Ética e Liderança Cristã: Liderança de Fato ou de Direito?

sexta-feira, 23 de março de 2007

Liderança de Fato ou de Direito?

Liderança de Fato ou de Direito?
Publicado em 25/08/06 às 17:38
Por: Douglas Spurlock

Um pastor com 10 anos de ministério, já tendo passado por uma experiência de 6 anos numa igreja, está agora há 4 anos em outra. A igreja é boa e tem crescido bastante. Há grupos interessados em evangelismo, missões, política, e ação social. O interesse é tão grande, que os grupos fazem campanhas visando ganhar mais importância no ministério da igreja. Também buscam mais tempo, verbas, e envolver mais membros. Por outro lado, existem também os apáticos e desinteressados; aqueles que só observam. As assembléias deliberativas da igreja mais parecem reuniões políticas do que comunhão dos santos. Ganha quem trouxer mais pessoas para votar. O pastor é o líder, afinal ele é o pastor. Mas ele está realmente liderando?

É claro que inicialmente a liderança em nossas igrejas é dada. Mas durante o ministério o pastor pode negligenciar, ou desenvolver essa liderança tornando-a mais ativa e dinâmica. Ele pode realmente começar a liderar. Mas como? Como mudar do líder estático para o dinâmico? Quais os passos e características de uma liderança ativa e dinâmica?

I - PASSOS PARA DESENVOLVER UMA BOA LIDERANÇA

1. CONCENTRAÇÃO
- Um fato real na vida pastoral é que temos uma infinidade de tarefas a executar durante o dia. É importante reconhecer que isto é inerente a todas atividades existentes. Uma mãe tem os mesmos problemas que o gerente de uma indústria. Todos nós temos muitas coisas para fazer. Os que se sobressaem em suas profissões são aqueles que aprendem a concentrar e focalizar sua energia em uma só atividade. Isto não quer dizer que se deva esquecer das demais; mas sim focalizar sua atenção de forma que todas as outras atividades contribuam entre si para a realização de seu objetivo. A isto damos o nome de VISÃO. Em nosso entender, VISÃO é uma maneira de olhar para o futuro, com os problemas e realidades presentes e passadas. A visão nos dá condições para enxergar o futuro. Com ele em mente, nos concentramos e naturalmente chamamos a atenção de outros para a execução do nosso objetivo. Pois sendo algo tão importante que leve alguém a gastar tanto tempo e energia, certamente interessará a outros.

O pastor tem a possibilidade de focalizar sua atenção em um só objetivo e atrair observadores e participantes. No púlpito, no ensino, no escrever, no aconselhamento, no evangelismo, ele terá oportunidade após oportunidade para mostrar sua visão de futuro. Nossa visão criará um "compromisso magnético", outros também desejarão envolverse. Pragmaticamente nossa visão ainda fará mais para a igreja. Você possivelmente tem notado que algumas igrejas são um tanto cansativas. Elas existem, cantam hinos, ouvem sermões, e geralmente fazem tudo que uma igreja deve fazer. Mas parece faltar emoção, dinamismo e vida. Às vezes, essa lacuna pode ser exatamente devido a inexistência da visão do que realizar no futuro. A atenção da igreja está num glorioso passado ou em discussões de como preservar o "status-quo". Por outro lado uma visão do futuro será um poderoso impulso para seguir em frente. Encorajará as pessoas envolvidas a acreditar que os objetivos propostos podem ser alcançados. É um desafio para ser forte pois a visão é importante, significante, difícil, mas... compensadora. Isso cria na igreja um impulso de vida que reanima, e transforma propósitos em atividades concretas. É responsabilidade do pastor providenciar essa visão. Ele está na frente, no papel de líder. Liderando, o verbo está na forma ativa, indica que ele está fornecendo alvos, propósitos; a visão que dará direção para que a igreja possa prosseguir. Vamos ao segundo passo para desenvolver uma liderança dinâmica:

