Ética e Liderança Cristã: 2007

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

SEMINÁRIO INTERNACIONAL DISCUTE LIDERANÇA NO IBMEC SÃO PAULO

* Ana Paula Ruiz

No último dia 16, os executivos que estavam em São Paulo (SP) puderam participar de um Seminário Internacional sobre Liderança, com a presença da especialista em Ética Empresarial, Joanne Ciulla, da Universidade de Richmond. O evento, que acontece há sete anos na capital paulista, foi realizado no Ibmec São Paulo, sob o tema "O desafio de uma liderança ética e efetiva", também assunto da palestra da convidada. O evento tem como objetivo promover o debate entre as questões que envolvem a liderança efetiva e a liderança ética. O painel propôs questões como "O que é uma boa liderança?" e "É possível ser um líder ético e efetivo?".
Joanne é professora da Jepson School of Leadership Studies da Universidade de Richmond, é pesquisadora nas áreas de Liderança, Ética Empresarial e Filosofia do Trabalho e autora de cinco livros e diversos artigos sobre o assunto.
Na análise de Joanne, o desafio do educador é desenvolver bons líderes, executivos moralmente bons e tecnicamente efetivos. Um dos pontos abordados pela palestrante foi a dificuldade de encontra ambas as qualidades no mesmo colaborador, uma vez que algumas pessoas são éticas, mas não muito efetivas, enquanto outras são efetivas, mas não muito éticas... "Boa liderança envolve ser ético e eficaz; ser capaz de exercer o seu trabalho. Liderança é a moralidade ampliada: coisas boas ou ruins são ampliadas quando são feitas pelo líder. Coisas que a longo prazo trazem prosperidade são inseridas na história. E não adianta fazer a coisa certa, da maneira certa mas por razões erradas – é preciso fazê-las pela razões certas", afirmou Joanne na abertura de sua exposição. Para ela, este é o grande fator complicador e desafiante de liderar com eficácia. A idéia americana de liderança, segundo ela, se baseia no pensamento de Benjamin Franklin, que diz que o líder tem que ter um bom perfil, incluindo tranqüilidade, limpeza e humildade. Seu caráter deve ser ético, assim como suas virtudes. Hoje, o mais importante é a personalidade do profissional.
Quanto ao comportamento da maioria dos líderes, Joanne afirmou que eles costumam até ter um alto padrão moral, mas não se preocupam muito com os outros. "O bom líder é aquele que é a mesma pessoa para todo o mundo. Seguidores éticos fazem um líder ético, e um líder não pode deixar de ser ético nunca! O problema é que muitos líderes acham que estão acima do bem e do mal...", brincou Joanne.
Pesquisas americanas mostram que quando as pessoas se tornam bons líderes, outras pessoas dão a elas espaço para se desviarem das normas. "Basta pensar nos relatórios de viagem de executivos que trabalham numa grande empresa."

O SUCESSO É UM DESAFIO PARA OS SERES HUMANOS

E Joanne voltou à história do Rei Davi para ilustrar isso... Davi, segundo ela, era um líder bem-sucedido. No segmento da história que fala sobre o processo de seleção de liderança de Deus para a luta contra o gigante, a biblía cita que apesar do irmão de Davi ser bem mais forte e encorpado do que ele, Deus escolheu Davi para enfrentar o gigante porque ele tinha um grande coração. "Esta é a parábola da queda de muitos líderes...". Quando Davi entra no castelo do gigante, olha pelo muro e vê uma bela mulher se banhando – imediatamente ele pede aos guardas que tragam a mulher até ele. O romance entre os dois tem início, mas Davi se vê num grande problema quando descobre que o marido de sua amada é um de seus melhores generais. Ele resolve esconder o caso. "E aí vem uma grande lição de liderança, ou melhor, mais uma: Davi não consegue dormir pensando no general e acaba se esquecendo de seus homens na frente de batalha, por isso resolveu esconder de sua amada a idéia de mandar o marido dela para o front e retirar as tropas para que ele morresse. Muitos líderes passam por problemas éticos, como Davi, e resolvem também encobrir o caso – e esta é a pior saída", afirmou Joanne.
Segundo ela, esconder o fato é o maior abuso de poder que a pessoa pode cometer, e isso ocorre com muita freqüência em empresas e ONGs. Hoje em dia, quem tem poder costuma ter acesso privilegiado a algumas coisas, ter uma crença inflacionada de sua capacidade de influenciar as pessoas, ter o controle dos recursos para encobrir seus problemas e, com tudo isso, acabam perdendo o enfoque estratégico do negócio. "Foi o que ocorreu quando Davi prestou atenção na bela mulher, que se banhava do outro lado do muro, e deixou de pensar em seus homens na frente de batalha. Ninguém avisou Davi que ele estava perdendo o foco da guerra". Por isso Joanne ressalta a importância do profissional ter alguém que sirva como uma alerta – pode ser a esposa, o marido ou até mesmo um funcionário.

SER ÉTICO É DIFERENTE DE SER EFICIENTE

Quem não se lembra do atentando de 11 de setembro? Pois bem, diz a história que um advogado que tinha um escritório no World Trade Center conseguiu escapar do acidente e nenhum de seus funcionários ficou ferido. No dia seguinte à tragédia ele arrumou um novo escritório, comprou mesas novas e continuou trabalhando. Mas como seus funcionários estavam no dia seguinte? E o trauma do acidente? É bom manter suas obrigações – por um lado ele foi ético e teve boas intenções, pois continuou prestando atendimento aos seus clientes, mas seu comportamento foi ético? "Você tem que ser ético. Certifique-se disso analisando suas ações no dia-a-dia. A ética é uma fonte extraordinária de poder, e não há excelência e poder nos negócios se não houver confiança. Muitos líderes tem metas fantásticas mas se esquecem de consultar o que sabem. Nosso desafio como líderes é sempre estar de olhos abertos, pois somos seres humanos e temos defeitos, mas não podemos falhar", encerrou Joanne, deixando uma verdadeira lição de casa para a platéia:

"É preciso ter muitas qualidades para ser um bom líder. A educação é fundamental, portanto, estude numa escola de liderança que saiba criar novos líderes; as pessoas precisam adquirir conhecimentos e se relacionar. Ter confiança é fundamental, mas manter a humildade é mais importante ainda; as duas características não são opostas, e os gregos costumam chamar isso de 'reverência', ou seja, saiba que você não é Deus; compreenda suas limitações olhando para a frente. Olhe 'no geral'; veja sempre o quadro como um todo. Pense antes, e pense no contexto geral em que as coisas acontecem. Tenha uma idéia clara do que é o sucesso - esta é a parte mais importante da liderança. Sucesso é mais do que dinheiro; é preciso florescer para ele. E lembre-se: a ética é uma construção social. Ética são bons hábitos. Não deixe as pessoas terem maus hábitos e nunca deixe o código de ética da sua empresa simplesmente pregado na parede ou guardado na gaveta. Coloque-o em prática."

COM A PALAVRA, OS EXECUTIVOS

Após a palestra, os participantes puderam conhecer a opinião sobre o assunto de três grandes executivos de sucesso:

Guilherme Peirão Leal
Fundador e co-presidente do Conselho de Administração da Natura Cosméticos

"Somos uma das empresas mais admiradas em quase todas as pesquisas e acredito muito que a base da ética é perceber todos como seres humanos como espécie. Há 25 anos passei por uma experiência humana e empresarial muito rica: trazer uma empresa de fundo de quintal ao mercado, apenas com base em valores éticos. Em 1969 não tínhamos técnica, nem dinheiro e nem liderança - só tínhamos muita concorrência! Éramos improváveis, mas apostamos na ética, e percebemos a interdependência de tudo e de todos para preservar nossa vida. É esta nossa visão e é desta maneira que queremos nos tornar uma marca de expressão mundial, trabalhando com pessoas que querem melhorar consigo mesmo, com os outros e com o ambiente. Isso mobiliza as pessoas, e não se trata de discurso e nem de código de ética – é uma maneira de agir. Já passamos por vários dilemas éticos, afinal, vivemos num País onde existe corrupção e concorrência desleal. Então, como formar e multiplicar líderes éticos neste contexto? Eles já nascem prontos? Não saberei a resposta exata, mas na Natura apostamos em ter um ambiente favorável à criação destes líderes. Não temos um código de ética escrito, mas nossos valores são muito claros; tão claro que até provocam uma reciclagem natural. Não adiante a liderança ser apenas ética; ela tem que ser eficaz. Não quero um líder que seja bom em cima de pessoas fracas – o desafio é ter pessoas éticas e capacitadas, e é este profissional que quero trabalhando comigo! Ser transparente é fundamental, assim como acreditar na possibilidade da mudança. Ouça os alertas – uma das riquezas da Natura é que somos três presidentes e somos um todo. Seja humilde, pois vale a pena investir na ética, em todos os sentidos."

Luís Norberto Pascoal
Presidente da DPaschoal

"As pessoas costumam achar que celebridades - ou líderes - não podem errar, mas temos que nos lembrar de que eles são seres humanos, e que têm fraquezas; apenas as acobertam. Tentam enganar e destruir tudo o que constróem em termos de liderança. Passei por três dilemas éticos recentemente e tive que fechar empresas e demitir funcionários que iam bem – tudo isso porque um dos nossos concorrentes estava usando um esquema fiscal nada ético. Nessa hora você tem que voltar a sua própria história e ver o que te dá estrutura. Se preserve no que você acredita, pois se você fizer o contrário, uma hora seu 'rabo' vai aparecer... O valor ético é questionado pelos próprios funcionários, e esta é a parte mais difícil de ter um código de ética. Costumo dizer que se aquilo que você pretende fazer pode estar escrito na primeira capa do jornal e numa carta aos seus netos, faça; senão, repense. Qual é o meu papel social como empresa? Qual é o meu papel empresarial? O que eu agrego à sociedade? Como eu falo com as outras pessoas? Costumo seguir meus valores? São questionamentos fundamentais para todo início de processo de liderança ética e eficaz."

José Valério Macucci
Professor do Ibmec São Paulo

"Essa não é uma discussão simples, mas ela precisa estar em nossa vida. Como escola, temos dois pontos a ser discutidos. O primeiro é a busca de um cidadão para exercer seu papel profissional com todos os preceitos aqui colocados, e o segundo é a aproximação da escola com a realidade – e este é um enorme desafio. Liderança e ética são exercícios que devem ser praticados todos os dias. Liderar é orientar - oferecer caminhos, direções -, influenciar – exercer o poder – e criar motivos para que as pessoas atinjam determinado objetivo ou meta, sempre dentro de preceitos éticos e valores. Quais são as características do bom e do mau líder? Pense nisso! Segundo o modelo de liderança exposto pelo professor Peter Kostenbaun, o exercício da liderança envolve ética, visão compartilhada, realidade, coragem e excelência pessoal. Na escola é possível formar excelentes pessoas, tanto cidadãos quanto profissionais."


