O verdadeiro líder
Recentemente ouvi um colega inserir o livro “O monge e o executivo” de James Hunter entre os escritos de auto-ajuda, incluindo-o na mesma seção de Lair Ribeiro e a “turma do sucesso”. A intenção foi boa, afinal queria ele advertir seus ouvintes acerca do crescimento de uma praga chamada auto-estima, a qual tem produzido uma quantidade considerável de literatura e se alastrado pelos quatro cantos da terra. De forma que os livros são comercializados como alimento, lidos como revistas e praticados como doutrinas.
Ocorre que meu amigo equivocou-se. “O monge e o executivo” não é um trabalho de auto-ajuda, pelo contrário o escrito de James Hunter vai exatamente na contramão desse pensamento. Ele conta a história de John Daily, um homem de negócios bem sucedido que percebe, de repente, que está fracassando como chefe, marido e pai. Numa tentativa desesperada de retomar o controle da situação, ele decide participar de um retiro sobre liderança num mosteiro, comandado por Leonard Hoffman, um influente empresário que abandonou tudo em busca de um novo sentido para sua vida.
A principio, Daily e os outros cinco alunos que participam do seminário reagem com um certo ceticismo aos conceitos apresentados, mas depois eles se rendem à sua experiência. Afinal, Hoffman ganhou fama no mundo dos negócios por sua capacidade de recuperar empresas em crise, transformando-as em exemplos de sucesso. Segundo ele a base da liderança não é o poder e sim a autoridade, conquistada com amor dedicação e sacrifício. E diz ainda que respeito, responsabilidade e cuidado com as pessoas são virtudes indispensáveis a um grande lider.
Ele acredita que liderar não é ser chefe (Chefia pressupõe autoritarismo). Liderar também não é o mesmo que gerenciar. Você gerencia coisas e lidera pessoas. Liderar é servir. Embora ’servir’ tenha uma conotação de fraqueza para alguns, a liderança servidora pode ter um impacto positivo em nosso desempenho como pais, treinadores, cônjuges, professores, pastores ou gerentes - afinal, todos querem se tornar os líderes que as pessoas precisam e merecem.
Um dos conceitos fundamentais é exatamente a palavra liderança. Segundo ele liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum. Com efeito, a liderança eficaz é baseada nos bons relacionamentos e na autoridade, que é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal.
Hunter baseia todos os seus princípios de liderança em consonância com a verdades bíblicas, especialmente, no modelo de liderança de Cristo, cuja essência era “Se você quiser liderar, primeiro deve servir”. E Jesus demonstrou isso durante todo o seu ministério terreno. Lembremos, Ele não era detentor de qualquer tipo de poder político, econômico ou religioso da época. Herodes, Pôncio Pilatos, os romanos e muitos judeus religiosos tinham poder, mas Jesus não. Ele possuía autoridade. Influência sobre as pessoas que o seguiam. Influência essa que era baseada principalmente na forma como servia ao povo.
O livro ainda coloca as características do amor ágape como o modelo para o líder, assim o capítulo 13 de I Corinthios apresenta-se como o texto áureo da verdadeira liderança. Para verificar, basta trocar as palavras amor/caridade pela expressão verdadeiro líder e terás a seguinte paráfrase: O verdadeiro líder sofre, é bondoso. O verdadeiro líder não é invejoso, não é leviano e não é arrogante. O verdadeiro líder não se porta com indecência, não é mesquinho, não se estressa facilmente e não suspeita o mal. O verdadeiro líder não folga com a injustiça, ama a verdade. O verdadeiro líder acredita, é paciente e tudo suporta.
Em conclusão, “o monge e o executivo” é um livro que deveria ser lido por todos quantos almejam a liderança. Ou melhor, deveria ser lido e relido por todos os cristãos. Afinal, liderança não se circunscreve somente ao limites eclesiásticos e ao mercado de trabalho. Pelo contrário deve estar presente em todas as esferas de nossa vida: família, amigos, escolas, universidades e demais entidades. Eis que como cristãos precisamos influenciar as pessoas e a sociedade em que estamos inseridos. Precisamos conduzir e não sermos conduzidos. Precisamos impactar e não sermos impactados.
Porém, as perguntas que ficam em relação ao modelo de liderança servidora são as seguintes: Quem está disposto a servir? Quem está disposto a lavar os pés dos seus liderados?
Pensemos nisso!
Pensemos nisso!
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