Ética e Liderança Cristã: julho 2014

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Você é um líder?


Ou é um Líder de Crachá?

"Se o líder não for uma pessoa motivada, sua equipe estará morta"

Gilclér Regina

Uma das diferenças mais gritantes que existem nas empresas é o líder de fato e o líder de crachá. O primeiro é motivador de pessoas, inspirador... O segundo age na mesmice (como chefe), vira e mexe procura erros, toma decisões em detalhes equivocados, simplesmente para fazer valer sua “autoridade”, um autêntico inseguro.
Neste caso, para este tipo de “chefinho” o relatório é muito mais importante que o resultado.
Uma pergunta que sempre tenho que responder é a seguinte: De onde surge a motivação do ser humano? Desde que o mundo é mundo, a motivação existe e sempre estará relacionada à escolha de caminhos e atitudes na tomada de decisão.
O ser humano usou seu cérebro inicialmente para sua sobrevivência, sempre vivendo em grupos, vamos chamar aqui de família. Essa motivação persiste até os dias atuais. E hoje, o que mais importa para se obter toda essa vivência de resultados chama-se relacionamento.
A arte de liderar é igual a arte da política: Sempre em dois caminhos como tudo na vida. Ou você escolhe a arte de “fazer amigos” mesmo sabendo dizer “NÃO” quando é preciso, ou então será um míope corporativo, um fazedor de inimigos e um construtor de resultados medíocres.
O Rei Salomão disse: “O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos”. Sempre teremos dois caminhos, vivemos mesmo num mundo de escolhas.

O líder deve saber trabalhar com duas situações:
• Primeiro que ele estará diante de pessoas e estas são na sua essência muito diferentes, com reações e perfis diferentes.
• Segundo, reconhecer o que a maioria das lideranças no mundo reconhece, isto é, entender que o grande desafio para se atingir metas e objetivos passa por uma equipe motivada.

O que fazer? Saber aceitar as diferenças individuais e ao mesmo tempo trabalhar o potencial de cada um. Não se pode construir uma empresa 100% em excelência e resultados com uma equipe 50% em comprometimento com metas, qualidade ou mesmo na aceitação de desafios. Afinal, não existe meia-meta!
Mas também não se constrói metas com líderes de crachás (figurinha carimbada de alguns chefes) que trabalham o terrorismo no dia-a-dia, e sua ênfase é “somente respeitar as normas” e cobrar relatórios. Neste caso, adeus resultados!

Pense nisso, um forte abraço e esteja com Deus!

domingo, 13 de julho de 2014

Escutatória

Em 1707, o almirante britânico Clowdisley Shovell voltava triunfante para casa após vencer uma importante batalha com os franceses no Mediterrâneo, quando seus navios tiveram que enfrentar um forte e denso nevoeiro por vários dias. Ao questionar os marujos sobre a localização correta dos navios, foi tranquilizado com a notícia de que estavam numa rota segura, porém, um deles expressou uma opinião completamente diferente que, de acordo com seus cálculos, eles estavam numa rota que poderia ser fatal, já que seguiam em direção a um arquipélago de 150 minúsculas ilhas a sudoeste da Inglaterra.
Inconformado com a ousadia do marujo, além de ignorar suas recomendações, o almirante ordenou seu enforcamento. Pouco tempo depois, quatro navios se espatifaram nas ilhas citadas pelo marujo, matando cerca de dois mil homens.

Por que será que encontramos tantos cursos de oratória, e nenhum de “escutatória”?
Eu acredito que seja pelo fato de que o ato de falar dá muito mais “status” do que escutar. Um bom orador consegue a atenção e admiração de muitas pessoas em poucos minutos, enquanto um bom “escutador” pode levar horas ouvindo uma única pessoa, sem muito glamour. Contudo, alguém já disse que ouvir é tão importante, que foi esta a razão de Deus nos haver criado com dois ouvidos e não duas bocas, por isso, em liderança, não há como obter os melhores resultados sem escutar verdadeiramente as pessoas a sua volta.
E a escuta verdadeira é a escutar empática, que vai muito além de ouvir com os ouvidos, porque o leva a colocar-se no lugar da outra pessoa, compreender sua realidade e tentar entender o que ela sente; algo imprescindível para uma o bom líder, já que uma das principais características da liderança é a empatia.
No início, pode parecer complicado, mas, como a maioria das competências de liderança, a escuta empática depende apenas do genuíno interesse do líder pelas pessoas, de um pouco de boa vontade e de certa dose de disciplina. Por isso, compartilho com vocês algumas iniciativas de meus clientes de coaching, que deram certo e os ajudaram a desenvolver a escuta empática:

Quando se reunir com alguém para conversar, procure fazê-lo em ambientes em que você não se distraia ou se disperse. Se você sabe que tem dificuldade para se concentrar em ambientes abertos, busque um lugar mais apropriado para a conversa. Seja qual for o local onde estiver conversando, desligue-se de tudo. Se estiver em sua sala, feche a porta, desligue a tela do computador ou desative o alarme de “novos e-mails”, se possível tire o telefone do gancho ou desvie as ligações, desligue o celular, vire-se em direção à pessoa, olhe para ela e escute-a com atenção. Pare o que estiver fazendo e escute. Se isso não for possível no momento, ou se você não tiver tempo suficiente para conversar sobre o assunto em questão, marque outro horário, mas faça do jeito certo.

Concentre-se no que a outra pessoa estiver dizendo.
A maior parte dos indivíduos fala numa velocidade entre 175 a 200 palavras por minuto. Entretanto, pesquisas mostram que somos capazes de processar palavras numa velocidade de 600 a 1.000 palavras por minuto. Como o papel do líder é muito dinâmico e complexo e, considerando que o cérebro não utiliza toda a sua capacidade ao ouvir, sua mente talvez devaneie pensando em perguntas e explicações que ainda estão por vir, em vez de ouvir a mensagem presente. Essa energia mental não utilizada pode ser uma barreira para ouvir efetivamente, fazendo com que o líder perca ou mal interprete o que os outros estão falando. É importante, portanto, que o líder se concentre naquilo que os outros estiverem dizendo, de forma que uma comunicação efetiva possa se estabelecer.

Evite conclusões prematuras.
Considerando que o ouvinte pode escutar em uma velocidade maior que aquela com que a maior parte dos locutores fala, existe uma tendência a concluir rápido demais. Essa tendência talvez seja o maior obstáculo para ouvir efetivamente. É especialmente importante evitar conclusões prematuras, quando se ouve uma pessoa com a qual você não concorda. Quando os ouvintes começam a discordar da mensagem enviada, eles tendem a interpretar mal o restante da informação e a distorcer o significado originalmente pretendido, de forma que se torne consistente com as suas próprias crenças.

Evite ficar na defensiva.
Escutar empaticamente não significa que você sempre vai concordar com o ponto de vista do outro, mas significa que você vai tentar ouvir o que a outra pessoa está dizendo, sem ficar exageradamente na defensiva. Se você gasta muito tempo explicando, elaborando e defendendo sua decisão ou posição, é um claro sinal de que você não está ouvindo. Depois de ouvir uma posição ou uma sugestão que você não concorda, simplesmente responda com algo do tipo: “Entendo o seu ponto. Apenas discordamos nessa questão.” Ouvintes efetivos podem ouvir calmamente outra pessoa, mesmo quando essa outra pessoa estiver discorrendo críticas injustas.

Ouça mais e fale menos.
Demonstre interesse pelo que a pessoa está dizendo e procure entendê-la. Muitas vezes, o simples fato de estar prestando a atenção nela o ajudará a perceber sinais e expressões que falam mais que as palavras, ainda que ela não revele o que a está incomodando diretamente. A forma como a pessoa se posiciona, o tom de sua voz e a inflexão que utiliza, bem como o que ela está fazendo com as suas mãos, tudo isso faz parte da mensagem que está sendo enviada. Uma pessoa que altera sua voz está, provavelmente, ou zangada ou frustrada. Uma pessoa, olhando para baixo enquanto fala, está, provavelmente, ou inibida ou envergonhada. Interrupções podem sugerir medo ou falta de confiança. Pessoas que fazem contato visual e se inclinam à frente estão, em princípio, exibindo confiança.