* Ana Paula Ruiz é jornalista do Grupo Catho.

Liderança e Ética

Cada vez mais na actualidade é vulgar ouvir falar-se, de modo indiferenciado mas relacionado, de Ética, Moral e Deontologia, não só por motivos ligados à vida política dos países, mas também das maiores empresas públicas e privadas, nacionais ou internacionais. A Ética está associada à adjectivação de comportamentos das pessoas, ao defini-los como "éticos", "pouco éticos" ou "sem ética". Enquanto a Moral se refere aos comportamentos concretos das pessoas, a Ética corresponde à reflexão, na forma de juízo de valor, sobre esses comportamentos. Com a evolução das sociedades e das organizações, a Deontologia (ramo da Ética Normativa), apesar de ser muitas vezes ignorada, tem vindo a ganhar importância sobretudo com a criação e desenvolvimento de ordens profissionais, incidindo sobre os fundamentos do dever e as normas morais.
Liderança e Ética são conceitos inseparáveis, porque liderar implica decidir e ética tem a ver como decidir, numa situação particular, sobre o que está certo (ou mais certo) e sobre o que é mais consistente com um sistema de valores organizacional ou pessoal. É a Ética que confere as dimensões de autenticidade, honestidade e integridade que caracterizam a verdadeira Liderança, conferindo-lhe a credibilidade que é a sua base de sustentação. A Liderança não tem de se centrar necessariamente numa posição hierárquica de topo ou num indivíduo que detenha o poder em regime de exclusividade, indo muito além do aspecto formal da posição e do poder e traduzindo-se numa relação moral complexa estabelecida entre pessoas.
A Ética em Liderança está associada à integridade de carácter do Líder. Por isso ele é reconhecido como sendo um Líder e, também por isso, não há verdadeiros Líderes sem Ética. Por outro lado, a Ética em Liderança resulta da qualidade do juízo de valor inerente às decisões de quem lidera. Decidir não é apenas uma questão de sim ou não. É bem mais complexo que isso, na medida em que envolve uma dimensão social, que será tanto maior quanto maior for a dimensão da organização. É essa dimensão social que confere um valor acrescentado ao significado de Ética, no que à Liderança diz respeito, na medida em que uma decisão individual irá ter repercussões positivas (no caso de decisões eticamente correctas) ou negativas (no caso de decisões eticamente pouco correctas ou incorrectas) sobre várias pessoas.
Numa investigação desenvolvida sobre "má liderança", Barbara Gellerman identificou sete diferentes padrões de Liderança, variando entre a liderança ineficaz e a liderança sem ética. Enquanto entre as causas para uma liderança ineficaz podem estar a incompetência, a inflexibilidade ou falta de autocontrolo do líder, a liderança sem ética relaciona-se com os conceitos de certo ou errado, segundo um critério que geralmente é ditado pela moral. Tal como Barbara Gellerman afirmou em "How Bad Leadership Happens", Leader to Leader, Number 35 (Winter 2005), "a liderança sem ética pode ser eficaz, tal como a liderança ineficaz pode ser ética, mas a liderança sem ética não pode sequer fazer a reivindicação mais básica à decência e à boa conduta e, por isso, o processo de liderança descarrila".
Liderar em proveito dos outros é criar as condições para repelir a liderança sem ética, na medida em que normalmente se adopta uma humildade sincera que faz ressaltar os pontos fortes do Líder e daqueles que este serve. Esta atitude, associada a uma clara definição da visão e dos valores partilhados, cria as condições para evitar dilemas éticos e morais. A Liderança Ética combina a ética na tomada de decisões com o comportamento ético e ocorre quer ao nível da organização, quer ao nível individual. O Líder tem a responsabilidade de tomar decisões eticamente correctas e de se comportar de modo eticamente correcto, mantendo-se atento ao modo como a organização entende e pratica o seu código ético.

Mário Santos
Economista, Consultor de Liderança e Formador

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Jesus presente - Wolô

Desejo um FELIZ NATAL para todos, com Jesus Cristo SEMPRE presente!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Britânico escapa do corredor da morte depois de 20 anos

Fonte: BBC Brasil/Notícias Cristãs


Um cidadão britânico que passou 20 anos no corredor da morte em uma prisão de Ohio, Estados Unidos, será libertado até o Natal, segundo seu advogado.
Kenny Richey, de 43 anos, chegou a ficar a uma hora da execução. Ele foi condenado à pena capital em 1987, pela acusação de iniciar um incêndio que matou a menina Cynthia Collins, de dois anos.
Sua condenação foi revogada em agosto por uma corte americana depois de um recurso de apelação, abrindo caminho para um novo julgamento.
Richey, que sempre alegou ser inocente, acabou fazendo um acordo com a promotoria.
Ele mudou sua declaração original de inocente para uma declaração de 'não contestação' da acusação de homicídio culposo - o que não chega a ser uma admissão de culpa, mas é tratada como tal pelas cortes americanas.
Pelos termos do acordo fechado com a promotoria, ele será libertado por ter cumprido a pena prevista para homicídio culposo, de 11 anos.
Defensores dos direitos humanos comemoraram a notícia e o advogado de Kenny, Ken Parsigian, afirmou que foi uma "vitória completa".
"É o melhor presente de Natal que eu ou Kenny poderíamos pedir. Kenny está animado e emocionado. Ele está um pouco nervoso, pois agora tem que encontrar uma forma de voltar ao mundo real", disse ele ao jornal britânico The Times.

Recurso

Promotores alegaram que Kenny provocou um incêndio movido por ciúmes de sua ex-namorada e seu novo companheiro, que viviam no apartamento de baixo. Mas o acusado sempre se recusou a reconhecer os crimes.
Sua posição deve mudar em uma audiência marcada para esta quinta-feira. Seus advogados concordaram que seu cliente admitiria as acusações de homicídio culposo, invasão e risco à vida de uma criança.
De acordo com os advogados, o escocês, que deixou a casa de sua mãe em Edimburgo aos 18 anos para morar com seu pai americano, sairá da prisão em tempo para as festas de fim de ano.
Karen Torley, ex-noiva de Richey que ajudou na campanha pela libertação, afirmou que esperava a libertação.
"Estou feliz por ele e por sua família. Sempre foi uma vergonha que o sistema de Justiça de Ohio tenha considerado Kenny culpado, e chocante que o tenham colocado no corredor da morte e lutado para mantê-lo lá", disse.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Professor universitário cria jogo de vídeo sobre ética

Fonte: Sol/Blog Notícias Cristãs

Um professor da University of Southern California's Annenberg School for Communication desenvolveu um jogo, destinado a crianças entre os 10 e os 12 anos, com o objectivo de ser incluído nas salas de aula.
O professor Doug Thomas criou o jogo «Modern Prometheus» onde os utilizadores vestem o papel do assistente de Frankenstein, que é forçado a assumir escolhas que têm impacto no desenrolar da acção.
Uma das questões que se coloca é quando o assistente tem de ajudar na cura da peste que assola a cidade, mas para isso tem de decidir sobre roubar ou não restos de cadáveres no cemitério, factor essencial para descobrir a cura.
O objectivo será os alunos jogarem o jogo individualmente e depois discutirem as opções tomadas com os colegas e professores.
«Quando os miúdos jogam eles não se limitam a jogar, também falam sobre o jogo entre eles, Há uma grande quantidade de aprendizagem informal que acontece», afirmou Doug Thomas, citado pela Reuters.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Amar chefe 'mala' é possível, diz autor de 'O monge e o executivo'

Fonte: G1
Em visita ao Brasil, James Hunter defende o 'amor' no ambiente de trabalho.
Livro lidera o ranking dos livros de carreira mais vendidos no Brasil.

Os chefes autoritários, ditadores e que atormentam a vida de seus subordinados ainda dominam as empresas do planeta. Há, no entanto, uma boa notícia: eles estão perdendo cada vez mais espaço no mundo corporativo, na avaliação do "guru" norte-americano James Hunter, autor do best seller "O monge e o executivo".

Foto: G1
James Hunter na última terça (4) após conferência em São Paulo (Foto: Ligia Guimarães/G1)

Escrito por Hunter, 52 anos, como um presente para a filha de 2 anos (atualmente com 12), o livro já vendeu mais de 2 milhões de cópias no mundo e lidera o ranking dos livros de carreira mais vendidos no Brasil.
O carro-chefe do consultor é divulgar o conceito do líder servidor, que vem crescendo como tendência de gestão no mundo dos negócios: o do chefe politicamente correto, que inspira e demonstra amor pelos seus subordinados, sem perder autoridade e, de quebra, ainda alavanca os lucros da companhia.
Segundo ele, o segredo para uma boa liderança no trabalho - não importa o cargo que você ocupe - é perder a vergonha de levar o amor para o dia-a-dia corporativo. A receita deve ser usada com todos os colegas: inclusive com os chefes 'ditadores'.
Hunter, que admite que até 2005 não sabia nada sobre o Brasil, concedeu entrevista ao G1 durante sua 14ª visita ao país, onde cerca de 100 mil cópias do 'Monge' foram vendidas. Confira os principais trechos da entrevista.

G1 - Você fala muito sobre o uso do amor no ambiente de trabalho. Como funciona?
James Hunter -
Amor é o modo como nos comportamos, não apenas o sentimento. Podemos escolher um comportamento amoroso ou não amoroso. Por exemplo, quando eu te escuto, respeito, é comportamento amoroso. Quando eu não te dou atenção, quando eu te desprezo, ignoro, é não amoroso. Quando eu sou paciente, gentil, mostro apreciação, sou humilde, ensinável, trato as pessoas com respeito, não sou egoísta, honesto. Isso é ter uma atitude de amor. É uma escolha.

G1 - É possível reagir com amor a um chefe 'tirano', sem ser 'pisado' por ele?
Hunter - É difícil, mas possível. Muito dos grandes líderes servidores que eu conheço trabalham para chefes ruins. Eles têm que administrar a situação. Não é porque eu tenho um chefe ruim que eu tenho que mudar o meu comportamento, o meu caráter. Ainda sou responsável por mim: meu comportamento são minhas escolhas. E posso escolher o comportamento amoroso de que falamos antes. Senão terei dois problemas: além de um chefe ruim, ou colega ruim, serei uma pessoa ruim.

G1 - E uma pessoa muito amorosa, num ambiente agressivo, não tende a ficar muito neutra, passiva no trabalho?
Hunter - Não, o amor não é passivo, de jeito nenhum. Gandhi, por exemplo, Jesus Cristo, Martin Luther King, Nelson Mandela, eram muito assertivos. Eles não eram passivos ou moles, mas eram amorosos, eles diziam a verdade às pessoas. Os grandes líderes servidores no meu país são firmes, mas não desrespeitam as pessoas. Eles são abertos, honestos, diretos, firmes, mas não são agressivos. Mas sempre de um jeito respeitoso e amoroso.

