Ética e Liderança Cristã: outubro 2014

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Dicas auxiliares para se fazer uma boa apresentação em PowerPoint

Fazer uma boa apresentação no Microsoft PowerPoint pode não ser uma tarefa trivial, pois para projetar e preparar uma apresentação que seja eficaz, se requer algum esforço e prática para aqueles que não costumam criar apresentações, e até para um apresentador mais experiente, que necessite fazer uma apresentação mais destacada.
Aqui vamos dar algumas dicas para conseguir fazer uma boa apresentação em PowerPoint.

Primeiro de tudo, a apresentação deve contar uma história, transmitir uma mensagem e ter um objetivo.
Se for uma apresentação sobre vendas, então devemos demonstrar aos interessados "vendendo" alguma coisa, um serviço, um produto ou uma ideia.
Se for uma apresentação de negócios para demonstrar o equilíbrio e desempenho dos gerentes de negócios da empresa, devemos tentar transmitir como foi o desempenho do último período.
Se se trata de uma apresentação de tese final na Universidade, então, provavelmente, temos que traduzir para uma mesa acadêmica, conceitos aprendidos, o resultado da pesquisa e a defesa da tese.

Então vamos conversar.
Para criar uma boa apresentação em PowerPoint é preciso criar um segmento.
Por isso é ideal ficar claro qual a duração total que você tem para a apresentação e diagramar a mesma com base no tempo disponível.
Se for uma apresentação de 20 minutos, se for de 1 hora, deve-se levar em conta o período de tempo para uma introdução e conclusão. e muitas vezes é preciso deixar um tempo para perguntas.

O design desempenha um papel importante, mas não é tudo.
Mais importante é o conteúdo da apresentação. Preste atenção para não usar modelos padrão que podem tornar a apresentação muito chata.
Para resolver isto, existem sites que oferecem modelos originais com com design atraente para um tema específico e que podem ser baixados gratuitamente.

Use diagramas, auxílios visuais, imagens
Eles podem ajudar a compreender a mensagem que queremos transmitir.
Por exemplo, em vez de apresentar tabelas com dados em um slide, podemos usar gráficos atraentes ou quadros que resumem as informações e tornam mais fácil a compreensão à primeira vista.
Um gráfico tipo "torta" ajuda a compreender como os conceitos foram alocados.
Isto é ideal, por exemplo, para exibir as vendas por categoria em uma empresa, bem como outros dados por item.
Você pode baixar gráficos e diagramas para apresentações em PowerPoint gratuitamente como este excelente diagrama de funil abaixo:



Pesquisando, você pode encontrar gráficos diferente e atraentes, como gráficos de pizza, gráficos 2D e 3D para uso em suas apresentações. Por exemplo, este atraente torta é ideal para mostrar uma linha do tempo. Veja como é graficamente atraente.


Finalmente, os slides do final da apresentação devem ser cuidadosamente projetados para completar com sucesso a apresentação, levantar questões se necessário ou para exibir informações de contato, bem como do apresentador.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Voz transmite liderança e até inteligência, diz estudo

Mulher gritando no megafone

Segundo pesquisa, 90% dos executivos sentem que a voz influencia a forma como enxergam outro profissional.

Dependendo das características da sua voz, você pode ser percebido no seu ambiente de trabalho como mais ou menos sociável, inteligente, competente ou até pronto para ser chefe.

A conclusão é de uma nova pesquisa lançada pelo CPDEC (Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada), que ouviu 400 executivos de empresas brasileiras de grande porte.

O estudo mostrou que 90% dos profissionais reconhecem a influência positiva ou negativa da voz para a imagem que fazemos uns dos outros no ambiente corporativo.

Segundo Rosângela Curvo Leite, coordenadora da pesquisa, a voz é uma das principais ferramentas de comunicação, tanto na esfera profissional quanto na pessoal.

“Ela reflete o estado de espírito, o humor, as emoções e outros aspectos psicológicos”, afirma a fonoaudióloga.

Ingrediente importante na composição da sua imagem pessoal, o som da fala de um indivíduo pode influenciar os rumos da sua carreira, segundo os executivos ouvidos pelo CPDEC.