Parafraseie.
Parafrasear significa colocar em suas próprias palavras aquilo que você considera que ouviu e dizê-lo de volta a outra pessoa. Parafrasear é uma excelente técnica para melhorar suas habilidades de ouvir e resolver problemas. Primeiro, porque você tem de ouvir com muito cuidado; segundo, porque pode ajudar a manter um nível adequado de calma e serenidade na conversa, porque, mesmo que a outra pessoa esteja usando um tom um pouco mais agressivo, ao parafrasear, você pode conduzir a conversa para um tom mais tranquilo; e terceiro, porque uma resposta parafraseada ajuda a esclarecer ao locutor se sua mensagem foi corretamente recebida, e o encoraja a expandir aquilo que está tentando comunicar.

Faça Perguntas.
Bons ouvintes se asseguram de que escutaram corretamente a mensagem que está sendo enviada. Faça perguntas para esclarecer pontos ou para obter informação adicional. Questões abertas são as melhores. Isso vai assegurar a outra pessoa que você está interessado em obter mais e melhores dados. E, quanto mais informações você tiver, melhor será sua interação na comunicação.

Demonstre compreensão e respeito.
Faça desse momento uma oportunidade para reforçar sua aliança com a pessoa, e para evidenciar que você é um líder que valoriza e prioriza o ser humano.
Momentos de silêncio também fazem parte da conversa. Não tenha pressa em falar, responder ou expressar sua opinião. Se não souber o que dizer, simplesmente não diga, ou apenas diga: “não sei o que dizer”.
Faça desse momento uma oportunidade de aprendizado. Escute as pessoas e se interesse por suas sugestões.

Lembre-se: o corpo fala e as mensagens não verbais são mais poderosas do que as verbais, portanto, evite bocejar, olhar para os lados, menear a cabeça negativamente, ficar olhando no relógio ou se voltar para qualquer outra manifestação que possa denotar pouco interesse pelo que está sendo dito.
Quando escutamos verdadeiramente as pessoas, demonstramos interesse genuíno por elas, derrubamos as barreiras da comunicação e desobstruímos os caminhos da sinergia e da criatividade, já que elas se sentem respeitadas pelo fato de suas sugestões estarem sendo consideradas pelo líder e pela organização e, naturalmente, estarão motivadas a trabalhar por algo que também é fruto da opinião delas. O Líder só consegue dar daquilo que tem, e apenas colherá aquilo que plantou. Portanto, se quer ser ouvido pelas pessoas, tente primeiro ouvi-las.
Líderes que sabem escutar as pessoas, conseguem entendê-las antes de liderá-las, aprendem com elas, evitam que problemas simples ou mesmo complexos se avolumem, estabelecem uma relação de confiança com seus liderados, fortalecem a organização por meio do respeito e da participação e, naturalmente, se tornam mais eficazes em sua liderança.

Blog da Liderança

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Líderes Servos


Jorge Noda

“Sabeis que os governantes dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo; tal como o Filho do Homem que não veio para ser servido,mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20: 2:28).
Nesta passagem, Jesus faz um contraste revolucionário sobre o conceito de liderança. Enquanto os líderes seculares governam pelo domínio e são servidos pelos seus liderados, no reino de Deus a liderança é exercida pelo serviço.
Em Jesus temos o modelo da verdadeira liderança espiritual. Ele, mais do que nenhum outro, tinha condições de exercer a sua liderança pela dominação e controle de outras pessoas. Ele era o próprio Messsias, descendente de Davi segundo a promessa e Filho Unigênito de Deus. Sua autoridade para operar milagres e sua absoluta autoridade sobre os anjos daria a ele todas as condições para ser um líder segundo os padrões da sua época.
Surpreendentemente,entretanto, Ele quebrou esse paradigma vivendo uma vida de humilde serviço aos outros. O ápice de sua vida de servo foi a sua própria vida entregue voluntariamente na cruz em nosso lugar.
Jesus deixou para nós esse padrão de liderança. Reconhecendo que a liderança segundo o mundo é caracterizada pelo domínio e autoritarismo, ele, contudo, afirmou categoricamente: “Não é assim entre vós”. Todos nós que pertencemos à igreja fundada pelo Senhor Jesus fomos chamados a desenvolver uma liderança caracterizada pelo serviço.
O líder, mais do que ninguém, é um servo. Todos os dons e talentos do líder cristão são dedicados à nobre vocação de equipar os santos para o desempenho do seu serviço e, assim, fazer conhecida a glória de Deus.