G1 - Se suas teorias fossem aplicadas em todas as empresas do mundo, sobrariam apenas os chefes politicamente corretos? Existe um perfil ideal?
Hunter
- Os melhores líderes servidores que eu conheço podem ter personalidades diferentes. Alguns podem ser mais extrovertidos, outros mais charmosos, mas o caráter é sempre da pessoa que busca fazer a coisa certa. Respeito, apreciação. Essas não são qualidades de personalidade, mas de caráter. São as qualidades que ensinamos a nossos filhos: a serem bons ouvintes, a dividir as coisas, serem honestos, não mentir, serem comprometidos.

Foto: Lígia Guimarães / G1
James Hunter, autor de 'O monge e o executivo' (Foto: Lígia Guimarães / G1)

Novamente, não quero que você pense que líderes servidores são fracos, moles. Eles são muito diretos, eles colocam padrões altos. Mostram a lacuna que existe entre a sua performance e as necessidades da empresa e dizem: vou trabalhar com você para fechar essa lacuna, mas precisamos fechar. Mas nunca desrespeitam, colocando você para baixo, como o chefe ditador. Mas ele quer que você seja o melhor.
Se você escolher não progredir, você vai ter que receber um pouco do amor severo: você não pode mais trabalhar aqui. Eu te amo, sentirei saudades, mas adeus.

G1 - Você acha que atualmente as empresas refletem suas teorias, recompensam os líderes servidores? Ainda há muitos 'ditadores' por aí?
Hunter - Sim, ainda existem muitos chefes tiranos, ‘nazistas’ e ditadores. Ainda são a maioria, mas menos do que costumavam existir. No meu país, isso está mudando muito rápido. E a razão são os jovens. No meu país, os jovens não toleram mais os chefes ruins: eles dizem tchau. E nos Estados Unidos os jovens agora têm muitas opções, porque a economia está forte, e se o chefe deles é um idiota, bye-bye.

G1 - E no Brasil, você acha que é possível rejeitar um chefe ruim?
Hunter -
Sim, com certeza, algumas pessoas fazem isso. E vai ficar cada vez mais fácil à medida que o desemprego for caindo no Brasil e as pessoas forem tendo mais e mais escolhas. O que eu digo a executivos é que eu espero que o país não aprenda do jeito difícil. Nos EUA, aprendemos do jeito difícil.

G1 - E qual é o jeito difícil?
Hunter - Com chefes ruins. A indústria automobilística, algumas das grandes indústrias, foram destruídas porque não temos boa liderança. E agora estamos começando a aprender que temos que liderar de maneira diferente. A Ford Motor Company e a General Motors ainda fazem do jeito antigo. Agora mesmo, um homem veio conversar comigo e disse que trabalha na Ford aqui no Brasil, e a liderança lá está terrível. Gritos e ditadores. Mas está mudando, e rápido. As pessoas, com tanta informação, têm expectativas mais altas.

G1 - No livro, você usa muitos exemplos como Jesus, Buda, e outros ícones religiosos. Você acha que pessoas que praticam uma religião levam vantagem no ambiente de trabalho?
Hunter - Para mim, ajuda muito. Para outros que conheço, também. Mas há ainda outros que conheço que são muito religiosos e são líderes terríveis. E conheço outros que não têm religião, não acreditam em Deus e são líderes servidores maravilhosos. Você não tem que ser uma pessoa religiosa. Não é sobre religião, é sobre caráter. Eles são guiados pelos seus princípios pessoais. Não pela religião, não pelo que os outros acham. Eles acreditam que é o certo tratar as pessoas desse jeito. Escolha pessoal. Eu sou cristão e eu acho que me ajuda demais. Então, para mim funciona, para outros não. Pessoas são diferentes.

G1 - Você defende o uso de elogios no ambiente de trabalho. Como fazer o uso positivo deles, sem se tornar um 'puxa-saco'?
Hunter
- A chave para elogiar as pessoas é que os elogios têm que ser sinceros e específicos. Por exemplo, se você trabalha com mais dez pessoas e eu chego para vocês de manhã e digo: 'vocês todos fizeram um ótimo trabalho!', você vai pensar: 'eles não fizeram nada!' . Mas se eu chegar para você, e disser: eu amo o fato de que você fez isso, isso e aquilo, é outra coisa. Tem que ser sincero e específico, senão fica puxa-saquismo, pegajoso. As pessoas precisam de apreciação. Se você vê boas coisas, tem que contar às pessoas. É muito importante.

G1 - A idéia de escrever o livro veio da sua experiência no trabalho?
Hunter - Escrevi o livro para minha filha em 1997. Ela tinha dois anos na época e era para ser apenas uma história para ensinar a ela os princípios que eu ensinava sobre liderança servidora. Não me vejo como um autor, sou um educador, não escrevo. Decidi colocar no papel alguns princípios para ela, caso acontecesse alguma coisa comigo. Algumas pessoas leram, gostaram, e mandaram para uma editora em 1998 nos EUA. No Brasil, saiu em 2005.

G1 - Você conhecia alguma coisa sobre o Brasil antes do sucesso do seu livro?
Hunter - Nada. Muito pouco. Fiquei muito surpreso. Meu editor ligou um dia e me disse: meu nome é Marcos, do Rio de Janeiro, e seu livro é um fenômeno. Eu disse: 'que livro?' E ele: 'O monge e o executivo'. Eu disse: 'desculpe, não escrevi um livro com esse nome', e já ia desligar o telefone. (Nos EUA, o livro se chama "The servant", que significa "O servidor" em português). Depois confirmei que era verdade e vim para cá. Foram 14 visitas desde então.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

LIDERANÇA CRISTÃ

1. O LÍDER, SEGUNDO O DICIONÁRIO
-“Indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta, em qualquer tipo de ação, empresa ou linha de idéias” (Aurélio).
-“Guia, chefe ou condutor que representa um grupo, uma corrente de opinião, etc (Aurélio).

2. DISTORÇÕES NO ENTENDIMENTO DO QUE SEJA LIDERANÇA
2.1. O líder é aquele que faz tudo sozinho.
2.2. O líder é aquele que dá ordens.

3. O CHEFE E O LÍDER
3.1. Chefe é alguém designado formalmente para coordenar um grupo. Seu principal instrumento para conseguir que os subordinados trabalhem é a autoridade hierárquica.

3.2. O líder é alguém que se sobressai por possuir uma capacidade inata de fazer com que as pessoas o sigam. Nem sempre é nomeado formalmente. Seu principal instrumento para fazer com que os liderados trabalhem é sua capacidade de motivação. O líder influencia as pessoas.

3.3. A sociedade seja ela qual for, é conduzida através do tempo e da história, de modo consciente ou inconsciente, por líderes que lideram os mais diferentes tipos de grupos de pessoas.

4. LIDERANÇA CRISTÃ
-É a liderança exercida pelo cristão (a pessoa que Deus escolhe, dirige, e capacita, para administrar a sua obra e o seu povo conduzindo-o como pessoas). É o Senhor quem levanta líderes no meio do seu povo (Jr 3.15; 23.4; Ef 4.7-12). Liderança é um DOM de Deus, mas pode ser aperfeiçoada: Moisés foi preparado “no Egito e no deserto de Midiã” (At 7.22; Ex 3.1); Josué foi preparado “através do convivio com Moisés” (Ex 24.12-14; 33.11; Nm 27.18); Davi foi preparado “cuidando de ovelhas” (I Sm 16.11; II Sm 7.8); Eliseu foi preparado “derramando água nas mãos de Elias” ( II Re 3.11); Timóteo teve em “Paulo uma fonte de inspiração” (At 16.1-3; II Tm 1.3-6).

4.1. Exemplos de lideranças cristãs:
· Liderança cristã no lar; na família: Gn 18.19; Et 1.22.
· Liderança cristã na administração da igreja: At 20.28 e Tt 1.5. Cf. a liderança de Moisés, Paulo, Tito.
· Liderança cristã no ministério: At 15.13 ( Tiago); 20.17 (Paulo).
· Liderança cristã no pastorado, junto ao rebanho do Senhor: Jo 21.16 (Pedro); 2 Jo v. l (João).
· Liderança cristã no ensino da Palavra: Ne 8.7,8 (os levitas); I Tm 2.7 (Paulo); At 18.24,25,28 (Apolo).
· Liderança cristã na literatura evangélica: Moisés, Salomão, Paulo, Lucas, João.
· Liderança cristã na juventude evangélica: José, Josué, Davi, Samuel, Daniel, Timóteo.
Ver l Tm 4.12 "Ninguém te despreze porque tu és jovem" (literalmente).
· Liderança cristã na música; no louvor e na adoração ao Senhor: Davi, Hemã , Asafe, Etã. (Ver l Cr 25. 1-5).
· Liderança cristã na administração e nas obras em geral: Neemias, Salomão.
· Liderança cristã na ciência: Salomão (l Rs 4.29-34).
· Liderança cristã nas artes: Davi, Bezaleel, Aolíabe.
· Liderança cristã na política: José, Davi, Isaias, Daniel. Ver Sl 78.72 (Davi).

5. LIDERAR
-É a um só tempo, planejar, organizar, dirigir, coordenar, controlar, e avaliar.
· Planejar. Tem a ver com o trabalho do líder, em geral, como um todo. É a função administrativa de prever e programar o trabalho, de modo generalizado. Em resumo: Planejar é estabelecer alvos realistas.
· Organizar. Tem a ver com o tempo disponível do líder. E consoante o tempo disponível que o líder agrupa recursos e fatores necessários aos planos já feitos. "Deus não é Deus de desorganização" (l Co 14,33 , literalmente).
· Dirigir e comandar. Tem a ver com as pessoas. É conduzir a organização, tomando decisões e controlando a execução de tarefas, e motivando as pessoas a ação: a) pelo exemplo; b) pela capacidade; c) pela experiência e d) pela dedicação ao povo e ao trabalho.
· Coordenar. Tem a ver com a integração das tarefas, visando a realização do trabalho como um todo. Coordenar, em liderança, é equilibrar a ação administrativa do líder.
· Controlar. É racionalizar, regular eficazmente as atividades, os desvios e distorções que podem ocorrer na função administrativa.
· Avaliar. Tem a ver com resultados. É a função administrativa de verificar os resultados, de acordo com as normas existentes e os padrões estabelecidos.

6. ESTILOS DE LIDERANÇA
6.1. Liderança carismática.
- Esta forma de liderança concentra-se numa pessoa-ídolo; uma espécie de "vítima" ou herói.
- Tal líder passa a ser tido como de origem fora do comum; quase um "sobrenatural".
- Esse líder surge nas crises da nação e do povo.
- Sob tal líder, o povo muda sua linha de raciocínio de um instante para outro.

6.2. Liderança reformista.
- Esta liderança concentra-se em promessas, esperanças e anseios do povo.
- É uma liderança hostil, agressiva, destruidora.
- Geralmente o líder é muito persuasivo.
- Nessa forma de liderança ocorre mudança de instituições, de governo e de organização social.