Para eles, as principais funções desse elemento são incrementar o marketing pessoal (82,6%), prender a atenção do interlocutor (81,9%), facilitar as relações interpessoais (64,6%), ajudar em uma entrevista de emprego (63,9%) e transmitir competência profissional (52,6%).

Interpretações
A influência desse elemento para a imagem pessoal não é ignorado pelos executivos ouvidos na pesquisa: para 58,7% dos entrevistados, as características vocais de um profissional refletem sua personalidade.
Outros traços pessoais que os entrevistados pelo estudo também costumam inferir pela voz são passividade (79,9%), liderança (77,5%), sociabilidade (57,9%), competência profissional (52,6%) e até inteligência (20,5%).
Rosângela explica que as impressões que cada tipo de voz pode causar são inteiramente subjetivas, ligadas a referências individuais que colecionamos ao longo da vida. “Vozes vibrantes, por exemplo, são comumente associadas à capacidade de persuasão do indivíduo; as graves são relacionadas ao autoritarismo; as agudas, à fragilidade”, ilustra Rosângela.
Estados de ânimo também não passam despercebidos pelos ouvidos: a voz entrega se estamos nervosos (97,8%), cansados (92,6%) ou bem-humorados (92,6%).
Ouvidos irritados
É comum, porém, que algumas características vocais do outro - como timbre, modulação ou intensidade - não agradem. A voz que mais causa incômodo é a estridente, citada por mais de 74% dos entrevistados. Veja a tabela a seguir com os tipos que causam mais irritação:
Tipo de voz% que o considera muito incômodo
Estridente74,40%
Aguda (fina)45,70%
Forte36,70%
Instável34,50%
Hipernasal32,70%
Fraca31,10%
Rouca14,30%
Grave (grossa)6,10%
O estudo ainda revelou que a maioria dos executivos entrevistados, ou 66,5% deles, não está totalmente  satisfeita com a sua voz. Para 54,7%, suas características vocais chegam a atrapalhar o entendimento de sua fala.
Existe saída? Segundo a fonoaudióloga que coordenou a pesquisa, algumas características vocais são  determinadas pela genética e não podem ser mudadas de forma permanente. Mesmo assim, algumas providências podem ser tomadas para garantir uma melhor produção vocal.
“Existem técnicas que trabalham respiração, postura e intensidade, por exemplo, que podem contribuir para diminuir a aspereza, a rouquidão e o tremor da voz”, afirma ela. Um hábito simples que também ajuda, segundo Rosângela, é beber água várias vezes ao dia para garantir a hidratação das pregas vocais.
Exame

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Homem que é homem

Entrevista com o Pastor Marcelo Gomes

Os desafios que enfrentamos não são apenas tecnológicos, econômicos e ambientais. Um dos maiores desafios para os homens e mulheres é sobre o ser homem e o ser mulher.
Há 8 anos Pr. Marcelo Gomes começou uma reunião com homens. No início eram 7, hoje reúne 500 homens todas as semanas. Afinal, o que é ser homem no século 21?

O Instituto Jetro entrevistou o Pr. Marcelo Gomes que é Graduado em Teologia pelo Seminário Teológico Rev. Antonio de Godoy Sobrinho, em Londrina-PR, pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Maringá - PR e administra o site Espaço Palavra, com artigos, sermões, estudos bíblicos e reflexões. É escritor, autor dos livros "Aprenda a Lidar com a Ansiedade", "Deus em Pessoa", "Fé para Transformar a Vida" e "Sabedoria para Viver e Ser Feliz", dentre outros.
É o idealizador e o apresentador dos programas "Insight da Pan" (Jovem Pan Maringá/Mercosul) e "Linha Reta" (Rede TV Maringá/Londrina), bem como palestrante motivacional e conferencista.

