Ética e Liderança Cristã: Liderança como um fio condutor

sábado, 22 de abril de 2017

Liderança como um fio condutor

Armando Altino da Silva Júnior

“a fim de que todos sejam um; e como és tu, Ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” João 17:21

Jesus nos ensina neste texto um princípio muito importante de liderança: a continuidade do processo. Você pode então pensar que está tudo certo, pois tem conduzido sua liderança de forma eficaz e tudo está correndo bem. A questão é, será que sua liderança irá fazer sentido depois que você não estiver mais a frente? Já pensou em sua igreja, sua empresa ou projeto sem sua liderança? Como ficariam as coisas?
É inspirador perceber a tranqüilidade de Jesus neste momento de transição. Ele não se desespera pensando que os discípulos não conseguiriam cumprir a missão sem sua presença ou por achar que tudo o que plantou poderia ter fim, nem argumenta com o Pai sobre mais tempo em seu ministério terreno. Jesus nos ensina sobre uma liderança saudável que não termina em si mesma, mas que é um fio condutor.
O líder que entende o fato de ser apenas um fio condutor sabe que sua liderança é uma parte do processo e por isto fica tranqüilo em confiar no outro, não entra em neuroses pensando no que estão fazendo quando não está por perto.
Ao contrário disto, existe liderança que ao invés de fio condutor se tornam um sistema próprio. Assim todos os projetos, todas as fases e decisões precisam começar e terminar na mesma fonte: o “líder sistema”. É ele quem sustenta todo o processo.
Líderes assim se consideram maiores que a missão e por isto tomam para si toda a responsabilidade, pois “sem eles nada do que é feito se faz”. Líderes assim não conseguem admitir reuniões sem sua presença, não confiam que as coisas possam andar sem suas diretivas, e se algo é feito em sua ausência se sentem traídos e afrontados.
Jesus nos ensina que a verdadeira liderança é baseada na confiança e no respeito mútuo. A liderança serva tem a ver com o fato de ser parte do processo e não o centro dele. Não é raro, em nosso meio, igrejas que se constroem sobre o carisma de um líder e não sobre o carisma da própria igreja. Toda visão vem dele e pode ser distorcida assim que o líder passa, ou então, pode acontecer divisão quando a visão deste líder é contestada.
Na oração de João 17, Jesus nos mostra que não está desesperado para saber se vão se lembrar do que falou ou realmente cumprir suas ordens, mas está tranqüilo, porque fez a sua parte. Ele transmitiu sua liderança com amor e paixão e agora a confiava àqueles que caminhavam com Ele.
Podemos perceber o real trabalho de um verdadeiro líder depois que ele passa, pois é neste momento que vemos se ele foi realmente um fio condutor. James Collins e Jerry Porras no livro “Feitas para durar” constatam que a maioria das grandes empresas não permanece por mais de um século, e isto se deve à falta de continuidade das lideranças.
A liderança tipo “sistema” não dura por muito tempo, pois assim que a liderança termina ou é substituída, o sistema perde a força, pois tudo é gerado por ela e para ela.
Stephen R. Covey em seu livro, “Os 7 hábitos das pessoas muito eficazes”, ressalta que, “Muita gente se recusa a delegar poderes aos outros, porque acreditam que leva muito tempo, dá muito trabalho e também, que podem fazer o serviço melhor sozinhas. Contudo, delegar poderes é possivelmente a atividade de alto nível mais poderosa que há.”
Jesus nos ensina uma liderança que não tem medo de delegar, de perder o poder, antes confia em seus liderados e os ensina e os orienta como alguém que vai embora amanhã. Líderes tipo fio condutor produzem verdadeiros discípulos e cristãos maduros que se multiplicam sem perder a essência. Ao contrário, líderes tipo “sistema” produzem liderados desconfiados, dependentes e egoístas.

Aprendamos com Jesus a ser um fio condutor como líderes nesta grande missão.

Publicado originalmente em www.institutojetro.com

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