6.3. Liderança coercitiva ou autocrática (auto= de si mesmo; kratia= governo)
- Neste caso, há sempre “euquipe” e não “equipe”
- É uma forma de liderança fixa e totalitária.
- Usa a força como dinâmica; é monopolista.
- O líder decide tudo sozinho, ou porque teve uma formação defeituosa, ou porque considera os liderados incapazes de ajudar, ou porque não sabe aproveitar as potencialidades dos outros ou por tudo isso junto (determina metas sem a participação do grupo).
- É pessoal nas críticas e elogios ao trabalho de cada pessoa.
- A Palavra de Deus adverte: "Não como tendo domínio sobre a herança de Deus" (l Pe 5.3 ).

6.4. Liderança autêntica.
- É a capacidade de mobilização de forças e recursos para o bem comum.
- Lidera pela capacidade, pelas qualidades de liderança, pela influência.
- Preocupação com a cooperação do grupo.
- Esta forma de liderança é pacífica, benéfica, progressiva, espontânea, e transitória.

7. O QUE LEVA UM LÍDER A ADOTAR UM ESTILO
7.1. A maneira como foi criado.
A pessoa criada em ambiente autoritário tende a ser autoritária.
Pessoa mimada tende a ser irresponsável, inconsequente.

7.2. A maneira como foi ou é liderada.
Quando se lidera, se influencia a formação dos liderados.

7.3. A maneira como se chegou à liderança.
Se se chega à liderança em função do “magnetismo pessoal”, tem-se a tentação de subestimar as potencialidades dos outro. Alguém que é designado para liderar por ato determinativo, pode se sair muito bem ao se esforçar por ganhar a simpatia do grupo de maneira produtiva. Quem é escolhido pelo grupo já começa seu trabalho contando com a colaboração dos que o escolheram.

8. LIDERANÇA SEGUNDO A BÍBLIA
-Principais livros da Bíblia sobre liderança: Êxodo, Números, Josué, II Samuel, I Crônicas, Neemias, Filipenses, Tito.

8.1. A Santíssima Trindade e a liderança:
· O Pai (Sl 80.1 "Tu guias a José como a um rebanho").
· O Filho (Is 55.4). Aqui o Filho é profeticamente chamado "Príncipe dos povos". "Príncipe" é no original nagib = líder.
· O Espírito Santo (Jo 16.13) "guiará" é literalmente "conduzir" ao longo do caminho.

8.2. Qualidades de um bom líder cristão:
· Amor: Somente através do amor se pode conquistar o que há de mais precioso num relacionamento: a lealdade. “Se não tivesse amor, nada seria” (I Co 13.2).
· Capacitação divina: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens" (Mt 4.19), "Recebereis a virtude do Espírito Santo (...) e ser-me-eis testemunhas" (At l .8).
· Caráter íntegro: Caráter é o modo de ser, de sentir, de viver, e de proceder, de uma pessoa. O caráter está profundamente ligado à santificação e à fidelidade do líder cristão.
· Serviço: O líder cristão é um servo de Deus. Serve a Deus servindo ao próximo (Mt 20.26-28; 23.11; Jo 13.14).
· Fé em Deus: Fé é visão (Hb 11.1), fé é segurança (Sl 46.1-3).
· Submissão: Em primeiro lugar, submissão a Deus. Depois, submissão aos próprios líderes. Quem não sabe ser liderado, não sabe liderar. O que um líder faz com seus líderes, recebe de seus liderados (Gl 6.7).
· Autoconhecimento: Conhece as próprias habilidades e procura aperfeiçoá-las, para cada vez melhor utilizá-las.
· Autodisciplina (Autodomínio): O líder, antes de liderar os outros, deve liderar a si mesmo! Autodisciplina do corpo (l Co 9. 25-27); autodisciplina do coração, dos sentimentos (l Sm 16.6); autodisciplina da mente; do pensamento (2 Co 10.5); "temperança" através do Espírito Santo (Gl 5.22b).
· Obediência (Hb. 5.8): A obediência não nos é comunicada, nem transferida; é aprendida na escola do dever; da responsabilidade. Quem não é disciplinado na obediência, não deve dirigir, nem comandar. Há obreiros e líderes que só obedecem enquanto são pequenos, iniciantes e auxiliares. À medida que vão subindo, tornam-se indisciplinados e desobedientes.
· Maturidade social e espiritual: O fracasso de muitos líderes novatos (ou daqueles que nunca amadurecem) está relacionado a esta qualidade (Ec 10.16; l Tm 3.6).
· Humildade: Conhece e admite as próprias limitações para proteger os pontos fracos e, se possível, torna-los fortes. Jesus é visto como rei, em João, cap. 12, e a seguir, como servo, em João, cap. 13.
· Simplicidade: As coisas simples são mais funcionais (I Sm 17.49,50). Jesus, nosso maior exemplo, era um homem simples (Lc 15.2). No entanto, revolucionou o mundo!
· Competência: Conhecer o grupo; conduzir o grupo de forma a alcançar seus objetivos; aprimorar-se em relação ás necessidades do grupo e método de trabalho; manter o grupo em unidade (Ex 18.21).
· Iniciativa: Coragem de assumir responsabilidades. “Quem faz, pode até errar, quem não faz, já está errando”.
· Perseverança: Verdadeiros líderes vêem as dificuldades como desafios para desenvolver suas potencialidades. Falsos líderes os vêem como impossibilidades (Nm 14.24).
· Entusiasmo: Palavra de origem grega que significa “possuído”, “inspirado” por uma divindade. Jesus utilizava constantemente a expressão “tem bom ânimo” (Mt 9.2, 14.27; Lc 8.48), portanto ele próprio era uma pessoa animada. Tome como exemplo ainda o apostolo Paulo (Fp 1.18; Cl 2.6).

8.3. Características de um mau líder(um líder negativo)
· É desorganizado, e desordenado.
· É liberal na doutrina bíblica e nos bons costumes.
· Tem vida irregular, estragada (ele e a família).
· Usa de falsidade.
· É politiqueiro, briguento, e insubmisso.
· É reclamador crônico.
· É problemático. Ele mesmo é um problema; ele gera problemas; ele dá problema; ele “compra” problema; ele complica problema; ele "fabrica" problema.
· É autocrático, prepotente, ditador.
· É maledicente (fala mal dos outros).

9. CRÍTICAS AO LÍDER
· Jesus foi criticado (Jo 7.12)
· A ÚNICA maneira de você não ser criticado: Não diga nada; não faça nada; não seja nada.
· Saiba que você jamais agradará a todos.
· Os críticos do líder são uma minoria.
· A crítica pode ser uma inveja. Cf. Saul e Davi (l Sm 18.7,8).
· Nossos críticos podem estar certos, e daí?

10. REFLEXÕES FINAIS SOBRE LIDERANÇA CRISTÃ
· Devemos nos dar conta de que estamos marcando a vida de outras pessoas.
· Deus suscita líderes (Davi, 2 Sm 7.8), mas também encosta líderes (l Co 9.27).
· O líder precisa saber que ele não é indispensável na obra de Deus. Isto é, se ele se for, a obra de Deus não vai parar por causa dele. Por isso, o líder não pode pensar que ele pode fazer tudo na obra de Deus.
· Busque a Deus antes de qualquer decisão final ligada à obra de Deus.
· Consulte companheiros, líderes auxiliares, líderes antigos, e pessoas idôneas, inclusive as que viveram situações idênticas às que você venha a encontrar.
· Para tomada de decisões na solução de um problema:
· 1) Indentifiqe o problema aparente;
· 2) Analise os fatos;
· 3) Avalie as alternativas; e
· 4) Selecione a melhor solução.
· Saiba que Deus fala de muitas maneiras, e não apenas da maneira que você está acostumado a ouvi-LO.
· Nosso caráter, nossa responsabilidade, nossa “forma de ser” deve refletir o caráter, a personalidade e a forma de Jesus Cristo.

Bibliografia: -“Seminário de Liderança Cristã” - Pr. Antonio Gilberto, Rio de Janeiro / RJ.
-“Curso de Liderança Cristã” - Pr. Sóstenes Apolo, Brasília / DF.

A ÉTICA DO LÍDER CRISTÃO

A ÉTICA DO LÍDER CRISTÃO

1. INTRODUÇÃO
-O líder cristão é responsável pelo que faz, primeiramente diante de Deus, depois, diante do discípulo, e finalmente, ante a sociedade em que vive. Deve pensar sempre no dom do liderado. Por exemplo, não deixar que cause prejuízo a si mesmo e aos outros: se a pessoa quer suicidar-se, o líder fará todo o possível para impedir que o faça, para isso é importante ver alguns princípios fundamentais acerca da ética, os quais são necessários aplicá-los e tê-los na mente em todo o momento.

2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ÉTICA
2.1. Guardar confidências:
- O líder deve ser considerado inviolável e não deve andar divulgando a ninguém nenhum aspecto da vida privada das pessoas.
- O buscar um aconselhamento em uma pessoa, é o ato humano que mostra a maior confiança possível em outra pessoa. É a pessoa dizendo: “Eu confio em você, estou certo de que posso abrir meu coração sem temer de ser traído, posso revelar minhas esperanças, meus medos, minhas fraquezas com completa confiança”. No caso em que o líder não possa aconselhar de forma devida o liderado, o que a situação ou problema lhe supera (problemas matrimoniais, familiares, econômicos, etc), deve informar unicamente ao seu (pastor ou superior) para que o caso seja devidamente atendido.

2.2. Evitar o contato físico, em especial nos casos de aconselhamento a pessoa do sexo oposto:
- Evitar tudo que possa produzir uma situação de sedução ou alimentar as emoções doentias, causando suspeitas, fofocas e intrigas. “Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas” (Pv 22.1). O líder não deve ir sozinho à casa de uma mulher a quem não conhece, nem aconselhar uma mulher em seu automóvel. É de bom alvitre que: homens de Deus, ajudem (aconselhem) homens; e mulheres de Deus ajudem (aconselhem) mulheres. O fato do conselheiro (líder) ser um homem regenerado e ser um servo de Deus, não o livra de se sentir atraído por uma mulher a quem ele está aconselhando, ou vice-versa.
- Em regra geral, os líderes (pastores) prudentes aconselham as mulheres somente quando alguém está presente, e é logicamente a esposa do pastor que costuma acompanhá-lo.

2.3. Não usar o liderado para satisfazer seus próprios desejos:
- A curiosidade do conselheiro (líder), suas necessidades sexuais e o desejo de que outras pessoas dependam dele, são motivos que movimentam inconscientemente alguns conselheiros. Ao escutar do aconselhado: fofocas, intrigas, boatos ou detalhes muito íntimos da vida de alguém pode alimentar a curiosidade do conselheiro, mas não o ajuda absolutamente no processo de aconselhamento. Esta curiosidade pode desviar a atenção do conselheiro daquilo que é importante na conversação e fazer com que o aconselhado (liderado), ao perceber o que está acontecendo, perca o respeito e a confiança pelo conselheiro. O líder (conselheiro) deve reconhecer suas próprias debilidades e procurar ajuda do Espírito Santo para resistir a tais tentações.