Em sua opinião, quais são os grandes desafios e a maior responsabilidade do homem neste século?
O mundo de hoje tem características muito peculiares que precisam ser discernidas e enfrentadas com coragem e sabedoria. Primeiro, tornou-se mais tecnológico e dinâmico, o que faz com que o tempo pareça insuficiente e as capacidades ou recursos pareçam sempre aquém do que seria necessário. Também tornou-se mais competitivo e trouxe à luz uma nova mulher, mais ambiciosa, independente e crítica. Enfim, mas longe de esgotar o assunto, tornou-se mais individualista. As redes de interesse, sejam profissionais ou de entretenimento, substituíram a verdadeira amizade. O individualismo tem gerado isolamento e solidão, mesmo que o homem esteja sempre cercado de muita gente. Por estas e outras razões, creio que a maior responsabilidade do homem nos nossos dias é ser ele homem, humano, sem ceder à tentação de ser apenas profissional, pai, marido, provedor ou o que quer que se espere dele. Só assim perceberá sua necessidade de depender de Deus e o quanto é amado por Deus.

É necessário refletir sobre a masculinidade e feminilidade. Como os homens podem ser "homens" depois do fim da sociedade patriarcal? De que "homem" estamos falando e de qual homem a sociedade precisa?
Homens serão sempre homens e mulheres serão sempre mulheres. Há, em minha opinião, uma determinação biológica que interage de modo maravilhoso com os demais aspectos da vida humana, sejam eles racionais, emocionais ou volitivos. Mulheres foram criadas, por exemplo, para gerar a vida em si mesmas, enquanto o homem foi criado para gerar fora de si mesmo. Isso influencia a constituição da personalidade. Homens sempre terão disposição maior para o desempenho e mulheres, para o controle. Homens sempre serão mais fascinados por conquistas, enquanto as mulheres, pela construção de ambientes seguros. Elas são ambientes. Ambientes são extensões delas mesmas. Eles correm o risco de vender a alma com maior facilidade. Por isso, ser homem é desempenhar-se com amor. Conquistar sem destruir. Avançar sem abandonar. Nossas mulheres e nossos filhos precisam de homens maduros, aptos, confiantes e, sobretudo, confiáveis. Como Jesus, que foi adiante até cumprir a missão (está consumado!) sem deixar para trás aqueles que amou (não perdi nenhum dos que me deste!).

O pastor e psicólogo Jim Conway, em seu livro Men in Midlife Crises, diz que "a crise da meia idade é quase publicamente ignorada na igreja, embora muitos de seus membros irão passar pelo problema". Poderia falar sobre esta crise da meia idade nos homens?
Não acredito que haja uma crise da meia idade, mas que há crises próprias da meia idade. Não é uma crise por chegar à meia idade, mas por chegar de determinado modo à meia idade. Por exemplo: homens que foram muito cobrados desde a infância (e o mundo cobra os homens de um modo muito específico) e chegaram à meia idade sem as conquistas que lhes foram impostas, tendem a viver um tipo de crise que consiste de um certo sentimento de fracasso. Dentre eles, alguns culparão a si mesmos e se tornarão apáticos enquanto outros culparão os demais e se tornarão rancorosos. Outra possibilidade: homens que pagaram preços muito elevados desde cedo para alcançar objetivos e, na meia idade, vão tentar proporcionar a si mesmos certas compensações, configurando uma espécie de regressão. Sabe quando um homem de meia idade parece um adolescente, comprando brinquedos de adolescentes e querendo namorar adolescentes? Também há os que não preencheram lacunas afetivas e, na meia idade, sobretudo quando há perdas (os pais, avós e, ocasionalmente, irmãos), ressentem-se de não terem amado ou sido amados como poderiam. Há muitos tipos de crise que a meia idade pode desencadear, mas não é uma questão de idade, mas de verdades que a vida que passa impõe sobre nós.

Richard Foster em seu livro: "Dinheiro, sexo e poder" afirma que esta tríade atinge de maneira profunda e universal os homens. Poderia falar a respeito?
Jesus comparou o dinheiro com uma divindade e isso nunca foi tão forte como em nossos dias. Virou um fim em si mesmo. O presbítero Ednaldo Michellon, da IPI em Maringá, escreveu um livro onde denuncia o moneycentrismo. Se não cuidarmos, seremos servos, súditos do dinheiro, não mordomos do que pertence a Deus. Sobre o sexo, nem precisamos insistir que nossa sociedade ficou mais sensual e expositiva dos corpos. Um detalhe é que os corpos virtuais, idealizados e perfeitos, estão acessíveis para a admiração e a construção de fantasias. Há uma crise das experiência sexuais reais em relação às que são fantasiadas artificialmente. Sobre o poder, quanto mais poderoso um homem quiser ser, tanto menos conhecerá o poder de Deus e a benção da exaltação que nasce da humildade. A Bíblia realmente ordena que fujamos dos perigos que essa tríade representa.

