O Ministério do Estudo
O Ministério do Estudo |
Publicado em 02/03/06 às 17:49 |
Por Douglas Spurlock Uma igreja mal ensinada irá exibir fofocas, facções, falta de vitalidade espiritual, superficialidade e, eventualmente, se não for corrigida, morte. Esta situação não deveria existir, pois o Novo Testamento é bem claro sobre o ministério de ensino na igreja. Em Col. 1:9-10 o crescimento espiritual está ligado ao ensino nas áreas da vontade de Deus, sabedoria e entendimento espiritual. Em Fil. 1:9, a nossa ética está ligada ao aumento do pleno conhecimento. Em Ef 4:12-16 é o ensino do "pastor-mestre" que poderá tirar a igreja da infantilidade para a estabilidade do serviço e do conhecimento. Em Col. 1:28-29, Paulo declarou que o seu propósito era o de apresentar todo homem maduro em Cristo e deixou claro que o ensino seria a sua metodologia. Mas foi precisamente aqui que surgiu um problema para Paulo e para nós. Para o apóstolo isto significava uma luta - ele se afadigava e se esforçava no ensino para levar outros à maturidade. Não foi fácil para um apóstolo como Paulo e nem o será para nós. Por que o estudo é tão difícil? Geralmente optamos por um caminho fácil, e desistimos diante de barreiras. Nossos inimigos são as prioridades erradas, preguiça e mentes indisciplinadas. Ao invés de sentarmos à mesa com a Bíblia aberta, um Léxico, um texto grego, uma gramática, um caderno e caneta, nós estamos visitando, tomando cafezinho com os irmãos, levantando dinheiro, construindo templos, dirigindo corais ou qualquer outra atividade, quando deveríamos estar mergulhados na Palavra, num estudo profundo. Pessoalmente tenho a tendência para a preguiça e falta de disciplina em minha vida intelectual, vou em direção ao ponto de menor resistência, aceito respostas prontas (muito mais fácil), fico na superfície em vez de mergulhar nas profundezas. Isto pode ser a causa dos meus ouvintes mostrarem tanta superficialidade em suas vidas. Para combatermos isto, nós devemos ter um plano que poderá nos ajudar em nosso ministério de estudo, devemos ter um programa de leitura extensa que vise todo o conselho de Deus. Meus sogros lêem a Bíblia inteira uma vez por ano, e uma breve conversa com eles revela a profundidade da perspectiva bíblica que possuem sobre qualquer assunto. Com isso devemos fazer um estudo detalhado de um tópico ou de um livro, semanal ou mensal. O grande Spurgeon declarou que o sangue de um pregador tem de ser "bíblico", e a única maneira de obtê-lo é através do estudo profundo da Palavra. Devemos ter ao lado um "livrão" de teologia séria constantemente; não somos donos da verdade, precisamos de outros para nos ajudar a ampliar o entendimento, expandir a nossa visão e afiar as nossas mentes. A estagnação mental não se restringe ao pastor - sua congregação pagará o preço mostrando uma vida estagnada. Um pastor sábio também terá um livro de teologia prática, mais "leve" e popular, talvez biográfico. Estes livros não somente nos ajudam a pensar sobre outras situações, mas também são fonte de ilustrações e exemplos que tornarão vivo o ensino. E impressionante como a teologia pode enriquecer a nossa leitura dos jornais e revistas. Uma revista de notícias como Veja ou Isto £ será de grande valor na integração da mensagem bíblica com os acontecimentos no mundo. Um pastor que está alienado da realidade que o cerca, não poderá "tornar cativo todo pensamento à obediência de Cristo" (2 Co 10:5), pois não sabe dos acontecimentos e muito menos dos pensamentos subjacentes a estes. Os livros seculares podem ser muito bem utilizados no ministério e em nosso desenvolvimento pessoal - "O que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso ou virtuoso" deve ter o nosso louvor, ocupação e tempo. A sua leitura é um investimento em nosso desenvolvimento e da nossa congregação. As prioridades podem ser corrigidas, a preguiça e a indisciplina podem ser derrubadas através do estudo. A formatura do seminário não deve significar o fim da disciplina e do ministério de estudo. É uma luta! Mas, graças a Deus, temos exemplos de outras pessoas para nos encorajar. Guilherme Tyndale, o homem que trabalhou duramente para traduzir a Bíblia para o inglês, no final de sua vida, enquanto aguardava em uma cela o dia da sua morte, escreveu: "Rogo a V.Sa. e isso pelo Senhor Jesus, que peça ao comissário que me envie uma capa mais quente... Mas, acima de tudo... minha Bíblia em hebraico, a gramática e o vocabulário, para que eu passe meu tempo nessa atividade." Quantos de nós faria o mesmo pedido nos últimos dias de nossas vidas? E quantos de nós terá tão grande impacto como Tyndale em nosso próprio país? Isto nos faz lembrar de Paulo. Em seus últimos dias, encontrava-se em uma cela fria e isolada, escreveu para Timóteo pedindo que viesse o mais rápido possível e trouxesse com ele "o manto que deixei em Trôade, na casa de Carpo e também os livros, e especialmente os pergaminhos" (2 Tim. 4:13). Até o fim Paulo quis gastar e investir seu tempo estudando, pesquisando na Bíblia e escrevendo os seus pensamentos. O seu impacto foi significativo e resultado do ministério de estudo. Basta terminar com um comentário deste trecho, escrito por um outro exemplo de impacto no ministério de estudo, João Calvino. Ele diz o seguinte: "É evidente neste versículo que o Apóstolo não desistiu de estudar mesmo quando estava se preparando para a morte. Onde estão, então, aqueles homens que pensam ter progredido tanto que não precisam mais perseverar no estudo? Qual de vocês terá a coragem de comparar-se a si mesmo com o grande Apóstolo? Ainda mais, este trecho refuta a tolice daqueles que desprezam livros e negligenciam todo estudo, e então se gabam da sua inspiração espiritual." |
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