2.4. Não esconder suas convicções cristãs:
- A fé ou a crença do líder cristão, deve influenciar tudo o que ele pensar ou fizer, inclusive no aconselhamento. Mais vale ser fiel a Deus e à sua Palavra, do que cair na graça do aconselhado, se a pessoa tiver que escolher entre as duas coisas. Portanto, o líder é responsável diante de Deus em indicar ao liderado a verdade bíblica que se relacione com o assunto considerado. Naturalmente, ele não deve impor a norma cristã. Por exemplo, não deve aprovar um aborto no caso de uma mãe solteira que fornicou e está grávida. Pode dizer-lhe: “A Bíblia ensina... e assim... cabe a você decidir o que fará. Mas você não acha que é conveniente obedecer à Palavra de Deus e contar com sua ajuda antes de fazer o que é contrário à Bíblia, por mais fácil que pareça, e levar assim o peso da consciência pelo resto da vida?”.
- É de capital importância que apresentemos a verdade bíblica com amor e humanidade, não para condenar o homem, mas para levá-lo a ser salvo pelo grande amor e misericórdia do Altíssimo. (Jo 3. 16-21).

2.5. Não tentar convencer o aconselhado a continuar recebendo conselho:
- É conveniente incentivá-lo a continuar, mas se a pessoa não quer mudar, é inútil aconselhá-la. Além do mais, o líder deve respeitar os desejos do liderado (aconselhado) e não deve obrigá-lo a fazer nenhuma coisa, mesmo argumentando que é para o bem da pessoa.

2.6. Reconhecer suas próprias limitações:
- Nenhum (líder) conselheiro pode ajudar a todos. Há situações muito difíceis, mesmo fazendo o possível é provável que não consiga o resultado esperado. È importante buscar ajuda, conselho, preparando-se espiritualmente para poder ser o mais eficiente possível, mas ainda assim poderá aparecer casos que é necessário enviar a pessoa a outros mais capacitados para atender.

2.7. Discernir a condição espiritual da pessoa:
- Há situações em que algumas pessoas estão enfermas mentalmente, e têm sido libertadas por meio da oração. Devemos reconhecer que existem casos de possessão demoníaca; às vezes é difícil distinguir um endemoniado de uma pessoa que tem problemas mentais. Em geral o endemoniado se diferencia quando o demônio fala através da pessoa, além de responder negativamente a oração e ministração, onde a presença de uma pessoa de fé e de poder espiritual o incomoda. Não podemos esquecer que ainda neste caso, estamos tratando com pessoas que necessitam serem libertas. Há pessoas que mesmo sendo ministradas várias vezes libertação, continuam nas mesmas condições; várias podem ser as causas: pecado oculto, falta de perdão, ódio, rancores, etc. É importante levar a pessoa a confessar sua situação, guiá-la em uma oração de sincero arrependimento, fazer renunciar àquelas situações ou práticas que provocaram este problema em sua vida, jogar fora toda atitude do inimigo, e convidar o Espírito Santo para que tome domínio dessa vida.

2.8. Cumprir com os compromissos e responsabilidades:
- A ética nos fala dos sentidos comuns de considerar o nosso próximo, mais importante do que aquelas coisas que nos desagradam ou ainda que não gostamos que nos façam; tampouco, devemos fazer com os demais em muitas ocasiões, e com isso, podemos chegar a causar desgostos incomuns por não assumirmos com responsabilidade nossos compromissos, como por exemplo: ser pontual, avisar com antecedência as mudanças de planos e horários, ser prudente e amável, etc. Estes fatores ajudarão a manter um bom estado de espírito com os que lhe rodeiam (liderados).

- Há muitas pessoas que se sentem ofendidas, detratadas, desanimadas e decepcionadas, em razão da forma como atuam ou procedem seus líderes. Lembre-se! Deus tem nos confiado a tarefa de liderar vidas “para que ninguém se perca”.

2.9. Ser comunicativo:
- O líder não só deve manter os canais de comunicação com os seus liderados, como também, com o seu líder superior. Muitos maus entendidos podem ser evitados através de uma comunicação fluente e adequada.

- A forma de conduzirmos, de atuar e proceder, dizem mais que as palavras. Como diz o pensador: “somos escravos daquilo que falamos através dos nossos lábios (boca), mas somos senhores do nosso silêncio”. É de suma importância que o líder atue com prudência, respeito e amor; portanto, daí a necessidade do líder viver e agir com maturidade cristã. (Pv 25.11).

- A Bíblia nos fala também, de não sermos um tropeço por nossa forma de proceder ou atuar, tanto para a vida pessoal, como para os que nos rodeiam (Mt 18. 6,7), e amar o nosso próximo como a nós mesmos (Mt 19. 19).

Bibliografia: - “Seminário de Liderança Cristã” – Pr. Antonio Gilberto – Rio de Janeiro / RJ.
- “Apostila Escola de Líderes” – IEAD – Belém / PA.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Ética cristã no trabalho e nos negócios

"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." Filipenses 4:8


A atual sociedade global em que vivemos nos faz depararmos com dezenas de situações em que são necessárias decisões quase que instantâneas; você certamente já ouviu falar que nos dias de hoje estamos vivendo em uma “Sociedade McDonalds”, ou seja, uma sociedade que quer respostas imediatas. Fazemos escolhas, optamos, resolvemos e determinamos aquilo que tem a ver com nossa vida individual, a vida da empresa e de nossos semelhantes, no entanto queremos ver os resultados “fast” (rápido).


As decisões que tomamos são invariavelmente influenciadas pelo ambiente do nosso próprio mundo individual e social. Ao tomarmos uma certa decisão, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos ser certo ou errado. Isso é o que chamamos de Ética.

É comum nos dias de hoje ouvirmos falar da importância da Ética na vida pessoal e profissional, e certamente sua urgência ou necessidade se deve ao resultado dos prejuízos que o ser humano tem recebido de suas próprias irresponsabilidades.

A palavra “ética” vem do grego ‘eqikh’, que significa um hábito, costume ou rito. Com o decorrer do tempo, passamos a designar Ética como um conjunto de princípios ou regras ideais para que o ser humano viva em sociedade. Em um contexto geral, há inúmeras definições para a palavra ética, cito duas abaixo:
* “Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que seja certo ou errado e toma decisões” (Rev. Augustus Nicodemus Lopes).
* “Uma pessoa com princípios éticos e aquela que, podendo escolher livremente, elege o bem e não o mal e age assim de modo constante. A fonte da ética é a própria realidade humana, o ambiente em que vivemos” (Baseado no autor Jose de Mello).

Portanto, podemos ver nas citações acima que ética está completamente ligada ao comportamento humano, ou em outras palavras, a todas as atividades exercidas pelo ser humano.

Serão ética no trabalho e nos negócios compatíveis?

A credibilidade de um negócio, e portanto daqueles que trabalham para que esse negócio prospere, é o reflexo da prática efetiva de valores com integridade, honestidade, transparência, eficiência dos serviços prestados, respeito ao consumidor e a todos as demais pessoas que entramos em contato para fazermos um negócio prosperar.

Contudo, caro leitor, eu e você sabemos que esses princípios nem sempre são promovidos de maneira adequada em nossa sociedade, não é verdade? Stephen Covey, no seu livro Os Sete Hábitos das Pessoas Muito Eficazes, aborda duas suposições no campo da ética: “ética da personalidade” e “ética do caráter”, respectivamente. A primeira, se é que podemos chamar de ética, valoriza somente o status social, o “Vencer na Vida”, o “Ficar Rico, etc. Enfatiza o uso de técnicas manipulativas para ultrapassar as barreiras não éticas que podem levar ao sucesso na vida. No Brasil ficou mais conhecida como a “Lei de Gerson” (Levar vantagem em tudo!). Segundo Covey, ganhou um grande impulso após a Primeira Guerra Mundial.

A segunda enfatiza valores mais autênticos e permanentes, tais como integridade, humildade, fidelidade, persistência, coragem, justiça, paciência, modéstia, e a regra de ouro, “não fazer aos outros o que não quiser que os outros lhe façam”. Se olharmos no decorrer da história, entenderemos que essas duas éticas sempre se confrontaram, só que nos parece que, a partir do século XX tem havido uma predominância esmagadora da primeira, você concorda comigo?
Concordo com Covey que essas duas éticas fazem parte de nossa tomada de decisões diariamente, afetando a nossa vida familiar, profissional, política e religiosa. E, portanto, afetam diretamente todos os trabalhadores e negócios. No dizer do conhecido Peter Drucker, o pai a administração empresarial, “o caráter e a integridade, por si só, nada realizam. Mas, a sua ausência aniquila todo o mais”. Felizmente, parece que mais e mais ouvimos os grandes líderes desse mundo falarem em favor da ética do caráter, basta vermos o movimento dos governos e negócios. Há sem duvida uma preocupação generalizada com a ética.

Ética Cristã no Trabalho e nos Negócios, a Compatibilidade Segundo a Bíblia.

Do ponto de vista do cristão, ética é simples de compreender: agindo dessa ou daquela maneira, o que eu quero é cumprir a vontade de Deus. Mas será que tal afirmação nos mostra realmente que estamos fazendo a vontade de Deus? O que temos notado no mundo Cristão é que muitas pessoas que se dizem Cristãs pensam exatamente dessa maneira, tais pessoas determinam posições e comportamentos na esfera Cristã. No entanto, na minha opinião, tais pessoas estão simplesmente dando mais força à primeira suposição de Covey, o leitor concorda comigo?
A ética Cristã não pode ser fundamentada em A ou B, ou naquilo que pensamos ser certo ou errado, ética Cristã precisa estar totalmente interligada a um conjunto de princípios e fundamentos que precisamente encontramos nos ensinamentos de Jesus Cristo. A maneira como nos comportamos na sociedade, com atitudes sinceras e honestas mostra a referência que devemos possuir, a “Fé em Jesus Cristo”.

Em resumo, a ética cristã é o conjunto de valores morais que encontramos unicamente na Bíblia, é por esse manual que todos nós deveríamos regular a nossa conduta nesse mundo, diante de Deus e de todos os semelhantes e de nós próprios. A Bíblia não é um conjunto de regras para que o homem possa chegar a Deus, mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar ao Deus que já entregou a sua vida pelo ser humano, é de certa forma uma maneira de agradar ao nosso próximo, criando assim uma sociedade mais amplamente ética para todas as culturas.
Fiquem com Deus!