Quais as características do homem de Deus?
O homem de Deus tem, acima de tudo, consciência de pertencer a Deus. Sabe que depende dele. Um homem de Deus nunca se considera provedor (pois sabe que a verdadeira provisão vem de Deus), imprescindível (pois sabe que todos, inclusive sua família, precisam mais de Deus que dele, e vai ajudá-los nesse caminho) ou dono da situação (pois sabe que só Deus é soberano e que Dele vem a resposta certa para os planos do coração). Outra coisa sobre o homem de Deus é que não será vitimista, um mal dos homens de hoje. O vitimismo é fruto da combinação explosiva de nosso desejo de reconhecimento, com senso de justiça própria, rancores e autocobranças exageradas. Ninguém me entende, ninguém me ajuda, ninguém sabe o que estou passando... São frases de gente vitimista. Homens vitimistas são infantis, acusadores, fechados em si mesmos e agridem a identidade de suas mulheres e filhos. Somente em Cristo podem ser curados dessa enfermidade de alma.

Um exemplo clássico de como a influência do homem é, sem dúvida, expressiva no meio familiar é evidenciado em estudos que concluíram que quando uma criança assume um compromisso com a igreja, 2% da família se envolve juntamente com ela. Quando uma mulher ou uma mãe assume um compromisso com a igreja, 17% da família se envolve juntamente com ela. Já quando um homem ou um pai de família assume um compromisso com a igreja, esse número aumenta para 93%. Você concorda? Qual a sua sugestão para a Igreja de hoje alcançar e treinar homens para a liderança?
Concordo. Há 8 anos reúno, semanalmente, um grupo de homens que chegou a 500 participantes. Iniciamos em 7, numa padaria. Hoje nossos encontros acontecem num Buffett, na cidade de Maringá. Durante esse período, vi na prática essa afirmação: homens que se interessaram pelo evangelho nesses encontros foram para a igreja com suas famílias e amigos. Acredito que a razão pode ser a seguinte: quando uma mulher parte em busca de Deus, o homem a observa com desconfiança, isso quando não lhe impõe limites ou reservas. Raramente está disposto a acompanhá-la. Acha que suas características femininas (e é um enorme preconceito de sua parte, diga-se) a impedem de perceber os equívocos e perigos de suas escolhas. Contudo, quando é o homem que decide buscar a Deus, sua mulher e filhos prontamente decidem apoiá-lo (na maioria dos casos), pois consideram que essa decisão pode ser uma solução e um benefício para as relações familiares, normalmente prejudicadas por ações desse homem que vinha sem Deus e sem valores claros para conduzir seu lar. Parece-me que isso ajuda a entender o fenômeno...

Demais considerações que achar oportunas.
Acho muito importante que as comunidades cristãs invistam em trabalhos específicos para homens, o que não é fácil em hipótese alguma... Não por causa do desejo de crescimento da igreja, mas porque a saúde da sociedade passa pela saúde dos homens, assim como das mulheres. E a Bíblia sagrada está recheada de histórias e exemplos de homens de Deus, cujas biografias têm o poder de lançar luz, ainda hoje, sobre as nossas. E temos Jesus de Nazaré, referência maior para homens e mulheres de todos os tempos, em cujo Nome somos salvos, que pode ajudar, pelo Espírito que nos deu, a sermos homens de verdade.

Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site http://www.institutojetro.com/ e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

As bases bíblicas da ética cristã


Alderi Souza de Matos (*)

A palavra “ética” vem do grego ethos e se refere aos costumes ou práticas que são aprovados por uma cultura. A ética é a ciência da moral ou dos valores e tem a ver com as normas sob as quais o indivíduo e a sociedade vivem. Essas normas podem variar grandemente de uma cultura para outra e dependem da fonte de autoridade que lhes serve de fundamento.
A ética cristã tem elementos distintivos em relação a outros sistemas. O teólogo Emil Brunner declarou que a ética cristã é a ciência da conduta humana que se determina pela conduta divina. Os fundamentos da ética cristã encontram-se nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, entendidas como a revelação especial de Deus aos seres humanos.
A ética é importante para a vida diária do cristão. A cada momento precisamos tomar decisões que afetam a outros e a nós mesmos. A ética cristã ajuda as pessoas a encarar seus valores e deveres de uma perspectiva correta, a perspectiva de Deus. Ela mostra ao ser humano o quanto está distante dos alvos de Deus para a sua vida, mas o ajuda a progredir em direção esse ideal.
Se fosse possível declarar em uma só sentença a totalidade do dever social e moral do ser humano, poderíamos fazê-lo com as palavras de Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... e amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mt 22, 37 e 39)

1. A ÉTICA DO ANTIGO TESTAMENTO

1.1 O caráter ético de Deus
A religião dos judeus tem sido descrita como “monoteísmo ético”. O Velho Testamento fala da existência de um único DEUS, o criador e Senhor de todas as coisas. Esse Deus é pessoal e tem um caráter positivo, não negativo ou neutro. Esse caráter se revela em seus atributos morais. Deus é Santo (Lv 11, 45; Sl 99, 9), justo (Sl 11, 7; 145, 17), verdadeiro (Sl 119, 160; Is 45, 19), misericordioso (Sl 103, 8; Is 55, 7), fiel (Dt 7, 9; Sl 33, 4).

1.2 A natureza moral do homem
A Escritura afirma que Deus criou o ser humano à sua semelhança (Gn 1, 26-27). Isso significa que o homem partilha, ainda que de modo limitado, do caráter moral de seu Criador. Embora o pecado haja distorcido essa imagem divina no ser humano, não a destruiu totalmente. Deus requer uma conduta ética das suas criaturas: “Sede santos porque eu sou santo” (Lv 19, 2; 20, 26).

1.3 A Lei de Deus
A lei expressa o desejo que Deus tem de que as suas criaturas vivam vidas de integridade. Há três tipos de leis no Antigo Testamento: cerimoniais, civis e morais. Todas visavam disciplinar o relacionamento das pessoas com Deus e com o seu próximo. A lei inculca valores como a solidariedade, o altruísmo, a humildade, a veracidade, sempre visando o bem-estar do indivíduo, da família e da coletividade.

1.4 Os Dez Mandamentos
A grande síntese da moralidade bíblica está expressa nos Dez Mandamentos (Ex 20, 1-17; Dt 5, 6-21). As chamadas “duas tábuas da lei” mostram os deveres das pessoas para com Deus e para com o seu próximo. O Reformador João Calvino falava nos três usos da Lei: judicial, civil e santificador. Todas as confissões de fé reformadas dão grande destaque à exposição dos Dez Mandamentos.

1.5 A contribuição dos profetas
Alguns dos preceitos éticos mais nobres do Antigo Testamento são encontrados nos livros dos Profetas, especialmente Isaías, Oséias, Amós e Miquéias. Sua ênfase está não só na ética individual, mas social. Eles mostram a incoerência de cultuar a Deus e oferecer-lhe sacrifícios, sem todavia ter um relacionamento de integridade com o semelhante. Ver Isaías 1, 10-17; 5, 7 e 20; 10 1-2; 33, 15; Oséias 4, 1-2; 6, 6; 10, 12; Amós 5, 12-15, 21-24; Miquéias 6, 6-8.