2 - COMUNICAÇÃO - Há muitas "visões" à nossa volta; idéias, projetos, propósitos, mas elas sempre ficam no estratosférico, não se tornarão realidade se não houver uma comunicação eficaz entre pastor e igreja. O pastor de certa forma, domina os meios de comunicação da igreja, ele tem à sua disposição o púlpito, reuniões específicas, apostilas, e o boletim dominical. Infelizmente por falta de habilidade em desenvolver a comunicação, muitos pastores perdem a visão antes que ele chegue às mentes e corações dos membros da igreja. Os pastores por serem pastores, podem pensar que são "craques" na arte e na ciência da comunicação. Nosso assunto no púlpito apesar de muito extenso, deve ser concentrado, sempre que possível relacionado à visão que desejamos passar para a igreja. Para alcançarmos sucesso em nossos planos, devemos apresentar o futuro relacionado à nossa visão de modo que este possa atrair e transmitir entusiasmo e alegria a outros, fazendo-os compartilhar conosco desses planos. Pense nas imagens provenientes de algumas visões e de como elas atraíram a muitos: à "expansão do evangelho" de Paulo, "Homem Novo" do Marxismo, o "III Reich" de Hitler, a "Nova Fronteira" de Kennedy, a "primeira fase do Plano Cruzado" de Sarney (Fev. 86), a "luta pelas diretas" de Teotônio Villela.

Estes são alguns exemplos de como homens com uma visão objetiva conseguiram envolver muitos em seus objetivos. Quando o futuro é apresentado de uma maneira bonita, é certo que muitos serão atraídos a compartilhar dele. Principalmente quando esse futuro é idealizado por um homem de Deus!

Na difícil tarefa de passar a visão para outros o pastor enfrentará muita oposição. Ele não pode estar despreparado, precisa pensar muito, e estar sempre passos a frente, pronto para responder com sabedoria a qualquer questionamento. É na profundidade de seus pensamentos, na habilidade de sua comunicação que ganhará a batalha da liderança eficaz, mobilizando assim, as pessoas a seu redor.

Confiança é como óleo lubrificante que permite o bom funcionamento de uma igreja. Sem confiança a igreja será um amontoado de pequenos grupos (panelinhas), que gastarão sua energia lutando entre si, e o progresso para o alvo será mínimo. A confiança se personifica na figura do líder, que deverá ser consistente, simples e persistente. O rebanho precisa ver o líder como ele realmente é. Não deve haver surpresas. Ele deverá ser para o povo a personificação da visão, um modelo do futuro.

Muitas vezes a visão é algo absolutamente novo, e isto propiciará uma oposição do "normal". Toda inovação causa resistência, por isso o líder deve ser persistente. Ele não pode desistir, caso contrário estará dizendo ao povo que a visão de nada vale. Se porém, mostrar dedicação e persistência, o povo terá grande credibilidade em seu líder. Afinal, as pessoas são mais encorajadas pelo exemplo do que r idéia, as quais, por sua vez, ganham mais credibilidade através do líder que mostra consistência e persistência. Essa credibilidade dá ao povo a motivação necessária para que aceite a visão proposta e coopere até que esta seja alcançada.

CONCLUSÃO

Os três passos acima apresentados: CONCENTRAÇÃO - visão do futuro; COMUNICAÇÃO - envolvimento e motivação eficaz da igreja. CREDIBILIDADE- na pessoa do líder; são passos fundamentais para uma liderança dinâmica. O pastor que não desejar refletir sobre essas verdades, deverá assumir as conseqüências dessa decisão, ou seja: igrejas passivas ou com brigas abundantes entre os próprios membros, escandalizando até os próprios descrentes. Por outro lado, o pastor que quiser desenvolver sua liderança para a glória de Deus e Seu Reino, visando qualidade e quantidade, ponderará seriamente sobre CONCENTRAÇÃO, COMUNICAÇÃO e CREDIBILIDADE. O trabalho é árduo, não nego. A igreja porém, precisa de uma liderança eficaz, pois o Senhor assim o exige. Que tipo de pastor você quer ser? Um pastor que simplesmente recebeu a liderança de outro pastor em sua posse, ou o que a desenvolve ao máximo para poder apresentar a Cristo uma igreja unida, sólida, amadurecida e ativa. A decisão é sua, afinal você é o líder!

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