*Ailson de Moraes, graduado em Ciências do Comportamento Humano (Psicologia e Sociologia) pela Andrews University, Michigam, EUA, Pos-Graduado em Docência no Nível Superior pela Royal Holloway, Universidade Londres, Mestre em Business e Estudos de Culturas pela City University, Londres, é atualmente Estudante de Doutorado em Gerenciamento (PhD) pela Royal Holloway, Universidade de Londres, aonde recebeu Bolsa de Estudos da própria universidade. Professor na area de Negocios internacionais na School of Management, Royal Holloway, Universidade de Londres; professor convidado na area de Lideranca na Universidade Catolica da Belgica e consultor para pequenas empresas na Inglaterra.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Ortotanásia: não é hora de brincar de ser Deus


Fonte: A Tribuna On Line

Sem qualquer possibilidade de cura, o paciente agoniza em um leito hospitalar. A medicação aplicada a ele garante-lhe apenas mais algumas semanas de sobrevida, à custa de muito sofrimento. Cansados de recorrer a procedimentos comprovadamente inócuos, médico, doente e familiares selam um acordo e deixam a vida cumprir seu destino lógico.
Tal argumento, usado pela classe médica na defesa da ortotanásia, certamente teria maior aceitação em um Estado que garantisse acesso amplo e irrestrito aos serviços de saúde - cite-se, como exemplo, a Holanda, onde até mesmo a eutanásia já é aceita. Desnecessário dizer que não é este o nosso caso.
Por aqui, a ausência de uma legislação específica ou mesmo de uma discussão mais abrangente sobre o tema gera o embate atual, onde ambos os lados parecem míopes.
Partindo da premissa de que salvar vidas é o fim maior do ofício da medicina, não há como conceber um médico desistindo de seu paciente sem estar absolutamente convicto de sua decisão. E, estando paciente e familiares de acordo com tal decisão, não cabe à Justiça interferir neste processo. Prolongar a vida de um paciente terminal com dores insuportáveis é ato que está mais para o sadismo do que para a compaixão.
Acontece que médicos - como qualquer outra classe profissional - cometem erros. Existe, ainda, a aposta em manter o doente vivo na esperança de que, no transcorrer de seu tratamento, seja descoberta a cura para seu mal. E, no caso específico do Brasil, há sempre - sempre! - o receio de um Estado perverso, que possa fazer da ortotanásia uma ferramenta para contenção de despesas na Saúde.
O assunto carece de um debate mais plural, para que, seja qual for o veredito, a decisão sobre a vida ou a morte de um ser humano não fique relegada a uma mera resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM).

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

11 mandamentos da ética

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O CONCEITO 'ÉTICA CRISTÃ'

A ética cristã que pertencia a visão de mundo da época de Maquiavel era uma ética que tinha uma história de 1500 anos. Sua referência principal são os mandamentos de Deus.
A pauta desta ética é uma lista de virtudes a serem seguidas pelo crente em Deus e imitador de Cristo: Compaixão, Perdão, Misericórdia, Humildade, Honestidade, Tolerância.
Praticar estas virtudes tem como fim principal o aprimoramento da alma conseqüentemente, ter direito ao paraíso celeste.

Utilizada pelos reis da Itália, estas virtudes serviam como um modo de dominar os súditos. Maquiavel as chamou de virtudes passivas para contrapô-las às virtudes ativas greco-romanas.
Maquiavel disse que para unificar a Itália num único Estado a ética cristã deveria ser desvinculada da política. Isso implica em dizer que o bom governante não teria que ser necessariamente uma boa pessoa ou uma pessoa honesta, não faria parte dos pré-requisitos a um bom governante ter seu caráter pautado pela ética cristã.
Ao defender adoção do regime republicano, nos moldes da Antiga Roma, para a sua época como forma de unificar a Itália, fez perceber que esta forma de governo já exige e trás em si uma ética diferente, uma ética pautada pelas virtudes ativas: prudência, justiça, coragem e temperança (cinco virtudes cardeais).
Para fundar uma Nova Itália, estas virtudes eram essências, e elas estavam voltadas para a fundação e manutenção do Estado. Como o regime republicano significa o cuidada da coisa pública sob o império da lei, o que se tem é uma ética na política e não uma ética dos políticos. Portanto, não se deve esperar do político que ele seja ético, deve-se esperar dele que cuide bem da coisa pública, caso ele não cuide bem, por exemplo, agindo corruptamente, a lei deve, então, ser aplicada.
A ética na política significa justamente isso: um Estado forte que não permita o descumprimento da lei. Assim, há uma ética implícita no regime republicano diferente da ética cristã.

Fonte:http://www.philosophy.pro.br

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A era dos escândalos ...

Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!" Mateus 18:7

Nunca tantos escândalos corporativos vieram à luz como nos últimos três anos. Grandes conglomerados empresariais com operações em várias regiões do planeta têm visto o que anteriormente era uma sólida reputação - de confiabilidade, respeito ao consumidor e responsabilidade social - esfacelar-se em apenas um dia nos noticiários de jornais, TVs, rádios e Internet.

A própria definição da palavra escândalo deixa claro quais são as suas conseqüências: "que incita a pecar", "que dá mau exemplo", "indecoroso" , "vergonhoso" , "indecente".

O problema principal é que, em algum momento, alguém achou que tinha o direito de fazer as coisas ao seu jeito, mesmo que isto implicasse não ser totalmente transparente e fosse necessário burlar a lei.

Na prática, acabou valendo a velha – e ainda muito usada – máxima "Os fins justificam os meios". Exemplos não faltam.

O anos de 2004 começou com o escândalo da Parmalat. Considerada hoje como uma das maiores fraudes financeiras da história da Europa, que pode chegar a 12 bilhões de euros, se forem confirmados os rombos em outras empresas do grupo, começa a atingir dirigentes da empresa na América Latina.

A queda de um dos orgulhos da indústria italiana, especializada no processamento do leite, está envolvendo também importantes e famosos especialistas na auditoria de empresas, como a americana Deloitte e bancos conhecidos como o Bank of America.

A suspeita é que os contadores falsificaram informes por anos e contribuíram na fraude através de manipulações na Bolsa de Ações. Entre os contadores investigados figura o presidente da associação italiana de empresas de auditoria, Adolfo Mamoli, que faz parte da comissão criada pelo governo para analisar as repercussões na Itália do escândalo da Enron americana.

Podemos citar ainda outros exemplos, a maioria dos Estados Unidos, país que mais produz modelos de gestão que enfatizam a ética. Confira:

· O painel de auditoria da WorldCom (a segunda maior companhia telefônica dos EUA) pôs a descoberto o que pode se revelar uma das maiores fraudes contábeis de todos os tempos, com a descoberta de US$ 3,9 bilhões de despesas contabilizados impropriamente como investimentos de capital.

· A SEC (comissão de valores mobiliários americana) está assumindo uma posição dura em relação à forma como a Qwest (outra importante companhia telefônica) contabilizou seu US$ 1,4 bilhão de vendas de capacidade de fibra ótica.

· Citigroup (o maior banco norte-americano) comercializou arranjos de financiamento para empresas de energia que inflaram seu fluxo de caixa, uma prática agora sob minucioso exame.

· Adelphia (uma das maiores empresas de TV a cabo daquele país) requereu concordata em meio a investigações de algumas das maiores manipulações financeiras da história corporativa americana.

· Arthur Andersen, pelo esquema maciço de destruição dos documentos relativos ao derretimento da Enron. "Toneladas de papelada referentes à auditoria da Enron foram imediatamente picotadas como parte da destruição orquestrada de documentos", tendo sido alegado um indiciamento federal contra a Andersen. "O picotador de documentos no escritório da Andersen foi usado sem trégua e, para lidar com o volume excessivo, dúzias de caminhões imensos sobrecarregados com os documentos da Enron foram enviados ao escritório central de Houston para serem cortados em pedacinhos". A Andersen foi condenada pela destruição ilegal de documentos, levando ao fechamento da companhia.

· BAT, por operar programas internacionais supostamente concebidos para desestimular os jovens de fumar, mas que, na realidade, tornam a prática do fumo ainda mais atraente às crianças (sugerindo que fumar é uma atividade adulta), continuar a negar os efeitos negativos para a saúde do fumo passivo, e trabalhar para opor-se aos esforços da Organização Mundial da Saúde no sentido de adotar uma forte Convenção de Base sobre o Controle do Tabaco.

· Caterpillar, por vender buldôzeres às Forças Armadas de Israel (Israeli Defense Forces, ou IDF), as quais são utilizadas como instrumentos de guerra para destruir lares e edifícios palestinos desde o começo da ocupação israelense em 1967, deixando 30.000 pessoas sem teto.

· Citigroup, seja pelo seu envolvimento profundo com a Enron e por outros escândalos financeiros e suas práticas de concessão de empréstimos predatórios, através de sua subsidiária, recentemente adquirida, The Associates. Citigroup pagou US$ 215 milhões para liquidar as taxas junto à Federal Trade Commission (FTC) devido ao fato que a The Associates engajou-se de modo sistemático e abrangente em práticas de concessão de empréstimos enganosas e abusivas

· DynCorp, uma firma privada controvertida que subcontrata serviços militares junto ao Departamento de Defesa, para aviões que pulverizam herbicidas nas plantações de coca da Colômbia. Os plantadores alegam que os herbicidas estão matando suas colheitas legais, e os expõem a toxinas nocivas.

· M&M/Mars, por responder de forma muito branda às revelações sobre crianças-escravas na África Ocidental, onde a maioria das plantações de cacau são cultivadas, e por recusar-se a destinar modestos 5% de seu produto dos promotores de Justo Comércio.

· Procter & Gamble, os produtores do café Folger, e parte do oligopólio de torrefação de café, por não ter tomado ação para deter a queda vertiginosa do preço dos grãos de café. Os preços baixos têm levado milhares de cultivadores à beira da miséria na América Central, Etiópia, Uganda, e em outros países, ou destruído seus meios de subsistência.

· Schering Plough, por uma série de escândalos, principalmente a alegação de falha recorrente nos últimos anos quanto ao conserto de problemas de produção de milhares de medicamentos, em quatro de seus estabelecimentos, em Nova Jérsei e Porto Rico. A Schering pagou $500 milhões para encerrar o caso com a Food and Drug Administration, órgão governamental de controle.

· Shell Oil, por continuar suas operações empresariais normais como uma das maiores infratoras mundiais — ao mesmo tempo em que se promove como uma empresa responsável quanto ao meio-ambiente e à sociedade.

· Wyeth, por usar meios dúbios, e sem provas científicas suficientes para vender a terapia de substituição de hormônios às mulheres como fonte de juventude. A evidência científica reportada em 2002 demonstrou que essa terapia, a longo prazo, ameaça a vida das mulheres, aumentando os riscos de câncer no seio, ataques cardíacos, derrame e embolia pulmonar.

É aqui que chegamos ao ponto principal que queremos explorar neste artigo. Todas essas corporações, independente do ramo de atuação - seja através de serviços ou produtos -, têm uma característica em comum com a Igreja: trabalham para atender pessoas.

Por isso, não é demais afirmar que o tipo de problema que se abateu sobre essas empresas – a quebra da confiabilidade - pode ocorrer também dentro dos templos, missões e instituições cristãs.