2. A ÉTICA DO NOVO TESTAMENTO

1. A ética do Novo Testamento não contrasta com a do Antigo, mas nele se fundamenta. Jesus e os Apóstolos desenvolvem e aprofundam princípios e temas que já estavam presentes nas Escrituras Hebraicas, dando também algumas ênfases novas.
2. A ética de Jesus: a ética de Jesus está contida nos seus ensinos e é ilustrada pela sua vida. O tema central da mensagem de Jesus é o conceito do “reino de Deus”. Esse reino expressa uma nova realidade em que a vontade de Deus é reconhecida e aceita em todas as áreas. Jesus não apenas ensinou os valores do reino, mas os exemplificou com a vida e o seu exemplo.
3. O Sermão da Montanha: uma das melhores sínteses da ética de Jesus está contida no Sermão da Montanha (Mateus Caps. 5 a 7). Os seus discípulos (os Filhos do Reino) devem caracterizar-se pela humildade, mansidão, misericórdia, integridade, busca da justiça e da paz, pelo perdão, pela veracidade, pela generosidade e acima de tudo pelo amor. A moralidade deve ser tanto externa como interna (sentimentos, intenções): Mt 5, 28. A fonte do mal está no coração: Mc 7, 21-23.
4. A vontade de Deus: Jesus acentua que a vontade ou o propósito de Deus é o valor supremo. Vemos isso, por exemplo, em Mt 19, 3-6. O maior pecado do ser humano é o amor próprio, o egocentrismo (Lc 12, 13-21; 17, 33). Daí a ênfase nos dois grandes mandamentos que sintetizam toda a lei: Mt 22, 37-40. Outro princípio importante é a famosa “regra de ouro”: Mt 7, 12.
5. A ética de Paulo: Paulo baseia toda a sua ética na realidade da redenção em Cristo. Sua expressão característica é “em Cristo” (II Co 5, 17; Gl 2, 20; 3, 28; Fp 4, 1). Somente por estar em Cristo e viver em Cristo, profundamente unido a Ele pela fé, o cristão pode agora viver uma nova vida, dinamizado pelo Espírito de Cristo. Todavia, o cristão não alcançou ainda a plenitude, que virá com a consumação de todas as coisas. Ele vive entre dois tempos: o “já” e o “ainda não”.
6. Tipicamente em suas cartas, depois de expor a obra redentora de Deus por meio de Cristo, Paulo apresenta uma série de implicações dessa redenção para a vida diária do crente em todos os aspectos (Rm 12, 1-2; Ef 4, 1)
7. Entre os motivos que devem impulsionar as pessoas em sua conduta está a imitação de Cristo (Rm 15, 5; Gl 2, 20; Ef 5, 1-2; Fp 2, 5). Outro motivo fundamental é o amor (Rm 12, 9-10; I Co 13, 1-13; 16, 14; Gl 5, 6). O viver ético é sempre o fruto do Espírito (Gl 5, 22-23).
8. Na sua argumentação ética, Paulo dá ênfase ao bem-estar da comunidade, o corpo de Cristo (Rm 12, 5; I Co 10, 17; 12, 13 e 27; Ef 4, 25; Gl 3, 28). Ao mesmo tempo, ele valoriza o indivíduo, o irmão por quem Cristo morreu (Rm 14, 15; I Co 8, 11; I Ts 4, 6; Fm 16)
9. Acima de tudo, o crente deve viver para Deus, de modo digno dele, para o seu inteiro agrado: Rm 14, 8; II Co 5, 15; Fp 1, 27; Cl 1, 10; I Ts 2, 12; Tt 2, 12.

(*) Alderi de Souza Matos

Professor de História da Igreja, Coordenador da área de Teologia Histórica.Graduou-se em teologia pelo Seminário Presbiteriano de Campinas (1974), sendo também bacharel em Filosofia pela Universidade Católica do Paraná (1979) e em Direito pela Escola de Direito de Curitiba (1983). Após vários anos de ministério no Paraná, fez seu mestrado em Novo Testamento (S.T.M.) na Andover Newton Theological School , em Newton Centre, Massashusetts, EUA (1988) e seu doutorado em História da Igreja na Boston University School of Theology (1996). 
      Em 1997, o Dr. Alderi veio trabalhar no CPAJ, onde também atua como co-editor da revista teológica Fides Reformata. É historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil, pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana Ebénezer de São Paulo e articulista conhecido em diversos periódicos acadêmicos e populares. Acaba de publicar seu primeiro livro, "Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil (1859-1900): Missionários, Pastores e Leigos do Século 19", tendo também dois novos títulos em preparação.


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