo (o que o eximiria de responsabilidades morais), mas como criação de Deus, ao qual é responsável moralmente.
Entende que o homem pecou, afastando-se de Deus. Como tal, não é moralmente neutro, mas naturalmente inclinado a tomar decisões movidas, acima de tudo, pela cobiça e pelo egoísmo (por natureza, segue uma ética humanística ou naturalística).
Acredita, porém, na possibilidade de mudança de orientação mediante mudança da sua natureza.
A vontade de Deus para a humanidade encontra-se na Bíblia. Ela revela os padrões morais de Deus, como encontramos nos 10 mandamentos e no sermão do Monte. Mais que isso, ela nos revela o que Deus fez para que o homem pudesse vir a obedecê-lo.
A ética cristã, portanto, é o conjunto de valores morais baseados nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo.

CONCLUSÃO

Como membros de uma universidade confessional que professa o cristianismo histórico, é importante que entendamos os valores e as crenças que estão por detrás dos processos decisórios e dos alvos da instituição.

Como membros de uma universidade confessional, devemos sempre guiar nosso labor acadêmico e administrativo pelos valores do Cristianismo.

Universidade Mackenzie

terça-feira, 2 de outubro de 2007

O Pregador rejeitado

Certa igreja precisava de pastor. Um dos diáconos escreveu uma carta como se a tivesse recebido de um candidato e leu-a perante o conselho e a igreja.

“Senhores. Sabendo que o púlpito de sua igreja está vago, gostaria de candidatar-me ao cargo. Tenho muitas qualificações e, penso, irão apreciar. Tenho sido abençoado com poder de pregação e tido bastante sucesso como escrito. Alguns dizem que sou bom administrador.
Algumas pessoas, contudo, têm algumas coisas contra mim. Tenho mais de 50 anos de idade. Nunca fiquei no mesmo lugar mais de três anos. Em alguns casos, tive de deixar a cidade, porque a minha pregação causou tumulto e distúrbios. Tenho de admitir que estive na cadeia 3 ou4 vezes, mas não por más ações. Minha saúde não é muito boa, embora consiga trabalhar para pagar minhas despesas. As igrejas em que tenho pregado são pequenas, embora localizadas em grandes cidades. Não tenho muita comunhão com os líderes religiosos das diversas cidades em que tenho pregado. Para falar a verdade, alguns deles me levaram às barras do tribunal e me atacaram fisicamente de maneira violenta.
Não sou muito bom para manter arquivos de registros. Muitos sabem que já esqueci quem foi que batizei. Todavia, se os senhores me quiserem aceitar, esforçar-me-ei ao máximo, mesmo que seja obrigado a trabalhar para ajudar no meu sustento."

Depois de ler esta carta diante do conselho, o diácono perguntou se os oficiais estavam interessados no candidato. Eles disseram que jamais serviria para igreja. Não queriam um homem enfermo, contencioso, turbulento, presidiário. E ainda mais, a apresentação do candidato seria até um insulto para a igreja. Depois perguntaram qual era o nome dele. Receberam a resposta: Apóstolo Paulo.

(Autor desconhecido)

A Ética Nossa de Cada Dia

por

Rev. Augustus Nicodemus Lopes



Todos nós tomamos diariamente dezenas de decisões, resolvendo aquilo que tem a ver com nossa vida, a vida da empresa e de nossos semelhantes. Ninguém faz isso no vácuo. Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções. Hoje, sabe-se que nem mesmo na área das chamadas ciências exatas é possível fazer pesquisa sem sermos influenciados pelo que cremos. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos é certo ou errado. É isso que chamamos de ética: o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões. Cada um de nós tem um sistema de valores interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse sistema, mas eles estão lá, influenciado decisivamente nossas opções.

Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio orientador fundamental. As chamadas ÉTICAS HUMANÍSTICAS tomam o ser humano como seu princípio orientador, seguindo o axioma de Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas". O hedonismo, por exemplo, ensina que o certo é aquilo que é agradável. Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. O individualismo e o materialismo modernos são formas atuais de hedonismo. Já o utilitarismo tem como princípio orientador o que for útil para o maior número de pessoas. O nazismo, dizimando milhares de judeus em nomes do que é útil, demonstrou que na falta de quem decida mais exatamente o sentido de "útil", tal princípio orientador acaba por justificar os interesses de poderosos inescrupulosos e o egoísmo dos indivíduos. O existencialismo, por sua vez, defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou espirituais absolutos. Seu principio orientador é que o certo é ter uma experiência, é agir — o errado é vegetar, ficar inerte. O existencialismo é o sistema ético dominante em nossa sociedade moderna, que tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual.

A ÉTICA NATURALÍSTICA toma como base o processo e as leis da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e desaparecer à medida em que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto, é certo. Numa sociedade dominada pela teoria evolucionista não foi difícil para esse tipo de ética encontrar lugar. Cresce a aceitação pública do aborto (em caso de fetos deficientes) e da eutanásia (elimina doentes, velhos e inválidos).

Os cristãos entendem que éticas baseadas exclusivamente no homem e na natureza são inadequadas, já que ambos, como os temos hoje, estão profundamente afetados pelos efeitos da entrada do pecado no mundo. A ÉTICA CRISTÃ, por sua vez, parte de diversos pressupostos associados com o Cristianismo histórico. Tem como fundamento principal a existência de um único Deus, criador dos céus e da terra. Vê o homem, não como fruto de um processo evolutivo (o que o eximiria de responsabilidades morais) mas como criação de Deus, ao qual é responsável moralmente. Entende que o homem pecou, afastando-se de Deus; como tal, não é moralmente neutro, mas naturalmente inclinado a tomar decisões movido acima de tudo pela cobiça e pelo egoísmo (por natureza, segue uma ética humanística ou naturalística) . Um outro postulado é o de que Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo para salvar o homem. Mediante fé em Jesus Cristo, o homem decaído é restaurado, renovado e capacitado a viver uma vida de amor a Deus e ao próximo. A vontade de Deus para a humanidade encontra-se na Bíblia. Ela revela os padrões morais de Deus, como encontramos nos 10 mandamentos e no sermão do Monte. Mais que isso, ela nos revela o que Deus fez para que o homem pudesse vir a obedecê-lo.

A ÉTICA CRISTÃ, em resumo, é o conjunto de valores morais total e unicamente baseado nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais o homem poderá chegar a Deus – mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o redimiu. Por ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que são a vontade de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas.


Artigo do Rev. Dr. Augustus Nicodemus Lopes, professor de Bíblia do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, publicado na revista MACKENZIE, edição nº. 3.