No nosso caso, as conseqüências são ainda mais sérias porque estamos tratando de uma realidade invisível, que custou o mais alto preço do universo: a esperança das pessoas na eternidade proporcionada pelo Filho de Deus.

A Palavra de Deus, porém, é muito clara ao nos alertar em 2 Coríntios 6:3: "Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado".

Nada mais justo, previdente, responsável, então, do que nos cercarmos de mecanismos que possam garantir transparência e controle dos atos das pessoas que estão na liderança – seja em qualquer tipo de ministério.

A Bíblia nos respalda também para este tipo de ação em Filipenses 1:10: "Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo". A esse conjunto de medidas preventivas podemos dar o nome de boas práticas de governança. Veremos, agora, quais são os princípios fundamentais que nela estão contidos.

Transparência

É a satisfação às diferentes necessidades de informação dos diversos públicos com quem a igreja se relaciona, dentro de sua denominação (se for o caso), entre os diversos líderes internos, para seus participantes e comunidade onde está inserida. Na carta que enviou aos Efésios, Paulo fala sobre a necessidade da transparência e, logo em seguida, cita seus benefícios:

"Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor " (Efésios 4:15 e 16).

Podemos ver que, antes de necessária, a verdade (transparência) é um ato de amor aos nossos irmãos. Quando decidimos seguí-la, apesar de algumas vezes a verdade não ser necessariamente agradável, a Igreja cresce. Lembre-se das expressões "corpo inteiro bem ajustado" e "crescimento para edificação de si mesmo".

Eqüidade

É o tratamento justo e eqüânime entre os líderes e os diversos níveis de estrutura de governo. Na verdade, a eqüidade está entre as práticas de boa governança que mais pode estimular o bom funcionamento do trabalho. Através dela é possível despertar nas pessoas o sentimento que todos, independente da função que desempenham, têm a mesma importância para o resultado final do trabalho.

Voltando-nos para a Palavra de Deus, vemos que, para o Senhor, a eqüidade é um assunto muito sério, e que Ele não tolera tratamentos diferenciados, como em dois exemplos de Tiago:

"Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas" (Tiago 2:1). "Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores" (Tiago 2:9).

Prestação de contas

É o relatório periódico feito por parte dos agentes de governança a quem os elegeu, nomeou ou contratou. No capítulo 16 de Lucas, encontramos Jesus contando mais uma parábola para despertar as pessoas quanto à necessidade da prestação de contas.

O texto começa nos falando de um rico senhor que chamou o seu mordomo – uma analogia direta a quem exerce ministério na obra de Deus – para que este lhe prestasse contas. E, já no versículo 2, lemos este senhor indagando seu mordomo: "E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo".

Para o rico senhor, a prestação de contas era um pré-requisito, era uma prática que deveria ser natural e contínua, caso contrário desabilitaria o mordomo a continuar no cargo, como ele mesmo fala na última parte – "porque já não poderás ser mais meu mordomo".

Na prática, a prestação de contas serve ainda para conferir se os mordomos que estão servindo na Casa de Deus estão com a visão afinada com a do seu Senhor. Representa, acima de tudo, segurança – tanto para quem presta contas como para quem são prestadas as contas. Pois, caso o mordomo esteja planejando executar o serviço de outra maneira que não aquela estipulada – de acordo com a visão – há tempo do erro ser evitado.

Ao final da parábola de Lucas 16, vemos que o mordomo conseguiu corrigir o erro "e louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente" . Ao final das considerações de Jesus, o mestre sintetiza a importância da prestação de contas em uma frase:

"Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito" (Lucas 16:10).

Cumprimento das leis

É a observação preventiva e perspicaz das implicações legais de todas as decisões tomadas e das transações realizadas. (check list – novo código civil, leis trabalhistas, previdenciárias, civis etc.).

Vivemos em um tempo que não temos mais desculpas para alegar ignorância diante das exigências da legislação atual. Aquela velha justificativa "Ah, mas nós somos uma igreja, não somos uma empresa...", além de não ter nenhuma base bíblica é o pior exemplo que pode haver de uma igreja que não vive dentro do contexto atual.

Ainda fazendo menção à parábola de Lucas 16, no verso 8, o rico senhor lembra ao seu mordomo que "os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz".

É uma palavra dura, mas que retrata a situação de boa parte das igrejas quanto à condição legal do exercício de suas atividades. A chegada do novo Código Civil, porém, no final de 2002, serviu para sacudir o comodismo que existia nessa área. O próprio Instituto Jetro, que promoveu vários seminários pelo país sobre o tema, e prestou assessoria na adequação de estatutos, constatou que o problema se estendia para além dos estatutos.

Essa constatação nos levou à criação de um check list para verificar a existência de risco de processos nas áreas previdenciária, contábil, civil e trabalhista.

O material, que está em fase de produção, tem justamente esse objetivo: identificar os riscos e corrigi-los. Afinal, como Paulo escreveu aos irmãos da igreja de Corinto, "zelamos do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens". (II Coríntios 8:21)

Ética

É a definição dos valores que regem a igreja e do código de ética com seu respectivo cumprimento. Evidentemente, tanto os valores como o código têm de estar baseados na Palavra.

Alguns podem até se levantar para questionar se existe realmente a necessidade de criação de tais documentos; se não é muita "burocracia" . A resposta, podemos encontrar em (Ezequiel 44:5):

"E disse-me o Senhor: Filho do homem, pondera no teu coração, e vê com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos, tudo quanto eu te disser de todos os estatutos da casa do Senhor, e de todas as suas leis; e considera no teu coração a entrada da casa, com todas as saídas do santuário.

Além dos princípios fundamentais acima citados, é necessário – até antes mesmo de colocá-los em prática – analisar como estão e quais são as práticas atuais de governança.

Entre os pontos que devem ser analisados estão os seguintes:

Estrutura de governança - segregação de funções conflitantes; separação entre agentes de governança e conselheiros; alinhar responsabilidade com autoridade.

Existência e independência do conselho - acesso amplo às informações; liberdade de expressão da opinião; periodicidade adequada de encontros; integridade pessoal; sensibilidade ministerial; visão estratégica; ausência de conflitos de interesses.

Gestão do conflito de interesses - mapeamento de possíveis conflitos de interesses (exemplo: igreja X empresas dos líderes; nepotismo; popularidade X pretensão política); avaliação constante dos potenciais conflitos; intermediação externa em casos extremos.

Sistemas de remuneração - conselho estabelece níveis de remuneração dos agentes de governança; comparativo com práticas em igrejas e organizações similares; visão ministerial; observância dos limites financeiros da igreja.

Avaliação - quantitativa e qualitativa; das finanças; dos serviços prestados internamente; dos serviços prestados à comunidade; das pessoas que trabalham (contratadas e voluntárias); periodicidade e consistência.

Planejamento de sucessão - preparação de liderança interna; capacitação constante; escolha.

Após avaliarmos tudo isso, pode ser que tenhamos uma surpresa desagradável. Afinal, "ninguém falou que a obra de Deus tinha tantos aspectos a serem observados". Nesta hora é preciso muita calma. Não nos esqueçamos da passagem bíblica "Deus não leva em conta o tempo de ignorância"

Mas, a partir do reconhecimento das faltas e erros, convém nos apressarmos para correção dos mesmos. Assim, evitamos abrir brechas que possam nos conduzir ao escândalo e à ruína espiritual.

Para finalizar, guardemos em nossos corações a mensagem de 1 Coríntios 10:12: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia".





Rodolfo Montosa

Rodolfo Montosa é membro da Igreja Presbiteriana Independente de Londrina (PR), membro fundador do Instituto Jetro e diretor superintendente do Consórcio União.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Cadê a Ética?

Mais uma vez, o testemunho cristão é rasgado pela falta de ÉTICA e MORAL CRISTÃ.
Justificar fraude com oração beira o absurdo!

Veja a notícia abaixo:

Suspeita de fraude em concurso cria polêmica no interior

Correio da Bahia

Analfabeta foi aprovada em João Dourado

Um concurso público realizado pela prefeitura de João Dourado tem suscitado polêmica no município. É que parentes do prefeito João Cardoso Dourado e candidatos analfabetos estão entre os 297 aprovados para os diversos cargos. As suspeitas de irregularidade do concurso recaem ainda sobre a licitação para a contratação da empresa que aplicou a prova, que, entre outras denúncias, teria se recusado a entregar o caderno de questões. Por causa disso, 50 pessoas inscritas no concurso registraram denúncia junto ao Ministério Público do Estado (MPE/BA).

A partir daí, o MPE, representado pelo promotor público Newton Carvalho de Almeida, deu início às investigações, colhendo também os depoimentos das pessoas envolvidas. Entre as situações, uma delas é no mínimo incomum. Maria de Lourdes Oliveira da Silva, que concorreu ao cargo de gari, acertou 72,50% da prova sem sequer saber ler. E ficou na 27ª colocação de um total de 60 vagas oferecidas para o cargo.

No depoimento, a candidata, que admitiu ser analfabeta, declarou que obteve a pontuação por ser crente e “ter rezado muito para passar”. No Termo de Declaração, feita em 1º de agosto, a lavradora, que vive no povoado de Gameleira, disse que “não sabe como vai fazer na hora de apresentar os documentos necessários para a assunção do cargo”.

A partir das denúncias, o juiz Guilherme Vieito Barros Júnior, da comarca de João Dourado, determinou a suspensão de todo o processo de seleção e requereu informações que explicassem as brechas tanto da prefeitura como da empresa que realizou as provas, o Serviço Nacional de Seleção Pública (Senasp).

Removido da comarca por promoção, o magistrado foi substituído por Marcon Roubert da Silva, que revogou a decisão. Ele determinou a continuidade da seleção e a posse aos aprovados.
Uma das prejudicadas pelo concurso duvidoso, a fisioterapeuta Heloiza Nunes, que concorreu a vaga em um hospital do município, achou estranho que não ter sido permitida a entrega dos cadernos de provas aos candidatos. “O mais esquisito é que a mesma empresa realizou concurso no município de Lapão e as provas foram entregues depois de duas horas de permanência na sala”, declarou.

Representantes do município não foram localizados para comentar o assunto. Já o diretor da Senasp, Carlos Joel Pereira, se baseia na decisão judicial mais recente para argumentar. “É tão improcedente que o juiz tomou essa decisão”. Ele explica que as provas não foram entregues no momento da realização para evitar cópias, mas que foram disponibilizadas na internet durante o prazo do recurso dos candidatos. Ele também nega que analfabetos tenham participado da seleção, alegando que todos tiveram que assinar os nomes na lista de presença no dia da prova e no cartão de resposta. O promotor de justiça que cuida do caso não foi encontrado pela reportagem.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Conheça René, o motorista de táxi que não sabe o que é crise

Por Sérgio Almeida


"Como estão os negócios?", perguntei a um motorista de táxi. "Muito ruins, o que ganho não está dando nem para pagar a prestação do carro. Para o senhor ter uma idéia, em um dia, quando faço três ou quatro corridas, já considero um bom negócio. Vivemos numa bruta crise. Os passageiros sumiram. Ninguém mais tem dinheiro".

Na mesma semana, conheci outro taxista: o René. Com este, tive uma experiência nada convencional. Foi por acaso. Procurando um táxi, acenei. Ele parou de forma prudente e segura.
Cumprimentou perguntando meu nome. Gentilmente, abriu a porta. Quis saber se o ar-condicionado estava regulado a meu gosto, se queria ouvir rádio ou cd e qual a minha preferência. Bom começo. No trajeto tentei falar ao celular. Para variar, a bateria estava fraca. Percebendo minha decepção, disse: "Sr. Sérgio, meu celular está à sua disposição". Me belisca. Eu não acredito! Chamou-me pelo nome... ofereceu-me o celular... Sejamos francos: esta não é uma prática comum. Aceitei! Precisava usar o telefone.
Alguns quilômetros adiante, fui novamente surpreendido. O René estende a mão, apresentando- me uma pequena cesta com bombons. " O senhor aceita?" Fiquei preocupado, confesso.
O que esse cara quer comigo? Um sujeito forte, oferecendo-me celular, bombons...bateu uma suadeira danada. Pensei: " Meus Deus, estou em apuros. Com tanta gentileza, este cara ta com segundas intenções". Prontamente, arquitetei um plano de fuga: No próximo semáforo, quando o carro parar, abro a porta e saio correndo". Assim escaparia ileso.
Na verdade, acabara de descobrir um excelente profissional. Do René, além de cliente, virei fã. Já o indiquei a dezenas de amigos, familiares e colegas de trabalho. Lembra da pergunta que tinha feito ao primeiro taxista? Fiz também ao René: " Como andam os negócios?
Quantas corridas tem feito por dia ?" Ele disse: " Dez, doze..." Espantado, interrompi: " Como?
E a crise?" O primeiro taxista tinha feito a minha cabeça. René disse: " Tenho lido no jornal problemas na economia, crise cambial, etc. Mas isso não alterou o meu negócio..."Comecei então a desvendar o que estava por trás do sucesso de René. De dez corridas que ele faz, cerca de oito dão para clientes cativos, que o chamam pelo celular.
Mesma cidade, mesmo carro, mesma semana; um profissional está em crise; o outro, no mesmo segmento, não conhecia seus efeitos. Onde está a diferença? A resposta é: atendimento, serviço, valor agregado, relacionamento com o cliente. Mesmo sem ter a oportunidade de ir para a universidade ou fazer um MBA, René consegue obter um fantástico desempenho em seu negócio. Melhora a vida dos clientes e aumenta seus lucros.

"Não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração, a vontade de Deus, servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens". (Ef.6:6)

* Revista Você S/A - Edição 55, pág. 44, Janeiro 2003

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Ética Cristã para Hoje: Uma Perspectiva Evangélica

Por autor desconhecido

O que é Ética e o que é Moral?

O propósito do empreendimento ético é decidir o que é certo e o que é errado de se fazer. Sua preocupação principal é a conduta apropriada, mas também considera as atitudes e os motivos dos quais a conduta resulta. Conduta é o comportamento, o procedimento moral.

A distinção entre ética e moral é (basicamente) a diferença entre teoria e prática, ou pensar e fazer. Devemos observar a regra do ouro em Mateus 7:12 ("Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas"). Por que é difícil fazer as coisas certas? É mais fácil fazer o que é errado? Por que?

Tendemos a ser corruptos. O pecado é o aniquilamento do bem. O mal não tem existência independente (por si só ele não existe). Qualquer coisa má (atitude, comportamento, ação, pensamento, etc) é alguma coisa boa que saiu do controle. Exemplos: orgulho: amor próprio aumentado desproporcionalmente; ganância: apreciação por coisas que se tornou idolatria ou egoísmo, etc. Toda coisa má é alguma coisa boa que se corrompeu (se distorceu, saiu do controle).

Todos os seres humanos (sem exceção) foram criados para o bem; pois Deus nos fez a sua imagem e semelhança; com caráter e conduta semelhantes ao dele próprio; conferir em Gênesis 1:27,28 e I João 4:8 ("Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor"); mas infelizmente, a corrupção tem sido uma inclinação para o mal; é a ausência de uma coisa boa e necessária. É a atitude de se afastar de Deus; é a nossa rebeldia que ocasiona o pecado(Romanos 3:23 "porque todos pecaram e destituidos estão da glória de Deus").

O Espírito Santo constrói e restabelece o relacionamento com Deus; através do Evangelho (Boas Novas de Jesus Cristo), Ele estabelece a comunicação com Deus. Capacita a pessoa a aceitar o amor e perdão de Jesus Cristo; Ele cria e sustenta a fé.

O cristão é simultaneamente "duas pessoas": a velha e a nova. A primeira com idéias, valores e padrões distorcidos e suscetíveis (que recebe influência) de satanás. Já a nova pessoa tem comportamento que são parecidos com os de Jesus Cristo e suscetíveis a Deus. A nova pessoa tem aversão por coisas que ofendem a Deus e ferem os outros; opõe-se as influências más! ("what are you looking for the devil for, when you oughta be looking for the Lord?").

O que Deus faz por nós (através de Jesus Cristo e do Espírito Santo), nos dá razões para agirmos de acordo com a Sua vontade; temos o desejo de louvar a Deus e ajudar os outros. (Marcos 12:30-31 "Amarás, pois,ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamente. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.").

Em discussões éticas, normas são instrumentos que indicam e medem a correção moral. "Há vários tipos de normas". O mais específico são as regras; muito práticas e concretas (ex.: não se embriague). Através das regras vem os princípios: "coma e beba para a glória de Deus" é uma maneira de expressar o princípio por trás da regra contra a embriaguez. O supremo propósito da vida é glorificar a Deus!!! Deus que fez os seres humanos, nos conhece melhor que nós mesmos! Embora escrita por homens, a Bíblia é a autêntica e autorizada Palavra de Deus; seu propósito principal é comunicar as boas novas do perdão através do Sangue, Morte e Ressurreição de Jesus, e dar-nos entendimento da vontade de Deus para as nossas vidas.

Justificação é o dom do perdão de Deus por amor de Jesus. Santificação é o dom de Deus na nova personalidade (pessoa), também por amor de Cristo ( por ter morrido em nosso lugar - sacrifício vicário).

O Fruto do Espírito descrito em Gálatas 5:22 é: amor (I Co. 13), gozo, paz, longanimidade (que não se irrita facilmente; suporta as adversidades: situações contrárias), bondade (indulgência, complacência, benevolência, tolerância), fidelidade(lealdade, firmeza), mansidão, domínio próprio (sereno, pacífico, calmo, tem humildade). É agradável render-se à vontade de Deus reconhecida como superior e melhor que a nossa. (Deus esquadrinha os nossos corações, não é por força, persuação, medo,etc.)

O desejo de testemunhar nasce diretamente da consideração à Deus. É o anseio de glorificá-lo e ajudar aos outros a notá-Lo e apreciá-Lo. A preocupação com as pessoas (com seu bem estar) é a fonte motivadora de testemuho. O amor manifesta-se no respeito aos outros.

Muitas qualidades surpreendentes caracterizam o amor* (conferir I Co 13, Fil 5:25,28,31,33; etc.). O amor não é só intensificação ou variação do amor por alguém (apego, inclinação a uma determinada pessoa); pelo contrário, tem elementos Divinos e transcedentes (superiores, e exteriores). É dom e ação de Deus. Para enfatizar a singularidade do amor que Deus gera na nova pessoa, o Novo Testamento no original grego emprega um termo especial: ágape. Outros tipos de amor (philía e éros) referem-se a outros tipos de amor humano.

Uma das impressionantes qualidades do amor é o desprendimento. O amor ágape é ativado não (somente) pelo atrativo ou utilidade do outro, mas sim pela sua necessidade. Mesmo os que são indignos e não merecedores tornam-se alvo. (Uma vez que não há digno ou merecedor, conferir Ef. 2; Jo. 3:16; Rom.3:23, Jo. 15:13; Rom. 5:8; etc.).

"Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dara a vida pelos irmãos" (I Jo. 3:16). A consideração pelos outros é a base da integridade Cristã. Amar os outros envolve perdão: "Mas se confessarmos os nossos pecados a Deus, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I Jo. 1:9). De forma ampla, a ética cristão é uma tentativa de entender a vontade de Deus em assuntos difíceis e confusos que não são discutidos claramente. Isto requer sabedoria e ela pode ser nossa pelo pedir "Mas se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e Ele dará porque é generoso e dá com bondade a todos". (Tiago 1:5). Com isto temos a oportunidade de consultar a Deus na sua Palavra e Oração, somados ao auxílio do Espírito Santo.

Somente através da doação amorosa e vicária de Cristo podemos escapar da condenação e esperar o perdão (isto só é possível mediante a fé em Jesus Cristo: Ef. 2:8). Apenas o que crê é perdoado e salvo. Há pelo menos 3 fases para a resposta a fé:

1- descubro que preciso de Cristo e de Sua ajuda (estou consciente que sou pecador e estou perdido sem Ele) 2- quero Cristo (desejo e anseio por Ele e seu auxílio) 3- aceito-O (confio em suas promessas, sei com certeza que possuo Aquele de quem preciso e quero).

Segurança temos de que nossas falhas não nos condenarão no julgamento final. Cada erro cometido, cada oportunidade para o bem não aproveitada, cada motivo e inclinação corruptos são apagados pelo perdão de Deus (perdão, este, que só tem aqueles que entregaram sua vida para Jesus e reconheceram-no como Único e Suficiênte Salvador, admitindo-o como autor e consumador de suas vidas). A verdade é que não há nada em nós para termos motivo de nos orgulharmos;a não ser da experiência da conversão. Se somos justificados é apenas porque reconhecemos humildemente o pecado e aceitamos o perdão de Deus por amor do sacrifício remidor de Jesus (morte/ressurreição).

A melhor e mais elevada liberdade é a oportunidade de se submeter à vontade de Deus (reconhecida como melhor), de encontrar satisfação na obediência a Ele.

Deus é desonrado por aqueles que dizem crer nele quando dão poucas evidências (provas) na sua conduta; mas Deus é notado e louvado como resultado de nosso progresso (resultado da nossa Salvação).

O padrão moral é o conjunto de crenças e julgamentos sobre o que é certo e errado fazer. Princípios são diretrizes mais gerais, regras são mais específicas; a direção à Deus é a base adequada para a ação. Ele promete graça para cobrir os erros éticos e morais que inevitavelmente cometemos, embora tentamos evitá-los consciosamente!

Glossário
Virtude: Disposição firme e habitual para a prática do bem; boa qualidade moral; modo austero de vida; eficácia no viver.
Virtuoso: que tem virtudes.
Moral: Relativo aos bons costumes, atitudes (prática).
Ética: Ciência da moral; intelecto, modo de pensar (teoria).

Fonte: Primeira Igreja Batista do Ipiranga (SP)